Texto: Marcos Anubis
Revisão e foto: Pri Oliveira
Último dia 15, camarim do Rock Carnival, atrás do palco. Os holandeses do The Anomalys tinham acabado de terminar sua fantástica apresentação e concediam uma entrevista exclusiva para o Cwb Live. Leia neste link. Nosso “fundo musical” era o início do show do Ovos Presley, em alto e bom som. Terminada a conversa, voltamos para o estacionamento da Câmara Municipal de Curitiba e percebemos a grandeza do que veríamos a seguir. Aproximadamente 4 mil pessoas se acotovelavam para ver uma das mais antigas bandas curitibanas ainda em atividade.
O grupo é considerado por toda a cena psychobilly curitibana como um dos maiores responsáveis pelo crescimento e solidificação do movimento. Suas apresentações ao vivo sempre foram marcantes, mas nessa a banda se superou. Talvez a oportunidade de tocar para o que deve ter sido o maior público da história do grupo tenha sido uma injeção de energia. O fato é Nei Rodrigues (baixo), Wallace Barreto (guitarra), Cidadão Rancor (bateria) e principalmente o vocalista Ademir pareciam “possuídos”. E o público, que em sua esmagadora maioria não conhecia a banda, comprou a ideia.
A sinergia artista/público foi alimentada pelos membros da cena psycho da cidade que ali estavam, mas também foi absorvida pela parte da plateia que não costuma estar presente em eventos desse tipo. Músicas como “Vampiras De Curitiba” e “A Maldição Do Lobisomem” fizeram o local tremer, literalmente. Um dos momentos mais emblemáticos foi “Homens Azuis”, poema de Marcos Prado musicado pela banda. Em tempos de “Lepo Lepo”, é um alento ouvir um texto que te faça pensar em algo mais do que bundas e dancinhas sofríveis. “Não é blues, tristes, não é mesmo. A tristeza não faz um homem azul. O branco é branco, o negro é negro. Ninguém é triste, não há blues. Só existem tristes, os tristes homens azuis”, diz a letra.
Mesmo quem não conhecia o Ovos Presley respeitou e aproveitou a apresentação, o que certamente tem a ver com a postura autêntica do grupo em cima do palco. “Sempre fomos uma banda independente, nascida na cena underground, e nunca fizemos esforço para sair dela. Plantamos isso no decorrer dos anos e o que recebemos em troca sempre foi o carinho e o reconhecimento do público e dos amigos em todo o Brasil”, afirmou Nei em uma entrevista publicada pelo Cwb Live em 2013.
A grande apresentação somou mais um motivo para batermos naquela antiga tecla que sempre assombra a cena musical da cidade. Com um bom som, palco e principalmente com divulgação e valorização dos artistas locais, a música curitibana é mais do que viável. É preciso ficar restrito a um só momento desses por ano? Com mais eventos desse porte é óbvio que a cena seria fortalecida e o público, que está aí querendo participar, passaria a conhecer e respeitar as bandas de Curitiba.
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