A noite de abertura da 21ª edição do festival Psycho Carnival, que aconteceu na sexta-feira (21) no Jokers, em Curitiba, reuniu veteranos e estreantes. Do Ovos Presley, um das bandas mais fundamentais do Psychobilly brasileiro, aos estreantes do Fish’n Creepers e do The Freeborn Brothers, o lineup do evento reuniu grupos que apresentaram um panorama bem diversificado da música underground no mundo, atualmente.

Fish’n Creepers

O trio curitibano Fish’n Creepers foi o primeiro estreante no festival a pisar no palco do Jokers. Taylor (bateria e vocal), Véio (guitarra e backing vocals) e Jeff (baixo) abriram o show com “Opossum lava surf”, “Killer boy” e “The evil dead (Dead by dawn)”. O setlist da apresentação ainda teve outras músicas que deverão fazer parte do primeiro álbum do grupo, como “Stranger” e “Madnes in my head”.

O Fish’n Creepers fez um show seguro, apresentando um som muito bem executado que tem como base várias referências do Psychobilly tradicional.

Estreia de gala

“Awful guitar” encerrou a apresentação. “Esse show sempre ficará marcado na história da banda! Receber a confiança da organização pelo nosso trabalho e ver esse reconhecimento do palco, com a galera agitando, cantando as músicas e usando nossas camisetas e patches com certeza é um grande incentivo. Foi muito gratificante e continuaremos trazendo mais músicas, aperfeiçoando o nosso som para poder voltar ao palco do Psycho Carnival mais vezes”, finaliza Taylor.

Assista ao vídeo da música “You’ll die”, gravada ao vivo no show do Fish’n Creepers na noite de abertura do Psycho Carnival, e veja também o nosso álbum de fotos da apresentação.

Mongo

Os curitibanos do Mongo vieram em seguida. Mais do que acostumados ao palco do Psycho Carnival, G-Lerm (vocal), Ariton (guitarra), Matheus Moro (bateria) e Ricardo Crespo (baixo) abriram o show com “M.O.N.G.O.”, “Until I die” e “Crazy shit”, faixa-título do EP do grupo, que acaba de ser lançado.

Esse foi o terceiro ano seguido que a banda se apresentou no festival, mas a história dos integrantes na cena Psychobilly brasileira é ainda mais antiga, afinal, G-Lerm e Ariton fizeram parte do Chernobillies Matheus Moro (bateria) já fez parte do Ovos Presley, do Hillbilly Rawhide e do Movie Star Trash, e Ricardo Crespo integrou o Roadrunners, banda Rockabilly de São Paulo.

Setlist reforçado

O show também serviu para mostrar as canções do novo álbum ao público, entre elas, a versão para “The alcoholic”, da banda inglesa Chaos UK, e faixas do primeiro EP da banda, “I Die at Midnight” (2019), como “House of the dead” e “Altered state of mind”.

Uma versão para “Mongoloid”, do DEVO, encerrou a apresentação. “O show foi foda, um dos mais fortes que já fizemos, e mesmo sendo cedo rolou wrecking e o público interagiu bastante! Como foi o primeiro show depois do lançamento do EP, deu pra ver que muita gente conhecia as músicas e isso foi bem legal. No mais, a equipe de palco do Jokers foi perfeita como sempre e só temos a agradecer!”, finaliza G-Lerm.

Assista ao vídeo da música “Crazy shit”, gravada ao vivo no show do Mongo na noite de abertura do Psycho Carnival, e veja também o nosso álbum de fotos da apresentação.

Asteroides Trio

Franco Kid (vocal e bateria), Weasel Rocker (baixo) e Formiga (guitarra) abriram o show com “Nancy, vamos para casa”, “Pelas Ruas” e “Bandeira Negra”, versão da banda para a música dos Herdeiros da Revolta.

O setlist ainda teve clássicos da cena Psychobilly brasileira, como “O último dos moicanos” e “Mundo caos”, e uma versão para “Juventude Perdida”, do Ratos de Porão.

Posicionamento político e social

A banda também apresentou a recém-lançada “Não à intolerância (Larissa)”, que fala sobre o assassinato da jovem transexual Larissa Rodrigues, espancada até a morte em um bairro nobre da capital paulista em maio de 2019. Na gravação, o Asteroides contou com a participação do artista performático General Sade.

Uma versão para “Aint got no home”, de Clarence ‘Frogman’ Henry, encerrou a apresentação. “Adoramos a energia da galera! O show foi intenso. É interessante ver pessoas pogando e outras dançando ao mesmo tempo. Nossos sinceros agradecimentos mais uma vez pela oportunidade de participar da festa”, diz Franco.

Assista ao vídeo da música “Não à intolerância (Larissa)”, gravada ao vivo no show do Asteroides Trio na noite de abertura do Psycho Carnival, e veja também o nosso álbum de fotos da apresentação.

Kingargoolas

A banda Kingargoolas, de Guarapuava, interior do Paraná, participou do Psycho Carnival pelo 5º ano consecutivo. Mackey (guitarra e teremim), Arêdes (guitarra), Joerto (baixo) e Cerso (bateria) abriram o show com “Tits a go go”, “Lambreta sunburst” e “Corra, calos, corra!”.

O setlist ainda teve músicas de todos os álbuns lançados pelo grupo até hoje, como “Redemption road”, “Enia, puxe o freio!”, “Dr. Gori is a Tiki” e uma versão para “The robots”, da banda alemã Kraftwerk.

O Kingargoolas também aproveitou o show no festival para apresentar a recém-lançada “Cantona’s fatality”, nome que é uma referência à famosa “voadora” que o jogador francês Éric Cantona deu em 1995, quando jogava no clube inglês Manchester United, em um torcedor que proferiu insultos fascistas.

Foco na essência das músicas

Dessa vez, a banda optou por não usar o teremin, instrumento que é composto por uma base de madeira ou plástico na qual são fixadas duas hastes de ferro. Quando o músico aproxima as mãos dessas hastes, um som diferente é criado. Quanto mais próximo, mais agudo ele será. O teremin acabou se tornando uma espécie de marca do grupo porque a sonoridade dele realmente chama muito a atenção, porém, como é usado somente em duas músicas, a banda decidiu não levá-lo ao palco.

“ACME speed dynamite” encerrou a apresentação. “Acredito que foi o melhor show que fizemos no Carnival em se tratando de resposta do público. A estreia da ‘Cantona’s fatality’ foi muito importante porque ela carrega um posicionamento necessário ao escancaramento do fascismo na sociedade”, finaliza Cerso.

Assista ao vídeo da música “Cantona’s fatality”, gravada ao vivo no show do Kingargoolas na noite de abertura do Psycho Carnival, e veja também o nosso álbum de fotos da apresentação.

The Freeborn Brothers

O show dos poloneses do The Freeborn Brothers estava cercado de expectativa. Afinal, o grupo vem se destacando na nova cena musical europeia com um som muito original e criativo.

Niko Soszynski (banjo, bateria e vocal), Mateusz Plesniak (acordeom, guitarra e vocal), Pawel Kus (baixo e vocal), Arkadiusz Hawro (trumpete) e Krzysztof Rakoczy (trombone) abriram o show com “Seven people” e “Marnosc nad marnosciami”, do recém-lançado “Astral Trails” (2019).

O som do Freeborn Brothers surpreende porque o grupo mistura elementos do Folk, ritmos do leste europeu e uma boa dose de música cigana que são transformados em um ritmo contagiante.

Sinergia

Porém, o show do Freeborn Brothers não se resume somente à música. No palco, o grupo atua como se estivesse em uma peça de teatro, utilizando algumas encenações para construir o enredo do espetáculo.

Em uma delas, Hawro e Rakoczy travam uma “batalha” na qual o trompetista é morto e, posteriormente, ressuscitado com a ajuda da plateia ao som do tema da série Game of Thrones.

Uma versão de “Down to hell” que durou 15 minutos encerrou a apresentação. No meio da música, Mateusz foi para o meio do público, fez o público se ajoelhar e comandou um “ritual”. O mais interessante é que as pessoas entraram no clima da banda e participaram.

Sem dúvida nenhuma, o The Freeborn Brothers foi uma das maiores surpresas positivas do Psycho Carnival nos últimos e, para a banda, a oportunidade de fazer uma mini-tour pelo Brasil também ficará marcada na história do grupo polonês. “Para nós, o show no Psycho Carnival foi ótimo! A resposta do público foi impressionante e a vibração foi incrível. Gostaríamos de poder tocar mais. Você pode sentir que as pessoas estão realmente na cena psycho e é bom ver que elas se divertem com uma banda que não é do Psychobilly! Com certeza nós faríamos novamente!”, finaliza Nico.

Assista ao vídeo da música “Down to hell”, gravada ao vivo no show do The Freeborn Brothers na noite de abertura do Psycho Carnival, e veja também o nosso álbum de fotos da apresentação.

Ovos Presley

Na 19ª participação do Ovos Presley na história do Psycho Carnival, a mais antiga banda do Psychobilly curitibano ainda em atividade fez o que sabe fazer como ninguém, que é se divertir e divertir o público.

Comemorando 27 anos de estrada, Ademir (vocal), Wallace Barreto (guitarra e vocal), Nei Rodrigues (baixo) e Fabio Banks (bateria) abriram o show com “Defuntos também sabem dançar”, “Papai é um morto-vivo” e “Cão sarnento”. No setlist, que teve nada menos do que 25 músicas, a banda incluiu todos os grandes clássicos criados por eles, como “P.Q.P.”, “Maldito cupido” e “Apodrecer”.

Insanidade e Psychobilly na veia

Os shows do Ovos sempre foram marcados por muita energia e interação com o público, mas dessa vez os músicos do grupo pareciam ainda mais animados. Depois do show, Banks comentou que a banda tinha feito alguns ensaios e que a intenção era tocar as músicas em uma cadência “um pouco mais lenta”. Porém, o que se viu ao vivo foi justamente o contrário com o grupo tocando ainda mais rápido do que de costume.

Assim, o wreck comeu solto durante todo o show. Até Ademir desceu do palco para participar da roda, em meio ao público.”Triste fim” encerrou a apresentação. “Como sempre, o Psycho Carnival foi de arrebentar! Para nós, é sempre um prazer tocar no festival, rever e fazer novos amigos e estar presente com as bandas dos camaradas que tocaram no mesmo dia. Dessa vez ensaiamos antes do show (risos), mas não conseguimos tocar uma música nova, como alguns estavam esperando, mas colocamos no set algumas que não tocávamos há bastante tempo. No próximo, esperamos estar com material novo, se der tudo certo (risos)”, finaliza Nei.

Assista ao vídeo da música “tristes homens azuis”, gravada ao vivo no show do Ovos Presley na noite de abertura do Psycho Carnival, e veja também o nosso álbum de fotos da apresentação.