Texto: Marcos Anubis
Fotos e revisão: Pri Oliveira
A Oficina de Música de Curitiba sempre proporciona ao público alguns encontros bem interessantes. Uma dessas reuniões especiais aconteceu nessa quinta-feira (17) com a Orquestra à Base de Sopro de Curitiba recebendo a cantora Maria Rita no Teatro Guaíra. O repertório do show foi composto por canções de Milton Nascimento divididas entre interpretações instrumentais da Orquestra e outras acompanhadas pela belíssima voz de Maria Rita.
A Orquestra à Base de Sopro de Curitiba é composta por Sérgio Albach (clarone e regência), Sebastião Interlandi Jr. (flauta transversal), Denusa Castelain (flauta transversal e piccolo), Jacson Vieira e Otávio Augusto (clarinetas), Victor Gabriel (sax alto, sax tenor clarinete contralto), Sérgio Freire (sax soprano e sax alto), Ozeias Veiga Costa e Douglas Chiullo Silva (trompete e flugels), Aloísio de Pádua Jr. (sax tenor e sax barítono), Rodrigo Viccaria Brasão (trombone), Bruno Brandalise (tuba e eufônio), Davi Sartori (piano), Mario Conde (guitarra e violão), Thiago Duarte (baixo elétrico e acústico), Denis Mariano (bateria) e Luis Rolim (percussão).
O show teve início com a Orquestra tocando “Cores do Leme” (composição do maestro Waltel Branco, falecido em novembro de 2018). Em seguida veio “Suíte Minas”, uma adaptação livre do pianista Davi Sartori que reúne três canções de Milton: “Milagre dos peixes”, “Cais” e “Ponta de areia”.
Na sequência, Maria Rita pisou no palco recebendo os aplausos do público que praticamente lotava o Guaíra. Usando um vestido branco, ela iniciou a apresentação com “Bola de gude, bola de meia”, uma das músicas mais importantes da carreira de Milton e Fernando Brant. “Ele fala de coisas bonitas que eu acredito que não deixarão de existir: amizade, palavra, respeito, caráter, bondade, alegria e amor. Pois não posso, não devo, não quero viver como toda essa gente insiste em viver. Não posso aceitar sossegado qualquer sacanagem ser coisa normal”, diz a letra.
A cantora ainda interpretou “A festa”, “Tristesse”, “Maria, Maria” e “Morro velho”, entre outras canções de “Bituca”, apelido de Milton Nascimento desde a época do Clube da Esquina, no final dos anos 1970.
Música para todos
Uma das características de eventos como a Oficina de Música de Curitiba é a democratização da arte. Afinal, como o valor do show estava bem acessível em vista do que é cobrado normalmente para um espetáculo desse porte, muitas pessoas puderam acompanhar pela primeira vez um show de uma artista do nível musical de Maria Rita.
Ao vê-la no palco, é inevitável que o público faça a conexão entre Maria Rita e a mãe da cantora, a inesquecível Elis Regina. Naturalmente, algumas características são compartilhadas pelas duas, como a força e a contundência na interpretação.
Porém, Maria Rita já conseguiu construir uma trajetória própria. Desde o primeiro álbum, autointitulado e lançado em 2003, ela procurou valorizar o legado de Elis, mas trilhando o próprio caminho de maneira independente.
Admiração mútua
Na parte final da apresentação, a cantora agradeceu de forma bastante sincera a oportunidade de cantar ao lado da Orquestra e também elogiou a Oficina de Música. “Esse evento que vocês têm aqui é uma pérola, um presente incrível”, disse.
Na volta para o bis, Maria e Orquestra tocaram “Maria, Maria” para encerrar a apresentação. “O nosso encontro com a Maria Rita foi de grande alegria. Quem assistiu a apresentação não percebeu que foi a primeira vez que aconteceu essa parceria, tamanho foi o entrosamento entre os artistas no palco. Tudo fluiu naturalmente, com a técnica e a expressão reunidas em um repertório maravilhoso do Milton Nascimento com grandes arranjos. Foi memorável!”, diz Sergio Albach.
O encontro entre Maria Rita e a Orquestra à Base de Sopro de Curitiba foi uma surpresa tanto para o público quanto para a própria cantora. Durante o show, era nítido que Maria estava se divertindo muito com os arranjos criados pela Orquestra especialmente para que ela interpretasse.
Talvez fosse o caso de estender essa parceria, pensando em uma turnê com um repertório mais abrangente que envolvesse também outros compositores e a obra autoral de Maria Rita. Quem sabe esse encontro não rendesse a gravação de um DVD…
Confira a música “Bola de meia , bola de gude”, gravada ao vivo no show no Teatro Guaíra, e veja também o álbum de fotos da apresentação.
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