Texto: Marcos Anubis
Fotos e revisão: Pri Oliveira
“O melhor baterista do mundo.” Era dessa maneira que Lemmy Kilmister apresentava o companheiro Mikkey Dee nos shows do Motörhead. Nesse sábado (16), Mikkey esteve em Curitiba para participar da 3ª edição do Motörhead Day. O evento, que foi realizado no Tork’n’roll, teve shows das bandas Motorbastards, Devil Sin, Fuga da Alma e Made in Cwb.
O show foi histórico porque Mikkey aceitou vir a Curitiba exclusivamente para participar da homenagem. Contar com um músico desse porte deu uma credibilidade internacional ao evento (fato que pode ser comprovado pelo número de pessoas de todas as partes do mundo que comentaram as publicações relacionadas ao Motörhead Day).
Atenção e respeito aos fãs
Na tarde de sábado, Mikkey participou de uma sessão de autógrafos na loja Hand & Made Music Shop, no Shopping Palladium, e atendeu dezenas de fãs com muita simpatia. Essa, aliás, foi a grande marca do fim de semana que o baterista passou em Curitiba: simpatia. Sem nenhum tipo de estrelismo, Mikkey se mostrou uma pessoa educada e atenciosa com todos que trabalharam para que a presença do baterista no evento fosse possível.
Confira o álbum de fotos da sessão de autógrafos de Mikkey Dee.
No palco com o ídolo
O trio Motorbastards pisou no palco claramente eufórico com o que que viria a seguir. Afinal, tocar ao lado de um dos responsáveis pela existência da própria banda seria um momento mágico. Apesar de também ter um trabalho autoral, o grupo apresentou um setlist composto só por canções do Motörhead.
Carlão (baixo e vocal), Alysson Irala (guitarra) e Antônio Death (bateria) abriram o show com “Motörhead” e “No class”. O setlist ainda teve grandes clássicos, entre eles, “Metropolis”. Depois de “Orgasmatron”, Mikkey entrou no palco ovacionado pelo público. Após saudar os fãs e agradecer o convite para participar do evento, o baterista e o seu empresário Jens Lundberg foram homenageados com uma placa comemorativa.
Ao lado de Irala e de Carlão, Mikkey tocou três canções. As duas primeiras foram “Ace of spades” e “The chase is better than the catch”. Mikkey nitidamente estava se divertindo muito no palco e o semblante dele transparecia isso de forma muito clara. Durante a apresentação, o envolvimento do baterista com o show foi total.
“Overkill” encerrou a participação de Mikkey. Essa também era a música que fechava os shows do Motörhead, depois de Lemmy se referir a Mikkey como “the best drummer in the world” na hora de apresentar a banda. “Foi uma emoção muito grande! Ele chegar com toda a simpatia e tocar com a gente realmente foi uma surpresa! No palco a gente conversou rapidinho, ele deu uns toques e pediu para que a gente diminuísse a velocidade das músicas. Ele disse que o Motörhead também cometia esse “erro”, e de 2006 pra cá eles começaram a perceber isso e diminuir os andamentos”, diz Antônio.
Antes de sair do palco reverenciado pelos fãs, Mikkey elogiou o Motorbastards com a frase “esses caras são muito bons, é inacreditável!”. O baterista também revelou que volta a Curitiba em outubro para tocar com o Scorpions. O show acontecerá na Pedreira Paulo Leminski, após o Rock in Rio, e também deve contar com o Iron Maiden.
Na sequência, o Motorbastards tocou mais alguns clássicos do Motörhead, como “Sacrifice”. A banda encerrou o show com “Hammer” e saiu do palco impressionada com a experiência. “O show foi preparado com todo carinho, e o Mikkey que escolheu as músicas que queria tocar! Como podemos ver nos vídeos, foi emoção pura, pegada pesada com ele se divertindo e curtindo de verdade. Eu não sabia se tocava, se ficava olhando ele tocar ou se chorava, mas tomei a atitude de tocar e fazer bonito também para mostrar todo nosso amor e devoção à obra e ao legado da entidade Motörhead!”, diz Carlão.
Depois do show, ainda sob o efeito do momento único vivido por todos que estiveram no Tork’n’roll, o trio curitibano foi percebendo aos poucos o quanto a noite tinha sido mágica. “Nós ficamos realmente emocionados com o sucesso do Motörhead Day. Com toda a adversidade e rivalidade que existe nesse meio artístico, com certeza nós vamos comemorar essa vitória durante muitos anos!”, diz Irala. “Ouvir ele no palco elogiando e dizendo que a gente era foda já valeu todo o esforço. Só não choramos porque tinha muita gente vendo (risos)! Ele disse que eu sou um bom baterista e que a banda é boa”, diz Antônio.
Mikkey claramente deixou o trio curitibano impressionado em vários aspectos, tanto musicalmente quanto pessoalmente. “A gente fica sem palavras durante algum tempo, não apenas pelo fato de tocar junto com o seu ídolo, mas existe toda uma energia, uma magia, algo inexplicável junto com esses caras. Parece que eles foram sorteados, sei lá, mas de uma maneira ou de outra isso te contagia, te dá forças e esperança”, complementa Irala.
A materialização de um sonho
O trabalho para conseguir contar com Mikkey Dee no Motörhead Day foi intenso e demorou praticamente dois anos para ser concretizado. Afinal, o baterista está constantemente envolvido nas turnês com o Scorpions e achar uma brecha nessa agenda não seria uma tarefa fácil. “Foi um trabalho árduo que começou em julho de 2017 com a preparação do projeto e o convite. Eles gostaram muito do projeto e da proposta do evento e aceitaram o convite, porém só poderiam abrir uma data depois que a tour do Scorpions acabasse. Por isso, o evento não foi em janeiro, como de costume. Depois de todas as negociações (nós trocamos mais de 100 e-mails), batemos o martelo, e eu só acreditei mesmo na hora em que ele desembarcou em Curitiba e eu o encontrei!”, conta Carlão.
Durante os quatro dias que passou em Curitiba, Mikkey se divertiu muito e sentiu na pele o quanto é respeitado pelos brasileiros. Já a boa impressão deixada pelo baterista não se restringiu à parte musical, que já era conhecida por todos.
A personalidade “boa gente” do músico inglês também foi uma grata surpresa para todos que tiveram contato com ele. “É claro que existem ídolos que te decepcionam, mas não foi o caso do Mikkey Dee! Esse cara foi o responsável pelo momento mais alto da nossa carreira como músicos!”, diz Irala. “E o mais prazeroso de tudo isso foi ver nossos amigos prestigiando esse momento mágico. Isso não tem preço!”, complementa o guitarrista.
Histórias inesquecíveis
Mikkey passou 23 anos no Motörhead e viveu momentos inesquecíveis, principalmente ao lado do companheiro de banda, Lemmy Kilmister. Mostrando a sinergia que foi criada com o Motorbastards, o baterista fez questão de compartilhar algumas dessas histórias com os novos amigos curitibanos durante o período que passou na capital paranaense.
Algumas dessas memórias são ainda mais emocionantes porque retratam os últimos momentos vividos pelo Motörhead. Lemmy morreu no dia 28 de dezembro de 2015, dois dias após descobrir que sofria de uma forma agressiva de câncer.
Conscientes de que a saúde do amigo não estava bem, Mikkey e o guitarrista do Motörhead, Phil Campbell, tentaram convencer Lemmy a diminuir o ritmo. “Eles queriam parar a tour e ficar um ano sem tocar para que ele se tratasse e se recuperasse para que pudessem voltar a tocar em 2016, pois o Lemmy já estava apresentando muita dificuldade para cantar, tocar as músicas nos tempos certos e tudo o mais. Mas o que ele disse? ‘No, no, no, I’m felling good! Go to the road!’. Assim, eles fizeram o último show na Alemanha e 15 dias depois o Lemmy morreu”, conta Carlão.
O músico foi cremado no dia 9 de fevereiro no Forest Lawn Memorial Cemetery, em Hollywood, na cidade de Los Angeles. A cerimônia foi transmitida pelo YouTube e reuniu dezenas de músicos que foram prestar as últimas homenagens a um dos maiores ícones da história do Rock’n’roll.
Nitidamente, a relação que os integrantes do Motörhead tinham entre si ia além da música. “O Mikkey falou muito sobre como eles eram irmãos e de como espera um dia poder encontrá-lo novamente. Ele deixou claro que é muito agradecido por todos os anos que passou com o Lemmy e por tudo que eles aprenderam e ensinaram um para o outro. Essa parte foi emocionante, pois deu pra ver os olhos dele brilharem! Ele fica emocionado quando fala do Lemmy e do Motörhead”, conta Carlão.
As aventuras ao redor do mundo
Mikkey também lembrou de algumas situações engraçadas vividas pela banda nas incontáveis turnês ao redor do mundo. “Ele contou que uma vez o Lemmy estava esperando há duas semanas para assistir a um documentário no canal Discovery e, na hora de ver, a TV dele no fundo do ônibus deu pau. Ele saiu só de cuecas gritando ‘Porra, essa merda estragou, eu não consigo assistir meu documentário, estou esperando há duas semanas por essa merda, vou assistir na TV de vocês’ (do Mikkey e do Phil). Aí os dois fingiam que estavam dormindo e assim que o documentário ia começar eles mudaram para o canal da Pollishop (risos). O Lemmy ficou louco e começou a gritar ‘Fucking shit, you motherfuckers!’ e era Jack Daniel’s voando para todo lado (risos)”, conta Carlão.
O bom humor, aliás, era uma das grandes características de Lemmy em todas as situações. “Quando o Lemmy fazia exames de saúde, o médico ligava pra ele e dizia ‘Parabéns, seus exames estão ótimos’, mas o Lemmy dizia ‘Eu me sinto um saco de merda!’ Aí, quando os exames estavam ruins, o Lemmy dizia: ‘eu me sinto melhor do que nunca’! (risos)”, diz Carlão.
Já que Antônio também toca bateria, o músico curitibano procurou saber detalhes mais técnicos da carreira de Mikkey. “Ele disse que usou trigger só uma vez quando eles fizeram uma turnê com o Metallica e com o Guns N’ Roses porque não tinha tempo de passar o som. Era entrar, montar a bateria e tocar, então ele usou nos bumbos e na caixa”, conta.
Mikkey Dee é endorser da marca de bateria alemã Sonor há mais de 30 anos. Em 2012, inclusive, foi lançada a Mikkey Dee Signature Model Snare Drum, modelo de bateria que leva a assinatura do músico. “Ele tem cinco kits fabricados com madeira especial. Cada um deles vale 20 mil euros! O Mikkey inclusive mostrou uma foto dele com uns dez anos já tocando em uma bateria da Sonor, o que seria um dos motivos para ele ser um artista exclusivo da marca alemã. Nós demos muita risada disso”, diz.
Foram quatro dias de histórias, risadas e companheirismo em que a força da música moveu as atitudes do ídolo e de seus súditos curitibanos. Se Mikkey Dee já era um ícone do Heavy Metal para os fãs brasileiros, a passagem dele por Curitiba somente reforçou essa condição. Em outubro, quando voltar à capital paranaense com o Scorpions, Mikkey já se sentirá definitivamente em casa.
Assista aos vídeos de “Overkill”, com a participação de Mikkey Dee, e “Orgasmatron”, com o Motorbastards, gravadas ao vivo no Motörhead Day. Veja também o álbum de fotos da apresentação de Mikkey Dee com o Motorbastards.
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Made in Cwb
A banda curitibana Made in Cwb abriu a noite prestando um tributo ao Iron Maiden. Everton Liber (vocal), Diogo Aileoz e Lucas Binhara (guitarras), Gustavo A. Cortes (baixo) e Dalton Santos (bateria) apresentaram grandes clássicos do Iron, como “The evil that man do” e “Fear of the dark”, e também músicas um pouco mais “lado b”, como as fantásticas “Revelations”, “Powerslave” e “Flight of Icarus”.
“Run to the hills” e “Iron maiden” encerraram a apresentação. “Ficamos muito empolgados com o convite do Tork para sermos a banda de abertura e já imaginávamos que o público seria muito receptivo. O local é imenso e mesmo tocando primeiro, pudemos contar com um grande número de pessoas cheias de energia e intensidade. Nos sentimos muito à vontade, pois a reação do público foi sensacional. Foi uma grande satisfação dividir o palco com excelentes bandas e, principalmente, com uma personalidade internacional como o Mikkey Dee”, diz Gustavo.
Assista ao vídeo de “Powerslave”, gravada ao vivo no Motörhead Day, e veja também o álbum de fotos da apresentação do Made in Cwb.
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Devil Sin
Em seguida veio o quarteto curitibano Devil Sin. Formado em 2013, o grupo já passou por várias formações diferentes, mas sempre se manteve fiel ao Heavy Metal tradicional.
Kevan Gillies (vocal), Ian Axel Gillies (guitarra), Khaoe Rocha (baixo) e Giovanni Vicentin (bateria) abriram o show com “Suicide machine”, “Take me to hell” e “No more heroes”.
Ian é um dos maiores riffmakers de Curitiba, pois consegue construir as bases das músicas da banda de maneira técnica, mas sem exageros. Um exemplo disso é a excelente “Natural born killer”, um dos pontos altos do show.
Já Kevan, que nasceu na cidade Bolton, na Inglaterra, foi vocalista da Carne Podre no final dos anos 1970, que é considerada a primeira banda Punk de Curitiba e talvez do Brasil. Com uma bagagem musical que já soma quase 40 anos de estrada, Kevan domina o palco tranquilamente. “Evil rises” encerrou o show. “Foi insano! A plateia foi animal e a presença do Mikkey fechou a noite com chave de ouro!”, diz Kevan.
Assista ao vídeo de “Natural born killer”, gravada ao vivo no Motörhead Day, e veja também o álbum de fotos da apresentação do Devil Sin.
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Fuga da Alma
A banda curitibana Fuga da Alma encerrou a noite no Tork’n’roll apresentando um tributo ao Black Sabbath. Claudio Mayer (vocal), Edivan Linhares e Matheus Vieira (guitarras), Marcelo Vieira (baixo) e Marlus Vieira (bateria) abriram o show com “Children of the grave”, “Into the void” e “Sabbath bloody sabbath”. O setlist do show também teve clássicos da carreira solo de Ozzy Osbourne, como “Mr. Crowley” e “No more tears”.
“Paranoid” encerrou a apresentação. “Foi uma grata surpresa saber que dividiríamos o palco com o grande Mickey Dee, uma lenda do mundo da música por sua contribuição com o King Diamond, com o Motörhead e agora no Scorpions. Ter a oportunidade de fazer parte desse evento na maior casa de Rock da América Latina é algo para ficar gravado para sempre em nossa memória. São momentos como esse que fazem tudo valer a pena”, diz Edivan.
Assista ao vídeo de “Children of the grave”, gravada ao vivo no Motörhead Day, e veja também o álbum de fotos da apresentação do Fuga da Alma.
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Esse evento foi muito massa.
Cara, que materia muito muito boa