Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Foto: Gustavo Garrett

No setlist do show no Teatro Guaíra, a banda inglesa apresentou alguns dos maiores clássicos do Rock’n’roll



Nessa semana, o Paraná foi surpreendido pelo surgimento de agroglifos (desenhos em plantações, supostamente feitos por extraterrestres) encontrados em plantações na cidade de Prudentópolis, no interior do estado. Diante dessa onda meio sci-fi, o público que praticamente lotou o Teatro Guaíra na última sexta-feira (9) foi transportado para os belos campos elísios do Reino Unido. Os responsáveis por isso foram o músico escocês Ian Anderson e seu Jethro Tull, que reviveram as quatro décadas de história da banda e mostraram que ela ainda respira.

“Heavy Horses”, faixa-título do álbum lançado em 1978, abriu a apresentação, seguida de “Wind Up”. Ian Anderson foi acompanhado por uma banda à sua altura: David Goodier (baixo), John O’Hara (teclados), Florian Opahle (guitarra) e Scott Hammond (bateria). “Aqualung” veio na sequência levando os fãs mais entusiasmados às lágrimas. A canção do álbum homônimo lançado em 1971 provavelmente é o maior clássico do grupo até hoje.

O formato do show foi uma atração à parte. “The Rock Opera” conta a história do agricultor Jethro Tull, que viveu durante o século XVII e é a inspiração para o nome da banda. Durante as duas horas de apresentação o telão exibiu imagens que mostravam a história do personagem e cantores que dividiam com Ian os vocais das músicas.

A forma com que a banda executou as canções em uma sincronia perfeita com as imagens e vocais do telão foi impressionante. Um segundo de atraso em qualquer melodia acarretaria um descompasso com os vocais virtuais, mas em nenhum momento isso aconteceu. A perfeição na execução permitiu que as vozes de Unnur Birna Björnsdóttir, David Goodier e Ryan O’Donnell acrescentassem ainda mais beleza às composições do Jethro.

Desde o longínquo ano de 1968 na bucólica cidade de Blackpool, na Inglaterra, Anderson e sua banda vêm construindo uma carreira sólida e criativa. A mistura de Folk, Jazz, Blues, Rock, Música Erudita e Clássica fizeram do Jethro um dos mais originais entre os inúmeros bons grupos das décadas de 1960/70.

E dentro de toda essa aura criativa, Ian Anderson é uma figura diferenciada não só no Jethro Tull, mas no mundo do Rock. O que dizer de alguém que teve a coragem e a ousadia de incorporar a flauta, um instrumento tão estranho a esse mundo de baixo, guitarra e bateria? Ian não só apresentou esses “novos sons” – ele criou um estilo e identificou-o com a sua marca.

Durante o show, Ian não se dirigiu ao público em nenhum momento. O relacionamento dos músicos com a plateia se limitou aos solos de Florian e Anderson feitos mais próximos da primeira fileira de cadeiras do teatro. Foco na música.

“Songs From the Wood” encerrou a primeira parte da apresentação. Em uma gravação no telão, Anderson avisou que haveria 15 minutos de intervalo e sugeriu que o público fosse até o estande montado para vender material da banda e “comprasse uma camiseta para o amigo ao seu lado”.

“And the World Feeds Me” trouxe o grupo de volta ao palco, seguida de “Living in the Past”. Já na parte final do espetáculo, “Locomotive Breath” foi um dos melhores momentos do show. Precedida por um solo de John O’Hara e Florian Opahle, a canção foi cantada por todo o público e recebeu uma longa sessão de aplausos.

“Requiem and Fugue” encerrou a apresentação. Após a música o telão exibiu os agradecimentos e mostrou toda a equipe que produziu o show. Ian foi ovacionado, voltou ao palco para se despedir e se retirou ao som de “What a Wonderful World”, de Louis Armstrong.

Usando a tecnologia como sua aliada, o Jethro Tull recriou suas canções com um formato ainda mais atrativo. De Curitiba, Anderson e seus asseclas iriam para o Chile, mas o show em Santiago foi cancelado. A banda então partiu para apresentações nos Estados Unidos, Espanha, Itália e Turquia.

Confira três momentos do show: “Aqualung”, “Locomotive Breath” e “Living in the Past”.

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