Os Pet Shop Boys são um daqueles nomes que você pode chamar de “música eletrônica raiz”. Apesar do trocadilho ruim, o rótulo se justifica. Afinal, Neil Tennant e Chris Lowe são responsáveis por popularizar o estilo que, hoje, é um dos mais conhecidos no mundo.

Nessa quinta-feira (21), os Pet Shop Boys se apresentaram na Live Curitiba, na capital paranaense, fazendo uma grande retrospectiva desses quase 40 anos de história.

No início do show, quando as luzes se apagaram, dois grandes círculos, posicionados nas laterais do palco, giraram e revelaram Tennant e Chris. Impecavelmente vestidos e com capacetes na cabeça, eles iniciaram a apresentação com “Inner sanctum”. Na sequência vieram “Opportunities (Let’s make lots of money)” e “The pop kids”, faixa do mais recente álbum do grupo, “Super” (2016).

Na turnê, Teenant e Chris são acompanhados por Afrika Green (percussão e vocal), Christina Hizon (teclados, violino e vocal) e Simon Tellier (percussão, teclado e vocal).

O som dos Pet Shop Boys é extremamente criativo. O duo não se limita a repetir infinitamente a mesma batida, em um loop maçante e sem ideias. Chris Lowe constrói as bases para os vocais de Neil Tennant com linhas melódicas de teclado e sintetizadores que são sobrepostas para dar uma atmosfera densa ao som da banda. O resultado é excelente, tanto nas gravações em estúdio quanto nas apresentações ao vivo.

As letras dos Pet Shop Boys também diferem do lugar comum do mundo eletrônico. Elas abordam a sexualidade e as relações humanas de uma forma bem inteligente.

Antes der “Burn”, Tennant e Chris retiraram os seus capacetes. A canção teve a belíssima voz de Christina Hizon fazendo um dueto com Neil. Na sequência, “Se a vida é (That’s the way life is)” chamou a atenção por causa de sua batida bem brasileira.

O setlist da apresentação, que incluiu “Inside a dream”, “Home and dry” e “New York city boy”, entre outras canções, abrangeu toda a obra fonográfica da dupla. Um dos momentos mais atmosféricos foi a execução de “West end girls”. Essa foi a música que fez os Pet Shop Boys explodirem nas rádios de todo o mundo e apresentou o grupo ao público brasileiro.

Confira o nosso álbum de fotos do show.

O universo lírico de Neil Tennant

Além da parte musical, a iluminação do show foi um espetáculo à parte. Usando lasers, imagens gráficas no telão e muita luz, a produção deixou o público impressionado.

“It’s a sin”, do primeiro álbum do duo, “Actually” (1987), passou uma mensagem bem forte aos fãs. Com o palco totalmente iluminado com luzes vermelhas, Tennant cantou com emoção uma de suas composições mais pessoais. “Na escola, me ensinaram como ser tão puro em pensamentos, palavras e ações. Não tiveram muito sucesso”, diz a letra.

Neil Tennant é um típico cidadão inglês. Discreto e educado, ele elogiou o público em várias ocasiões e agradeceu a acolhida que o grupo vem recebendo no Brasil. Já Chris é absolutamente low profile. Quase escondido atrás dos seus teclados e sintetizadores, ele se concentra em manter a base sonora para que Neil possa se sentir à vontade na condução do show. Ambos se completam.

Após a clássica “Go west”, a banda se retirou rapidamente do palco e voltou depois de alguns minutos para encerrar o show com os megassucessos “Domino dancing” e “Always on my mind”.

A primeira apresentação dos Pet Shop Boys em Curitiba fez com que os fãs pudessem beber em uma das fontes mais puras da música eletrônica. E, talvez, a maior mensagem que a dupla deixa é direcionada exatamente a esse estilo. Afinal, Neil Tennant e Chris Lowe continuam mostrando que a criatividade nunca deveria ser substituída por máquinas.

Veja três vídeos do show na Live Curitiba: “Domino dancing”, “West end girls” e “Always on my mind”.

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