Texto: Marcos Anubis
Revisão e fotos: Pri Oliveira

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A banda curitibana Krappulas se apresenta nesta segunda-feira (27), na noite que encerra a 18ª edição do Psycho Carnival. O grupo é um dos grandes alicerces do Psychobilly nacional.

Breno (vocal), David (guitarra), Manolo (baixo) e Cris (bateria) fecham a parte “mortal” do festival. Afinal, depois, os ingleses do The Meteors (que talvez sejam o principal nome da história do Psychobilly) sobem no palco.

Por isso, mesmo sendo a 14ª participação da banda no Psycho Carnival, esse show tem um significado diferente para o Krappulas. “Sem dúvida será um show especial pelo fato de podermos tocar no mesmo palco onde estarão uns caras que, para nós, são muito mais do que ídolos”, diz Breno.

A banda teve início em 1991 como Dráculas Krápulas e pouco depois assumiu a sua identidade atual. Desde o início da formação musical dos integrantes do Krappulas, o The Meteors sempre foi uma forte influência. “Acho que o ‘Sewertime Blues’ (1986) foi um divisor de águas para nós. Na época, o nosso baixista era o Paulo Henrique. Ele chegou com o LP e nós ficamos ouvindo e fazendo planos durante umas três horas, ininterruptamente. Tínhamos entre 14 e 15 anos de idade. Dava vontade de tocar todas aquelas músicas. Enfim, nunca conseguimos tocar as canções, mas a semente estava plantada. Nesse show, poderemos lembrar um pouco do Paulo Henrique, que adorava o Meteors e tinha um monte de planos, mas que, infelizmente, não pôde mais estar conosco”, relembra.

A discografia do Krappulas é uma das mais extensas entre as bandas curitibanas. São dez trabalhos lançados, entre coletâneas e CDs autorais. “Dance After Dead” Compacto (1993), “Psychorrendo” Coletânea (1995), “Traidô – Tributo ao Ratos de Porão” Coletânea (1998), “10 anos de 92°” Coletânea (2001), “Escape From Hell” CD “2002”, “Dance With A Chainsaw” Coletânea (2002), “Funeral Music” Coletânea (2003), “Psychoworld” CD (2012), “Bombing Brazil – Tributo ao Motörhead” Coletânea (2013) e “Into the Grave” EP (2013).

Atualmente, o grupo se prepara para começar a gravar um novo álbum após cinco anos. O CD se chamará “Hell Sent us Back” e será o sucessor do excelente pesadíssimo “Psychoworld” (2012). “Esse é o nosso objetivo para esse ano. As músicas estão quase todas prontas e algumas nós tocaremos no show. Falta terminar alguns detalhes e entrar no estúdio. Nesse disco, nós vamos usar muitos poemas do nosso amigo Magoo. Será uma homenagem a um artista diferenciado que nos deixou cedo demais. Portanto, ‘demonhada’, aguardem. Vocês vão se surpreender e querer um pouco do inferno para levar para casa”, revela.

Magoo era o artista plástico Alessandro Rüppel Silveira, falecido no ano passado. Ele criou capas de CDs e imagens para várias bandas curitibanas, entre elas o Ovos Presley e o próprio Krappulas.

Um dos fatos inusitados que aconteceram na carreira do Krappulas foi uma turnê internacional que estava marcada, mas não aconteceu. “Foi estranho. Nós estávamos com o contrato fechado e o restante da papelada toda acertada. Era um visto para se apresentar de forma amadora nos EUA, sem ganhos. O Manolo, o Germano e o David já tinham conseguido. Quando chegou a minha vez, a senhora que expedia os vistos disse que aquele visto não valia para apresentações, tinha que ser outro, profissional, que necessitava de uma contrapartida da organização que levava o artista e tinha que ser expedido lá nos EUA. Infelizmente não rolou. O Vlad fala que o meu parentesco com o Comandante Fidel Castro foi definitivo para o Tio Sam não querer arriscar”, explica.

Veteranos

O músico e produtor Vlad Urban, um dos organizadores do Psycho Carnival, costuma dizer que os integrantes do Krappulas “viram tudo”. Seguramente, eles são uma das bandas mais respeitadas da cena psycho brasileira.

Afinal, além de presenciar o nascimento e a consolidação do Psychobilly no Brasil, o grupo ajudou a construir esse cenário com a sua música. “Acho nós ajudamos um pouco nessa confusão, mesmo. Bem no início existia a cena de São Paulo, as bandas Big Trep no Rio e o Missionários aqui em Curitiba. Só depois começaram a aparecer grupos como o Estúpido Estupro, Escroques, Playmobillys, Cervejas, Krappulas, Ovos Presley e Los Bandidos, entre outras. Além do Vlad e do Wallace, que são incentivadores incansáveis do psycho curitibano, o Gustavo (Missionários e Catalépticos) junto com o Coxinha (Sick Sick Sinners, Os Catalépticos, Hillbilly Rawhide e 99 Noizagain) foram importantes para organizar e consolidar as coisas por aqui. Mas o Psychobilly no Sul é muito forte mesmo. Além de Curitiba, Londrina sempre teve bandas de ponta no cenário psycho nacional”, analisa.

A primeira aparição do Krappulas no Psycho Carnival aconteceu em 2002, no segundo ano do festival. A partir dali o grupo se apresentou em 13 das 18 edições. “Na primeira, nós não tocamos. Foi uma época em que ficamos dois anos parados. A estreia foi nervosa, mas foi muito legal. Tinha muita gente de fora e foi uma surpresa ver como as pessoas conheciam a banda e as músicas. A energia desse festival é diferente! A zumbizada vem para curtir o Rock mesmo. Fera demais!”, relembra.

Com a experiência musical da banda e com todo o envolvimento que seus integrantes têm com o Psycho Carnival, Breno destaca a importância do festival para a cena underground do Brasil. “Acho que existem peças vitais que fizeram e fazem acontecer. Elas realizam muito com pouco, sempre de forma responsável e preocupada com os detalhes, sendo criativos e driblando a falta de recurso. Correndo um risco gigantesco de ser injusto, acho que o Vlad, o Neri e o Wallace são o núcleo que faz a roda girar. Claro que eles não fazem nada sozinhos. São inúmeras parcerias sustentadas por gente profissional e comprometida com a causa”, opina.

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Revitalização

Além dos grandes nomes mais veteranos, a cena curitibana tem apresentado muitas bandas novas, como a Zabilly. Santa Catarina também tem visto o crescimento do Tampa do Caixão, que neste ano se apresentou pelo terceiro ano seguido no Psycho Carnival.

Na visão de Breno, essa renovação da cena é fundamental para a cena psychobilly. “É importantíssimo! É o que oxigena e renova a coisa toda. Além disso, você só permanece sendo psychobilly se tocar em uma banda. Antes a gente falava que o cara tinha que tocar em uma banda ou editar um fanzine. Agora, talvez um blog ou administrar uma página no Facebook faça o cara ficar mais tempo na insanidade”, opina.

Breno também destaca a diversidade de estilos entre essas novas bandas. “A Zabilly, o Tampa do Caixão e, mais recentemente, o Mongo, em Curitiba, estão fazendo um Rock encarnado! E o mais legal é que cada uma com a sua característica, ou seja, uma renovação que não tem um padrão. Isso que torna a coisa mais fera ainda, porque são bandas com identidade própria que servem de exemplo para a molecada sair tocando e formando novas bandas para dominar o mundo! “, elogia.

O Krappulas se apresenta nesta segunda-feira (27), no Jokers, na noite de encerramento do Psycho Carnival 2017. A programação ainda contará com as bandas Mongo, Asteroides Trio, Jinetes Fantasmas, CWBillys,  Krappulas e The Meteors. “Tocaremos duas do ‘Hell Sent us Back’ e teremos mais algumas surpresas. Estamos com muita vontade de fazer o Rock! A banda está na pancadaria. Será uma noite para guardar na memória”, finaliza Breno.

As entradas são limitadas e estão à venda no site Sympla. O Jokers Pub fica na Rua São Francisco, 164, no bairro São Francisco. Informações pelo fone (41) 3013-5164.