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A polêmica capa de “Black Sabbath” alimentou a fama “satânica” da banda (Foto – Reprodução/Som do Vinil)

 

Os criadores do heavy metal. O guitarrista do Black Sabbath, Tony Iommi, nunca aceitou esse rótulo, com a humildade que lhe é peculiar, mas o fato é que o primeiro álbum da banda, que hoje completa 44 anos de seu lançamento, definiu os alicerces do que viria a se tornar um dos estilos mais populares da história da música.

O disco foi lançado em um período “estranho”. No final dos anos 1960, começo dos 70, os hippies ainda perambulavam pelo mundo acreditando que a paz e o amor prosperariam entre a raça humana. Tony Iommi (guitarra), Ozzy Osbourne (vocal), Geezer Butler (baixo) e Bill Ward (bateria), conheciam o mundo real e o mostraram de forma nua e crua.

Em sua biografia, “Iron Man, minha jornada com o Black Sabbath”, Tony Iommi conta alguns detalhes da gravação do álbum de estreia da banda. No dia 30 de agosto de 1969, Ozzy anunciou em um show na cidade de Workington, Inglaterra, que o grupo estava mudando seu nome de Earth para Black Sabbath. O quarteto já tocava ao vivo as músicas “The Wizard”, “Warning”, “N.I.B.” e a faixa título.

A produção do álbum ficou a cargo de Rodger Bain e o engenheiro de som foi Tom Allom. Segundo o guitarrista, a gravação não foi fácil. “Nosso maior problema sempre foi explicar, para as pessoas que nos gravaram, como configurar o nosso som. Minha guitarra e o baixo de Geezer precisam combinar entre si para criar um muro de som”, diz Iommi em sua biografia. As músicas foram gravadas praticamente em um take, com pouca edição.

 

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Tony Iommi e Ozzy Osbourne (Foto – Reprodução/Facebook Black Sabbath)

 

Histórias

 

Todos na banda eram inexperientes em estúdio. Porém, como em qualquer grupo, alguém sempre sofre um pouco mais do que os outros. No Sabbath, o baterista Bill Ward era o alvo principal das brincadeiras do quarteto. “Bill tocava de um jeito diferente a cada maldita vez. Ele não sabia quantas vezes tinha de entrar e, em certas partes, ele tocava três compassos em vez de quatro. Nós mantivemos os três e a tocamos assim até hoje”, relembra Iommi se referindo a gravação de “Eletric Funeral”.

A polêmica faz parte da história do Black Sabbath. A mídia sempre ligou a banda a temas “satânicos” e isso acabou influenciando parte do público. Os fãs do grupo, por exemplo, acreditam que “N.I.B.”, um dos clássicos do disco, é uma abreviação para “nativity in black”, algo como “presépio negro”. O motivo real do nome, segundo Iommi, é cômico. “Nós chamávamos o Bill de “fedido” e também de “nib” porque, com a barba, o rosto dele parecia a ponta de uma caneta. Apenas soava engraçado para nós…”, diz Tony. Em inglês o termo seria pen nib.

Toda essa aura “demoníaca” foi alimentada pela capa do álbum que, segundo Tony, não foi uma ideia do grupo. “Não tivemos nada a ver com a arte da capa. A foto foi tirada no Mapledurham Watermill. Não estávamos lá quando foi tirada, mas conhecemos a garota da imagem. Uma vez ela veio a um show e se apresentou. Eu achava uma boa capa, realmente diferente, mas dentro dela havia uma cruz invertida, o que deu margem a todo tipo de comentário negativo a nosso respeito. De repente viramos satânicos”, brinca Iommi em sua biografia.

Cada integrante da banda recebeu 100 libras para gravar o primeiro álbum. Em março de 1970, “Black Sabbath” chegou ao 8º posto entre os mais vendidos do Reino Unido.

Confira o clipe da faixa título do álbum.