O tradicional evento curitibano começa hoje no Jokers e reunirá bandas de várias vertentes e lugares do Brasil e do mundo
Já são 21 anos de luta na linha de frente do underground brasileiro. Independentemente do apoio ou não do poder público ou de empresas privadas, o festival curitibano Psycho Carnival continua construindo uma história que já o colocou entre os maiores eventos de Psychobilly no mundo. “Eu acho que o Psycho Carnival é um ato de resistência natural. É sempre complicado organizar uma festa desse tamanho e com essa importância em qualquer parte do mundo, mas ao mesmo tempo, também é muito gratificante”, diz um dos organizadores do festival, o músico e produtor cultural Neri.
A 21ª edição do Psycho Carnival começa nesta quinta-feira (20) com as apresentações do Hillbilly Rawhide e da banda Terremotor (Umuarama) na tradicional Noite do Esquenta, no Jokers. A programação do evento, que vai até o dia 24, terá shows de 37 bandas de sete países e algumas apresentações no Lado B Bar, na Gibiteca de Curitiba, nas Ruínas de São Francisco e no Largo da Ordem serão gratuitas.
Depois, nos dias 25 e 26, a festa segue para a Ilha do Mel, no litoral paranaense, com uma programação quase completamente gratuita. Confira todas as informações neste link.
Atitude e resistência
Manter o festival na ativa durante duas décadas certamente é um motivo de orgulho para os organizadores, principalmente porque a luta, nos últimos anos, foi ainda maior. “Acredito que a parte mais difícil em todo esse processo é a instabilidade econômica do nosso país, que acompanhou o festival em grande parte de sua história. Passamos por um período de ‘bonanza’ há alguns anos e tínhamos a esperança de manter uma estabilidade que nos permitisse continuar trazendo grandes shows para os nossos amigos”, analisa Neri. Porém, todos esses momentos difíceis, ao invés de levarem ao encerramento do festival, acabaram forjando a “alma” do Psycho Carnival. “Continuamos lutando, mas hoje as dificuldades são infinitamente maiores em razão do inacreditável momento político no qual estamos vivendo”, complementa Neri.
Nos últimos dois anos, o festival tem recebido um número maior de bandas de outros estilos, além do Psychobilly. Esse é um processo que surgiu naturalmente para tornar o evento ainda mais democrático e abrangente. “O Psychobilly, assim como a maioria dos estilos, surgiu de fusões sonoras, e sinceramente acredito que ter essa diversidade é algo que agrega valor ao festival. Digo diversidade de influências para as bandas e uma maior gama de opções sonoras pro público presente”, explica.
Nesta edição, além do Psychobilly, o festival também mostrará um grande panorama do que há de melhor no mundo do Rockabilly, Punk Rock, Outlaw Country e Surf Music. “Neste ano, eu destaco a diversidade musical e geográfica do lineup. Teremos bandas de diversas localidades e estilos, e acredito que conseguimos montar este quebra-cabeça de forma eficiente. Até agora foi um trabalho insano, e o festival nem começou. Estamos ansiosos pra escrever mais um capítulo histórico para a nossa cena ao lado de todas as bandas, casas de shows e amigos que certamente se farão presentes”, diz.
O respeito internacional
Para uma grande banda de qualquer estilo vir tocar no Brasil, é preciso uma boa dose de confiança nos produtores brasileiros. Afinal, alguns grupos construíram uma história tão relevante que permite a esses artistas a possibilidade de escolher onde e quando se apresentarão.
O Psycho Carnival já recebeu boa parte dos ícones do Psychobilly e isso, com certeza, tem a ver com o respeito que o festival adquiriu em todo o mundo. Esse período de construção da reputação do evento foi muito importante para que, hoje, os organizadores consigam trazer qualquer grande nome do estilo. “O Vlad é um dos pilares da cena na América Latina. Toda a trajetória e a inquietação dele para produzir gerou vários frutos, entre eles o Psycho Carnival, que é um festival organizado por amigos para amigos, de pessoas da cena para a cena. Acho que esse respaldo é parte fundamental do pacote Psycho Carnival que nos permite trazer todas essas bandas pra cá”, elogia.
A segunda vinda dos ingleses do Guana Batz, a grande atração desta edição, é um dos grandes exemplos desse respeito. Em 2016, na primeira vez que tocou no Psycho Carnival, o grupo estava há 27 anos sem pisar em solo brasileiro.
Até aquele momento, o único show da banda de Pip Hancox no Brasil tinha sido em 1989, em uma apresentação na cidade de São Paulo que se tornou história para os fãs de Psychobilly na América do Sul. Quase três décadas depois, em 2016, os ingleses aceitaram o convite dos organizadores do festival curitibano e puderam sentir novamente o quanto são queridos pelos fãs brasileiros. “Foi um grande show para nós. Realmente não tínhamos ideia do que esperar depois de ficarmos longe por tanto tempo, mas a reação do público foi melhor do que poderíamos ter imaginado”, disse Pip ao Cwb Live depois daquela apresentação.
Hoje, quatro anos depois, o Guana Batz está de volta e justamente por causa dessa reputação profissional que os organizadores construíram ao longo desses 20 anos. “O Vladão puxou o piloto na negociata com a turma. Pra falar com peixe grande, você tem que colocar um tubarão!”, diz.
Mesmo para quem acompanha a lenta construção do festival de perto durante todo o ano, o nível de envolvimento e profissionalismo dos organizadores com cada etapa do Psycho Carnival sempre impressiona. “De certa forma eu sempre me surpreendo quando vejo o lineup final. Eu tenho um envolvimento emocional gigantesco com o festival e sempre fico muito satisfeito quando vejo o pôster sendo divulgado”, afirma.
Acima de tudo, o festival é uma grande reunião de amigos e, ao ser tratado dessa forma, todo o público que acompanha os shows se sente parte do evento. “Acho que o Psycho Carnival continua existindo porque ele se mistura com a história da cena latino-americana que é integrada por nós. Acho que todos somos parte fundamental dessa festa anual que é pensada, planejada e organizada com todo cuidado para que possamos continuar a ver nossos amigos e respirando o que mais gostamos. O meu papel e o do Vlad nesse processo é o de tornar isso possível e assim será enquanto tivermos força pra seguir adiante”, finaliza Neri.
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