Texto: Marcos Anubis
Fotos: Pri Oliveira




A Noite do Esquenta tradicionalmente marca a abertura do festival Psycho Carnival. Na quinta-feira (20), no Jokers, coube ao Terremotor (de Umuarama no interior do Paraná) e aos curitibanos do Hillbilly Rawhide a honra de darem o pontapé inicial na 21ª edição do mais importante festival de Psychobilly da América Latina.




Terremotor

Duda Victor (guitarra), José Duarte (baixo) e Paulo Tropa (bateria) abriram a noite com “Destiladodelá”, “Hotel echo” e “Agente manguaça”. Entre outras músicas, o setlist ainda teve “I’am a junkie”, “Navalha” e uma música em homenagem ao trio The Mullet Monster Mafia batizada de “Mulletmotor”.

Essa foi apenas a segunda vez que o grupo se apresentou em Curitiba e, mesmo assim, a reação do público foi muito positiva.”Foi uma experiência fantástica e um puta passo para a banda! O show foi muito bom porque tivemos uma troca com o público, rolou uma interação. Confesso que estava bastante ansioso antes de começar porque sentimos uma responsabilidade muito grande, mas, depois que soltamos o primeiro acorde, nós nos sentimos em casa!”, diz Duda Victor.




Surf Music

A Surf Music do Terremotor tem uma característica muito especial porque, além da melodia e do ritmo que fazem parte do estilo, a banda também utiliza elementos da música grega, o que dá pegada diferente e muito especial às composições. “Eu morei durante dez anos na Grécia e comecei essa ideia com a banda grega Dirty Fuse”, explica. Em 2013, Duda e companheiros gregos gravaram o disco “Surfbetika”, que trazia só versões de músicas gregas dos anos 1920 e 1930.

Nos shows com o Terremotor, Duda utiliza um instrumento grego chamado tzouras, que tem uma sonoridade bem interessante. “O outro guitarrista do Dirty Fuse tinha um tzouras parado na casa dele e eu pedi emprestado. Pirei no som e nunca mais devolvi (risos). Demorei dois anos para pagar, mas paguei (risos). Logo que peguei, já comecei a tocar músicas nossas e alguns clássicos da Surf Music, e deu muito certo. Eles continuam usando por lá e eu trouxe e incorporei no som do Terremotor”, conta.

“The wedge” encerrou a apresentação que, para o trio de Umuarama, acabou se tornando muito mais do que uma oportunidade de mostrar o trabalho do grupo. “Isso foi o mais interessante. No dia seguinte, nós fomos só para curtir mesmo e fizemos muitos contatos com o pessoal das bandas. Conhecer pessoas de todos os cantos do país e até do exterior é o mais legal dos festivais. Eles são o melhor meio para que bandas como a nossa, do interior, possam mostrar o trabalho para um público diferenciado”, finaliza Duda.

Confira a música “I’m a junkie from night till mornin'”, gravada ao vivo no show do Terremotor na Noite do Esquenta. Veja também o nosso álbum de fotos da apresentação.

Terremotor - Psycho Carnival - Jokers - 20/2/2020







Hillbilly Rawhide

Em seguida, o Hillbilly Rawhide pisou no palco com algumas novidades. A principal delas estava no baixo, que agora está nas mãos do multi-instrumentista “Coelio”, que já fez parte de inúmeras bandas lendárias do underground curitibano, entre elas, a Julie et Joe e os grupos Os Magnéticos e Os Garotos Chineses.

Mutant Cox (voz, guitarra e violão), Mark Cleverson (violino e voz), “Coelio” (baixo acústico), Juliano Cocktail (bateria e cajón) e Eduardo Ribeiro (banjo, violão, backing vocal, acordeon, mandolin e jaw harp) abriram o show com uma música nova, “Madness rawk’n’roll”, que mostra uma pegada bem mais pesada em relação às outras composições do Hillbilly. “Mandamos uma pancada logo de cara e acho que ela pegou a maioria meio de surpresa, pois é mais pesada do que boa parte das nossas músicas. Porém, me parece que já foi bem aceita”, diz Mutant Cox.

O setlist reuniu músicas de todas as fases do Hillbilly, que está completando 17 anos de estrada e está mais do que consolidado como um dos maiores nomes do Outlaw Country brasileiro. Entre elas, o grupo tocou “Ferrovia Centro-Oeste”, “O enxofre e a cachaça” e “Cavaleiros da morte”.




Novos rumos

Quando o público percebeu a mudança na formação da banda, obviamente, a atenção no show foi ainda maior. Afinal, com quase duas décadas de trajetória, qualquer novo integrante que seja convidado a fazer parte do Hillbilly vai ser obrigado a encarar uma responsabilidade imensa.

Porém, a transição parece estar sendo tranquila, pois Coelio é um músico experiente, que carrega uma gigantesca “folha de serviços” prestados à música curitibana. “Esse era um show bem esperado pela gente e pelo público, pois não nos apresentávamos há quase dois meses e esse era o primeiro com a nova formação. No final do ano passado, nós tivemos que trocar de baixista e acabamos convidando o grande Big Bugsy (Coelio). A resposta do público foi sensacional! Foi melhor do que esperávamos, pois uma mudança de formação é sempre um pouco complicada e às vezes pode mudar drasticamente uma banda. No nosso caso foi muito positivo e o povo curtiu e agitou do começo ao fim, fato que já estava ficando até meio raro em nossos shows”, explica.

“Foda-se (ha, ha, ha)” encerrou a apresentação. “A troca de energia durante o show foi muito legal! Fazia tempo que não nos sentíamos tão bem! Depois, nós tocamos na Ilha do Mel no encerramento da Ressaca do Psycho Carnival e foi muito legal também! Fizemos um show histórico e muito divertido!”, finaliza Mutant Cox.

Confira a música “Madness rawk’n’roll”, gravada ao vivo no show do Hillbilly Rawhide na Noite do Esquenta. Veja também o nosso álbum de fotos da apresentação.

Hillbilly Rawhide - Psycho Carnival - Jokers - 20/2/2020