Texto e fotos: Marcos Anubis/Cwb Live
A apresentação, que faz parte do revival da turnê “Maiden England”, reuniu fãs de todas as idades
A banda inglesa Iron Maiden fez, nesta terça-feira (24) no BioParque, um show inesquecível para os fãs. Essa foi a quinta vez que o grupo se apresentou em Curitiba e, assim como em todas as outras ocasiões, o quinteto proporcionou um grande espetáculo de música e efeitos especiais.
Quando o clássico “Doctor, doctor”, do UFO, começou a soar nos auto falantes, a plateia já preparou para o que viria a seguir. Milhares de celulares se acenderam para registrar a entrada da banda no palco. Um grande pano de fundo mostrava a capa do álbum “Seventh Son of a Seventh Son” (1988), que serve de base para o atual revival da turnê “Maiden England”.
“Sete pecados mortais. Sete maneiras de vencer. Sete caminhos sagrados para o inferno e a sua jornada começa. Sete declives. Sete malditas esperanças. Sete são seus fogos ardentes. Sete são seus desejos”, recitou o vocalista Bruce Dickinson na introdução de “Moonchild”, antes de a banda entrar no palco, para delírio das 15.000 pessoas que lotaram o BioParque.
Na sequência vieram “Can I play with madness” e “The prisoner”, quando Bruce começou a reger a plateia com seu tradicional “scream for me Curitiba!”. O setlist reuniu os grandes clássicos do quinteto, como “The trooper”, “2 Minutes to midnight” e “Fear of the dark”, que foram cantados como hinos pelos fãs, a pérolas dos 16 álbuns de estúdio lançados pelo grupo em quase 40 anos de carreira, como “Phantom of the opera”, onde Dickinson comandou as colunas de fogo que subiam no palco, e “Wasted years”.
O frio de 3 graus e o vento gélido que soprava no BioParque castigaram não somente o público, mas também os músicos e os vocalistas das três bandas que se apresentaram: além do Iron Maiden, o show também teve o Slayer e o Ghost. Após algumas músicas, foi nítida a queda vocal de Dickinson, fato raríssimo de acontecer. O cantor, que chegou a usar um cachecol para se proteger do vento, se poupou em vários momentos, cantando uma oitava abaixo da gravação original de algumas canções, mas esse “cuidado” não apagou o brilho do show.
A cada música, os gigantescos panos de fundo atrás do palco mudavam, exibindo uma arte diferente. Em “The number of the beast”, uma grande besta representando o demônio se ergueu do lado direito do palco. Fogos disparados na frente e aos lados do cenário completavam a representação do inferno.
Um momento mágico
O grande momento do show foi a execução da música “Seventh son of a seventh son”. Com o palco mergulhado em uma sinistra penumbra, um enorme boneco do mascote Eddie segurando uma placenta (com um bebê dentro se mexendo dentro dela), que é a capa do CD homônimo, foi surgindo atrás da bateria de Nicko McBrain. Quando os acordes sinfônicos da introdução soaram no BioParque, os fãs mais antigos sentiram que estavam presenciando uma ocasião única, pois a banda não tocava a canção desde a turnê de 1988, no ano de lançamento do álbum.
A canção fala da mística de que o sétimo filho do sétimo filho de uma pessoa nasce com “poderes especiais” e está fadado a viver a sua existência sendo disputado pelas forças do bem e do mal. Durante a parte em que Bruce recita um texto, um órgão de igreja surgiu do lado direito do palco, tocado pelo tecladista Michael Kenney, caracterizado como um sinistro músico medieval. “Hoje nasce o sétimo. Nascido de uma mulher, o sétimo filho. E ele, por sua vez, filho de um sétimo filho. Ele tem o poder para curar. Ele tem o dom da segunda visão. Ele é o escolhido. Assim deve ser escrito. Assim deve ser feito”, diz a letra.
A representação cênica mostrada no palco, usando luzes e gelo seco, ressaltava o olhar profundo do mascote Eddie caracterizado como um “profeta”, o que para os fãs foi uma imagem que ficará na memória. Provavelmente, essa tenha sido a única oportunidade de se ouvir uma das maiores composições do grupo, pois ela não deve figurar em setlists no futuro.
Depois de “Iron maiden”, a banda saiu do palco. Na volta para o bis, o discurso que o primeiro ministro do Reino Unido, Winston Churchill, escreveu para conclamar o povo inglês a defender o seu país durante a Segunda Guerra Mundial, preparou o público para a clássica “Aces high”, que abre o álbum “Powerslave” (1984). “Devemos defender nossa ilha, seja qual for o custo. Devemos lutar nas praias, devemos lutar na terra. Devemos lutar nos campos e nas ruas. Devemos lutar nas colinas. Nós jamais nos renderemos!”, declarou Churchill no Parlamento do Reino Unido, no dia 4 de junho de 1940.
“Running free” encerrou o show. Bruce se retirou logo do palco, provavelmente para poupar a sua voz para o restante da turnê pela América do Sul, (a banda ainda se apresenta no Paraguai, no Chile e na Argentina). Harris e Nicko se aproximaram do público e jogaram baquetas e palhetas para a plateia que foi embora com a sede de Heavy Metal saciada.
Uma nação de fãs
O show reuniu várias gerações de fãs. A estudante Bianca Kaviski (23), que viu o Iron ao vivo pela primeira vez, diz que a experiência foi inesquecível. “Superou tudo que eu imaginava! A técnica deles é impecável e a presença de palco é maravilhosa, assim como o cenário, o figurino e as aparições do Eddie. Foi um show completo!”, afirmou emocionada.
O geógrafo Wagner Maschio (31), fã da banda desde o começo dos anos 1990, já assistiu a mais de dez shows do grupo, no Brasil e na Europa. Segundo ele, apesar de a apresentação ter sido boa, existem algumas considerações a fazer. “Adorei este show, pelos ‘Eddies’ e por todo o contexto da tour, que é maravilhosa, mas este foi o mais fraco dos que eu vi no Brasil. Acredito que tenha sido pelo local, pelo frio e por causa do público”, analisou.
Antes de Curitiba, o Iron já tinha se apresentado em São Paulo na última sexta-feira (20), e no Rock in Rio, no último domingo (22), encerrando o festival. Maschio esteve presente nas duas cidades e conseguiu tirar fotos com seus ídolos. Ainda sobre a apresentação no BioParque, o fã acredita que o frio influenciou muito a performance do sexteto inglês. “Eles vieram direto para o show, ficaram poucas horas na cidade. Um dos membros do staff do Maiden me disse que eles estavam com muito frio no palco. Curitiba pegou todo mundo de surpresa”, contou.
Alguns shows fazem com que o público tenha a certeza de que vai assistir a um grande espetáculo, devido a qualidade musical, produção e interação da banda com os fãs. O Iron Maiden reúne tudo isso em uma escala gigantesca.
Assista ao vídeo de “Seventh son of a seventh son”, gravado ao vivo no show do Iron Maiden no BioParque. Aproveite para assinar o Cwb Live, pagando a quantia que vocês achar justa. É só clicar no link da plataforma Catarse que está abaixo (campanha “Eu Apoio o Cwb Live”.
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