Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Foto: Reprodução/Facebbok e site Long Tall Texans

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Uma das atrações da 18ª edição do Psycho Carnival, que acontece entre os dias 24 e 27 no Jokers, é a banda inglesa Long Tall Texans. Formado em 1985, o grupo é uma dos mais antigos e respeitados da cena psychobilly mundial.

Essa será a segunda vez que Mark Carew (baixo e vocal), Mark Denman (guitarra) e “Theo” Anthony Theodotu se apresentarão no Brasil. A primeira aconteceu em 2009, quando o trio tocou em Belo Horizonte, São Paulo e Curitiba.

Os primórdios

Nos anos 1980, o Psychobilly era um estilo ainda mais underground do que é atualmente. Naquele período, quando o movimento dava os seus primeiros passos, começava a surgir uma geração de bandas que se tornariam as grandes referências nos anos seguintes.

Muitos desses grupos fizeram parte da juventude dos integrantes do Long Tall Texans na cidade de Brighton, na Inglaterra, e mudaram o rumo de suas vidas. “Theo e eu éramos Teddy boys e depois nos tornamos rockabillies. Eu acho que descobri o Psychobilly via The Meteors e King Kurt, as duas extremidades do espectro para mim. Preciso de algumas cervejas para soltar a minha língua!”, diz Denman. “Eu costumava ouvir Showaddywaddy e Matchbox, daí alguém disse que, se eu gostava desse tipo de música, deveria ouvir The Meteors. Então, eu ouvi e percebi que gostava daquilo. Eu estava confuso entre o Rockabilly e o Punk, então, quando o Psychobilly veio, as coisas ficaram muito mais simples para mim”, complementa Theo.

Clássicos e o novo álbum

Em seus 32 anos de estrada, a discografia do grupo conta com 13 álbuns: “Sodbusters” (1987), “Los Me Boleros” (1987), “Saturnalia” (1989), “Five Beans In The Wheel” (1989), “Singing To The Moon” (1991), “Texas Beat” (1999), “Ballroom Blitz” (2001), “In Without Knocking” (2001), “Aces & Eights” (2002), “The Long Tall Texans Story” (2003), “The Adventures of The Long Tall Texans” (2005), “Blood, Sweet & Beers” (2010) e “The Devil Made Us Do It” (2014).

Entre tantas gravações, o álbum “Ballroom Blitz” tem uma história bem peculiar. A gravação teve a participação do guitarrista Boz Boorer que, desde 1991, integra a banda do cantor e compositor Morrissey. Ela surgiu de forma bem inusitada. “Nunca houve realmente uma parceria com ele. Nós fomos até a casa dele e gravamos algumas faixas. Foi na época do desastre de Hillsborough. Quando entramos na sala, estavam falando sobre isso na televisão. Lembro-me que tivemos que caminhar por Londres carregando um contrabaixo, mas não lembro muito da gravação. Pessoalmente, eu não teria lançado esse álbum, mas não acho que eu deveria dizer isso, oops!”, conta Denman.

A tragédia de Hillsborough aconteceu no dia 15 de abril de 1989, na semifinal da Copa da Inglaterra que seria jogada entre Liverpool e Nottingham Forest. A partida aconteceu no Estádio Hillsborough, localizado na cidade de Sheffield, e que tinha capacidade para 15 mil pessoas.

Porém, devido a uma falha na segurança, mais de 20 mil torcedores superlotaram as arquibancadas, gerando uma confusão que resultou na morte de 96 pessoas, a maioria delas esmagadas no alambrado ou pisoteadas.

O novo álbum do Long Tall Texans, “Headless”, será lançado em maio pelo selo Western Star Records. O EP terá seis faixas e sairá somente em um vinil especial na cor azul. O disco também conta com a participação do guitarrista e vocalista do The Sharks, Alan Wilson.

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A evolução do Psychobilly

A medida em que foi incorporando outros estilos musicais, o Psychobilly mudou muito desde a década de 1980. Algumas bandas, entre elas os holandeses do Cenobites, usam até elementos do Heavy Metal em suas músicas.

Na percepção do Long Tall Texans, essas mudanças são um processo natural, mas também é necessário valorizar o seu passado. “Você sempre tem que ir para frente a partir do seu último álbum ou a sua música vai acabar soando como era há 30 anos (risos). Na verdade, é o que acabamos de fazer com o Alan Wilson. O nosso som com ele deve ter soado como era há 30 anos”, explica Denman.

Seguindo essa linha de pensamento, em seu novo álbum, o Long Tall Texans mergulhou ainda mais em suas raízes. “Você não quer ir para muito longe da cena em que tudo começou”, diz Theo. “Demos um passo para trás deliberadamente porque fizemos isso com o Alan Wilson. Se as gravações originais soarem como eram há 30 anos, eu ficarei muito feliz. É natural você ficar melhor na medida em que fica mais velho, melhor e mais experiente”, complementa Denman.

Passando por todas essas transformações, após mais de três décadas de carreira, a banda continua fazendo shows e produzindo álbuns com músicas inéditas.

Essa longevidade pode explicar o que o Psychobilly significa na vida de Carew, Denman e Theo. “O Psychobilly é um modo de vida e significa tudo para nós”, afirma Theo. “Nós temos uma música chamada ‘Sex, beer and Psychobilly’. É isso!”, complementa Denman.

O palco

Uma das características mais marcantes nos shows do Long Tall Texans é a forma “sorridente’ com que Mark Carew sempre se apresenta. “A razão pela qual eu estou sempre sorrindo é… volta para a última pergunta! (risos)”, brinca o baixista e vocalista.

Ao vivo, a banda também costuma tocar com muita energia e isso parece ser a grande motivação para o trio continuar sua trajetória. “Tocar ao vivo é a parte que mais gostamos. A gravação pode ser bastante chata. Ao vivo, você entra em contato com as pessoas e isso te coloca pra cima”, explica Denman. “Nós amamos tocar ao vivo, amamos a vibe”, complementa Theo.

O público que for ao show da banda no Jokers também vai se surpreender com a velocidade com que Carew toca as notas em seu baixo. Sua técnica impressiona até quem não é fã do Psychobilly. “Em uma palavra: prática”, diz Denman. “Prática frenética!”, complementa Theo.

No dia 25, o trio terá a oportunidade de conhecer melhor a cena psychobilly do Brasil e conviver durante quatro dias com os fãs brasileiros. “Não sabemos muito sobre o Psycho Carnival, mas alguns amigos nossos de outras bandas tocaram aí e realmente se divertiram. Estamos ansiosos para tocar no festival!”, diz Theo. “Parece muito bom! Mal podemos esperar por isso!”, complementa Carew.

O Long Tall Texans se apresenta no sábado (25), no Jokers, na segunda noite do Psycho Carnival. A programação ainda contará com as bandas Ovos Presley, Crazy Horses, Red Lights Gang, Kingargoolas e Zabilly. “Não levem armas. Nós esperamos fazer uma festa com vocês quando chegarmos aí!”, diz Theo. “Se você não pode ser bom, seja mau. Oh, espera aí, ou é o contrário?”, brinca o guitarrista. “Eu espero que seja algo selvagem e cheio de strippers. Vai ser algo como no filme ‘Um Drink no Inferno’!”, finaliza Denman.

As entradas são limitadas e estão à venda no site Sympla. O Jokers Pub fica na Rua São Francisco, 164, no bairro São Francisco. Informações pelo fone (41) 3013-5164.