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O guitarrista, vocalista e um dos fundadores da Plebe, Philippe Seabra, fala sobre o show que o grupo fará sábado (15), no complexo da Pedreira Paulo Leminski, e sobre os 42 anos de estrada da banda 

A Plebe Rude, uma das bandas mais importantes da história do Rock brasileiro, é uma das atrações da 3ª edição do Festival Crossroads Dia Mundial do Rock.

O evento acontece neste sábado (15), no complexo da Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, e terá mais de 40 bandas, além de diversas opções de entretenimento para o público.

Essa será a terceira vez que o grupo de Brasília se apresentará na Pedreira (as outras foram em 1988, ao lado dos Inocentes, e em 2016, quando fizeram a abertura dos shows da turnê brasileira do Guns N’ Roses).

Desta vez, Philippe Seabra (guitarra e vocal), Clemente (guitarra e backing vocals), André X (baixo) e Marcelo Capucci (bateria) desembarcam na capital paranaense trazendo na bagagem o recém-lançado “Evolução, Vol. 2”.

O álbum, que está disponível nas principais plataformas de música digital, é bem diferente de tudo o que o grupo lançou até hoje.

Afinal, desde o disco de estreia, o emblemático “O Concreto Já Rachou” (1986), as letras das músicas da Plebe sempre contaram a história do Brasil de uma maneira bem real.

Na verdade, canções como “Até quando esperar”, “Proteção” e “Nunca fomos tão brasileiros”, basicamente, explicam tudo o que aconteceu no país nas últimas décadas, com uma precisão impressionante.

Porém, no novo álbum, o grupo decidiu ir mais além e mergulhar de uma maneira bem abrangente na história da própria humanidade. “Já tínhamos essa ideia na cabeça há décadas, mas ela finalmente veio à tona no processo de escrita da minha autobiografia (que está pronta e já em fase de edição) quando pesquisei a respeito e acabei ressuscitando o projeto. A música original, ‘Evolução’, que abre o espetáculo, foi feita em 1989, mas só engatamos as 28 canções inéditas do musical em 2018”, explica Philippe Seabra.

O curioso é que os temas que são abordados nas canções do álbum parece que se repetem ao longo da história da humanidade.

Em 2020, por exemplo, quando a pandemia começou a ceifar vidas em todo o mundo, muito se falava sobre uma mudança de mentalidade no sentido de ajudar quem mais necessita e perceber que as relações pessoais importam muito mais do que o dinheiro.

Três anos depois, a humanidade está em uma condição igual ou pior e não apenas na “vida real”, pois até a Internet virou um ringue de luta no qual as pessoas se enfrentam sem dó ou piedade. “Com as redes sociais, a polarização da humanidade não tem mais volta. A Plebe sempre instigou o debate e nem isso existe mais. É 8 ou 8 mil. E agora, com a inteligência artificial, aí é que certamente ela será usada para difundir ainda mais fake news. O futuro não é muito promissor. Cabe às pessoas de bem manterem a linha e mostrar que vale a pena ter princípios”, analisa.

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Participações especiais e postura

Entre os convidados que participaram do novo álbum da Plebe, está o comentarista esportivo Casagrande, que narra um trecho da faixa-título.

Casão sempre foi um grande apreciador do Rock brasileiro e, tanto nos tempos de jogador quanto na função de crítico, ele se manteve como uma das poucas vozes no esporte brasileiro que fogem do lugar comum.

Justamente por causa desse descolamento em relação ao conservadorismo, a conexão com a Plebe é inevitável e muito verdadeira. “O Clemente e o André são fãs dele. No meu caso, o ‘meu Casagrande’ foi o Rivelino, eterno tricolor carioca. Casagrande é fã da Plebe e nada mais natural do que ele fazer a narrativa dessa canção”, diz.

A faixa mais longa dos dois volumes de “Evolução” é “O pêndulo da história”, que tem nada menos do que dez minutos de duração, o que é uma eternidade no Punk!

Porém, a atitude do grupo não é fora de propósito porque, apesar de ser essencialmente Punk, a Plebe sempre foi ousada no sentido de incorporar outros elementos às canções.

A belíssima “A ida”, por exemplo, canção do álbum “Nunca Fomos Tão Brasileiros” (1987), tem uma levada que é totalmente conduzida no violão.

Curiosamente, apesar dos 26 anos de distância entre elas, as duas músicas realmente têm uma conexão. “A canção ‘O pêndulo da história’ tem um resquício da ‘A ida’, um clima grandioso que funciona muito bem para encerrar o espetáculo em grande estilo, tipo, o elenco inteiro no palco de braços para cima. A Plebe sempre foi uma banda ímpar, que sempre fez tudo ao contrário da norma, mas pagou um preço alto por isso”, explica.

Esse lado contestador da Plebe Rude tem muito a ver com o ambiente no qual eles vivem porque, diferentemente da maioria dos artistas que fazem sucesso e acabam se mudando para o eixo Rio-São Paulo, Philippe e André continuam morando em Brasília.

Por isso, os acontecimentos do 8 de janeiro na capital do Brasil foram ainda mais chocantes para os fundadores da Plebe, pois eles assistiram tudo in loco. “Ridículo! Eu que sou meio americano também fiquei perplexo com 6 de janeiro de lá. Eles dizem que amam o país, mas detestam democracia”, critica.

Aliás, no lineup do festival, as outras duas atrações principais (a banda carioca Gangrena Gasosa e o trio Black Pantera) também fazem questão de deixar claro o engajamento político. “O Capucci é amigo do Pessoal do Black Pantera e o André produziu o primeiro disco do Gangrena. São bandas de postura, apesar de que o Gangrena, às vezes, leva para o lado cômico”, diz.

Portanto, a 3ª edição do Festival Crossroads Dia Mundial do Rock está repleta de atrações que têm o que dizer e elas falarão para um público bem eclético em termos de idade e de gostos musicais, o que é uma característica dos grandes eventos.

Muita gente que estará na Pedreira, inclusive, deve assistir a um show da Plebe pela primeira vez e esse tipo de situação pode ser um desafio, afinal, de que maneira é possível tocar o coração dessa turma? “Sendo a boa e velha Plebe de sempre, que acabou de fazer 42 anos de estrada. Uma coisa que temos notado nos shows Brasil afora é que o público jovem se amplia cada vez mais”, finaliza Philippe Seabra.

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Mais de 40 bandas e atrações para todos os gostos

O maior festival dedicado ao Dia Mundial do Rock do Paraná, o Festival Crossroads – Dia Mundial do Rock, será realizado no dia 15 de julho, no complexo das Pedreiras, que abrange a Pedreira Paulo Leminski e a Ópera de Arame. A realização é do Bar Crossroads e da Planeta Brasil.

Serão mais de 15 horas de evento e cerca de 40 atrações. Entre elas, estão a Plebe Rude (um dos ícones do Punk Rock brasileiro), a Gangrena Gasosa (a única banda de Saravá Metal do mundo), o Black Pantera (uma das forças da nova geração do Metal brasileiro), o Hillbilly Rawhide (o maior nome do Outlaw Country no Brasil) e o Macumbazilla (um dos grandes nomes do underground curitibano).

O evento também contará com a presença de grupos tributo, entre eles, Pigs & Diamonds (Tributo ao Pink Floyd), Zion’z, TNShe (Tributo ao AC/DC), Syd Vinicius e Afoostic (Tributo ao Foo Fighters).

Os artistas se apresentarão em seis palcos (ao ar livre e cobertos). O layout inédito do festival está sendo planejado com foco na experiência musical de cada palco e também no conforto para a circulação do público. “Estamos muito ansiosos pela nova edição do evento que é um dos mais aguardados pelos curitibanos e fãs do bom e velho Rock’n’roll”, diz o idealizador do Festival Crossroads, Alessandro Reis.

Walk This Way e a Cultura do Rock

Uma grande novidade para essa edição será uma rua temática dentro da Pedreira, a Walk This Way, um espaço que reúne múltiplas atrações da cultura rock, que transcende o aspecto musical e impacta em estilos de vida, ideais e atitude. Por isso, as mais variadas manifestações artísticas, maneiras de vestir, tatuagens e protestos sempre estiveram entrelaçados na história desse gênero.

Marcam presença na Walk This Way: uma área de brechó, com curadoria do Quem Garimpa Acha, reunindo dez marcas e uma variedade de peças do universo Rock para garimpar. Flash Tattoo com os profissionais da Inkit Tattoo. Feira de Vinil com a Curitiba Vinil, levando uma grande variedade de álbuns que são relíquias do Rock. Registro fotográfico com a Kombi do Julian, uma fotocabine kombi, e o Palco Thunderstruck/Coca-Cola com programação musical ao vivo.

Espaço Kids, Pista de Skate e Gastronomia

A criançada jamais ficou de fora no Festival Crossroads. Para os pais roqueiros que querem celebrar o estilo musical com seus filhos, a edição contará com um espaço kids especial da Kinder Park, reunindo atividades e atrações para o público infantil, com brinquedos infláveis, piscina de bolinhas, entre outros. A programação musical também abraça as crianças com a apresentação da banda RocKids, às 13h, no Palco Bastards, reunindo um repertório repleto de clássicos do estilo em formato para os pequenos.

Ainda haverá área de skate street com apresentações,aulas com instrutores para iniciantes de todas as idades.

Já na parte gastronômica, opções de hambúrgueres com o Comodoro Burguer; cachorro quente com o Dog Show; fatias de pizza com a Pizza do Pará; Choripan; doces e sobremesas da Família Pavê; entre outras opções de sanduíches e porções na Estação Cross e na Estação Bastards. Os valores são a partir de R$ 20.

Os ingressos estão à venda  vna plataforma Cheers, com valores a partir de R$ 120 (meia-entrada – 2º lote). A meia-entrada é válida para estudantes, pessoas acima de 60 anos, professores, doadores de sangue, portadores de necessidades especiais (PNE) e de câncer, e jovens de 15 a 29 anos com baixa renda comprovada, clientes do Crossroads e pessoas que apresentarem o flyer digital.

Crianças de até 9 anos de idade não pagam entrada. É obrigatória a apresentação de documento previsto em Lei que comprove a condição do beneficiário.

Nas últimas edições, o evento reuniu grandes atrações musicais, como Dead Fish, Matanza INC, Krisiun, Supla, Project 46, Black Pantera, Electric Mob, Anacrônica e Macumbazilla. Em 2022, o festival contou com mais de 45 shows e recebeu um público de 15 mil pessoas.

A classificação etária é de 18 anos de idade. Menores de 18 anos só entram se estiverem acompanhados dos pais ou responsáveis legais. A Pedreira Paulo Leminski e a Ópera de Arame ficam na Rua João Gava, S/N, no Abranches.

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