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Nasi, nada impede o “Wolverine” brasileiro de seguir em frente com a sua música (Foto – Kelsen Fernandes)

 

A biografia “A ira de Nasi”, publicada pelo ex-vocalista do Ira! no ano passado, expôs de forma bem clara os demônios, problemas e barreiras enfrentadas pelo artista, durante a sua vida pessoal e musical.

A tarefa de ouvir e contar a conturbada vida de Nasi coube aos jornalistas Mauro Beting e Alexandre Petillo. Segundo o cantor, a oportunidade de dividir o seu mundo pessoal com os fãs surgiu de forma inesperada. “Não estava pensando nisso naquele momento. Recebi um convite da Editora Belas Letras para fazer uma biografia e achei interessante. Então, procurei o jornalista Alexandre Pettilo, que no passado escreveu uma biografia não publicada do Ira!, e chamei o Mauro Beting para contar a minha parte. ‘A Ira de Nasi’ nasceu assim”, explica.

 Os demônios transformados em texto

O livro toca em assuntos delicados, como o fim do Ira!, o uso de drogas e a relação de Nasi com o guitarrista da banda, Edgar Scandurra. De acordo com o vocalista, a intenção era, desde o início, expor tudo de forma limpa e explícita, sem meias palavras. “A ideia era fazer uma obra sem chapa branca, sem papas na língua”, afirma.

Encarar os seus demônios, e domá-los, um por um, talvez tenha sido o combustível que fez o projeto florescer. “Não sei. Não tive receio de falar sobre nada. Foi um modo de contar a história do meu ponto de vista e das minhas verdades particulares”, analisa.

No livro, Nasi trata da briga com seu irmão, o ex-empresário do Ira! Airton Valadão e conta como foi a reconciliação, após cinco anos de processos e ofensas de ambas as partes. O vocalista afirma que tudo foi resolvido e a relação entre os dois voltou ao normal. “Está ótima. Nos falamos quase todos os dias, frequentamos a casa um do outro, tudo foi resolvido”, diz.

Os assuntos tratados na biografia passam uma carga de emoção muito forte nos relatos. Isso demonstra a percepção dos dois jornalistas para relatar de forma clara o que Nasi contava.  Diante de tantos casos polêmicos, que poderiam até ter tirado a sua vida, algumas dessas lições foram aprendidas. “Acho que tomo um pouco mais de cuidado antes de falar ou fazer alguma coisa. Penso um pouco mais”, diz.

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Nasi ao vivo (Foto – MRossi)

O perigo transformado em música

Nasi já lançou sete discos em sua carreira solo: “Uma Noite Com Nasi E Os Irmãos Do Blues” (1993), “Os Brutos Também Amam” (1996), “O Rei Da Cocada Preta” (2000), “Ao Vivo” (2002), “Onde Os Anjos Não Ousam Pisar” (2006) e “Vivo Na Cena” (2010). Seu mais recente álbum é “Perigoso”, lançado no ano passado. O motivo de se manter na ativa, mesmo enfrentando problemas em sua vida particular é um só. “Eu gosto do que faço. Simples!”, afirma.

“Perigoso” veio impregnado com as emoções que o vocalista experimentou escrevendo o livro. “Com certeza. A ideia era lançar os dois juntos, como uma continuidade, mesmo. Mas sempre acontecem atrasos e não foi possível. Com certeza, um completa o outro”, analisa.

O CD tem várias parcerias, entre elas “Dois animais na selva suja da rua”, composição de Taiguara gravada por Erasmo Carlos, e “Não vejo mais nada de você” de Nasi, Johnny Boy e Carlos Careqa. “De um modo geral, escolhi músicas cujas letras tinham algo de confessional pra mim, ou seja, diziam algo sobre o que eu estava vivendo ou querendo dizer. Da parte musical, são autores e gêneros que me agradam e fazem a minha cabeça”, explica.

Com o Ira!, o vocalista lançou 17 álbuns em 26 anos de carreira. Sobre a possibilidade de o grupo voltar a se reunir, no futuro, Nasi é enfático. “Não tenho vontade e não estou preocupado com isso, na verdade. Estou muito feliz com a minha banda e minha carreira solo”, finaliza.