Texto e tradução: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Foto: Divulgação
Em 1997, a banda italiana Rhapsody começava a escrever o seu nome na linha de frente do Heavy Metal Sinfônico. O estilo, que une o peso do Metal à grandiloquência das orquestrações, se tornaria muito popular em todo o mundo nos anos seguintes.
Hoje, após duas décadas de estrada, o grupo resolveu colocar um ponto final em sua trajetória. Nesta sexta-feira (12), o Rhapsody se apresenta na Ópera de Arame, em Curitiba. A “20th Anniversary Farewell Tour” ainda passará por São Paulo, Porto Alegre, Florianópolis, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. A abertura do show ficará a cargo da banda curitibana Devil Sin.
No ano passado, Fabio Lione (vocal), Luca Turilli e Dominique Leurquin (guitarras), Patrice Guers (baixo) e Alex Holzwarth (bateria) tomaram a decisão de encerrar a vida da banda com uma turnê de despedida. “Tivemos algumas ofertas e, na verdade, já estávamos falando sobre isso há um ano. 2017 marca o 20º aniversário da banda, então, isso era algo que tínhamos que fazer por nós e por nossos fãs! Eu estou muito feliz! É uma celebração de 20 anos do Rhapsody (a banda original e o nome original!). É importante que as pessoas entendam que esta será a última chance de ver todos nós juntos. Depois disso, a banda original não se apresentará mais”, explica Fabio.
Duas bandas, duas visões diferentes
Os shows acontecem em um momento de divisão da banda. Paralelamente, outros ex-integrantes do Rhapsody, “rebatizados” como Rhapsody of Fire, anunciaram a regravação de várias composições antigas do grupo. “Honestamente, eu nunca vi algo semelhante em nenhuma outra banda (risos). Eu sinto muita tristeza por eles. Acho que eu não conheço ninguém que regravou completamente todas as baterias, baixos, guitarras, teclados e vocais de velhas canções clássicas de álbuns clássicos”, afirma o vocalista.
O CD deve ser lançado no próximo dia 26 e será composto por 14 faixas, entre elas, “Land of immortals” e “Emerald sword”, mixadas pelo produtor Seeb Leverman. “Isto é o que eles disseram quando divulgaram a notícia: ‘regravar faixas históricas antigas não é tão comum entre as bandas porque provavelmente há uma falta de autoconfiança ou porque, para alguns músicos e fãs, o que é parte do passado não deve ser tocado. Nós não concordamos’. Bem, eu acho que a maneira com que eles escreveram faz você entender que eles sabiam (risos)! Não é realmente como a frase ‘não é tão comum’. Eu não conheço qualquer banda que tenha feito algo assim”, continua.
Fabio também ressalta o seu papel como letrista no Rhapsody. “Devemos considerar que no momento eles não têm uma pessoa que escreve as letras (porque eu fui o único que escreveu todas as letras nos últimos dois álbuns). Então, essa foi obviamente a maneira ‘fácil’ para eles. Você não tem que escrever novas músicas, letras, etc. Só regravar algumas músicas com os integrantes atuais”, analisa. “Claramente é uma grande falta de respeito comigo, em primeiro lugar, e também com o Luca, o Holzy, o Patrice, o Dominique e os fãs da banda. Como muitos fãs estão dizendo no momento, em vez de apresentar novas músicas de uma nova banda, ‘atualmente, esta é melhor banda cover do Rhapsody’. Provavelmente, essa é a melhor definição que você pode ter para eles e eu tenho que concordar com os fãs”, complementa.
A despedida
Alguns shows da “20th Anniversary Farewell Tour” devem ser gravados para, posteriormente, serem eternizados em um DVD. “Estamos discutindo a possibilidade de lançar um DVD desta excursão de adeus. Queremos celebrar os 20 anos do Rhapsody original da melhor maneira possível”, revela o vocalista. “Realmente, é uma turnê de despedida. O Rhapsody original não existirá mais depois disso. O Staropoli continuará com a sua própria banda e o Luca com seu Rhapsody de Turilli. Mas aqui e agora nós estamos falando sobre a banda original com os integrantes originais que tocaram na banda durante 20, 18 ou 16 anos, não um ou poucos anos”, alfineta Fabio. “O que eu sei é que, para nós, (eu, Holzy e Luca), isso representa o fim de um capítulo importante em nossas vidas”, complementa.
Os fãs brasileiros
Desde o início da banda, o Rhapsody sempre teve muitos fãs no Brasil. De acordo com Fabio, o relacionamento do grupo com o público brasileiro sempre foi muito próximo. “Os fãs no Brasil são incríveis! A atmosfera durante o show e quando você conversa com a plateia é realmente algo único. Provavelmente, será ainda mais emocionante e agradável agora que eu aprendi um pouco de português e tenho essa ‘conexão’ com os fãs. Durante a nossa carreira, o Rhapsody não se apresentou muito no Brasil. Geralmente tocamos em São Paulo então, agora, eu estou muito feliz em ver que, desta vez, nós teremos a chance de fazer mais shows nesse maravilhoso país”, afirma.
Na chamada que gravou recentemente e publicou nas redes sociais do Rhapsody, Fabio elogia muito a Ópera de Arame. Em 2016, o vocalista deveria ter se apresentado no local com o Angra (banda da qual faz parte desde 2013), mas o show acabou sendo transferido para a Pedreira Paulo Leminski.
Naquela ocasião, o vocalista teve a oportunidade de conhecer o complexo da Pedreira Paulo Leminski. “Eu visitei a Ópera de Arame e fiquei impressionado. É um lugar muito agradável e particular. Acho que será o lugar perfeito para o nosso show. Maravilha!”, diz, entusiasmado.
Parceria com um ícone da dramaturgia
Em 2004, o Rhapsody lançou o álbum “Symphony of Enchanted Lands Part II”. Na gravação, Fabio e sua banda contaram com a participação do ator Christopher Lee (O Senhor dos Anéis, “Guerra nas Estrelas – O Ataque dos Clones”).
A experiência é lembrada até hoje por Fabio e seus companheiros. “Tivemos muitos momentos divertidos e agradáveis com ele! Queríamos que ele participasse porque era o homem perfeito para isso! Era um cavalheiro, uma lenda viva! Impossível não pensar em ‘Star Wars’, ‘Dracula’, ‘O Senhor dos Anéis’ e outros filmes. O que o Lee fez em sua vida foi simplesmente incrível! Ele era um grande homem e todos nós tivemos muita sorte de sorrir, conversar e trabalhar com ele”, elogia o vocalista.
Alguns momentos da convivência de Lee com os integrantes do Rhapsody, porém, foram ainda mais especiais. “Eu ainda lembro de quando ele me disse: ‘escute, Fabio, se você vai tocar na Inglaterra com a sua banda eu gostaria de estar no palco com você! Na Inglaterra, porque eu estou ficando velho’. Tenho certeza de que, de alguma forma, ele estará conosco e com nossos fãs durante esta turnê. Ouvir a sua voz novamente em algumas partes do nosso setlist será mágico!”, complementa.
Além de participar do álbum, Christopher Lee também gravou o clipe da música “The magic of the wizard’s dream”, onde canta ao lado de Fabio. “Lembro que não foi tão fácil convencê-lo a cantar no estúdio porque ele não queria usar os fones de ouvido, no início, e também para explicar as partes que ele gravaria”, conta.
Mas, fora o talento interpretativo de Lee, uma “sugestão” do ator ficou registrada na memória do vocalista. “Gravamos com uma orquestra completa e coros atrás de nós dois. Nós cantamos a canção em quatro línguas diferentes (inglês, francês, italiano e alemão). Na verdade, ele queria cantar em nove línguas diferentes, mas eu disse: ‘meu caro Lee, talvez quatro já seja suficiente’ (risos)”, relembra.
Estar ao lado de um ídolo também exigiu que Fabio se dedicasse ainda mais ao seu ofício. “Eu tive que ter o tempo certo, a sentença cantada na hora certa, no tom, com a respiração correta, etc. Eu considero o ‘Symphony of Enchanted Lands Part II’ o nosso trabalho mais ambicioso. Temos uma orquestra completa misturada na música conosco, além do Christopher Lee como narrador e cantando comigo. O CD tem grandes canções, uma balada fantástica e uma produção incrível. Trabalhamos duro e demoramos bastante tempo para gravar esse álbum, mas o resultado foi incrível!”, afirma.
Os últimos momentos da banda
Após a turnê e o fim do Rhapsody, os integrantes do grupo devem se dedicar aos seus projetos particulares. “Eu acho que o Luca continuará lançando discos com a sua banda e sei que ele tem outro novo projeto que, com certeza, surpreenderá muita gente! Quanto a mim, finalmente eu terei que pensar em um disco solo, eu acho (risos). No momento, estou trabalhando em um novo disco com os caras do Angra e, também, temos alguns shows para fazer comemorando os 25 anos da banda”, revela.
Fabio também deve trabalhar em outras frentes, além do Angra. “Eu tenho uma nova banda chamada Eternal Idol. Acabamos de voltar da Espanha, onde fizemos quatro shows e o nosso primeiro disco, ‘The Unrevealed Secret’, está recebendo grandes elogios dos fãs e da gravadora Frontiers Record. Estou realmente muito feliz com isso, pois tudo está crescendo ao redor desta banda. Também tenho de lançar um disco com o meu amigo Alessandro Conti (vocalista da banda do Luca). Como muitos de vocês sabem, fui eu quem apresentou esse cara para o Luca, há alguns anos”, conta.
Atualmente, o momento é de celebração. Afinal, são 20 anos de história de uma das bandas que criaram o Heavy Metal Sinfônico. “Eu estou muito animado por ter a chance de tocar em Curitiba, nesta cidade e neste lugar fantástico. É a nossa primeira vez em Curitiba com o Rhapsody (com os membros originais) e este show será realmente algo único e mágico, eu prometo! Não percam esta oportunidade, meus amigos. Vejo vocês em breve. Abraços!”, finaliza Fabio Lione.
Os ingressos para o show desta sexta-feira (12) na Ópera de Arame custam: Plateia – R$ 80 (meia-entrada) e R$ 160 (inteira). Plateia Premium – R$ 135 (meia-entrada) e R$ 270 (inteira).
Os bilhetes podem ser adquiridos no site da Ticket Brasil e nas lojas Dr. Rock (Rua Emiliano Perneta, 297, loja 4, Shopping Metropolitan. Fone: 3024-0669), Monstros do Rock (Rua Emiliano Perneta, 30, loja 26, Galeria César Franco. Fone: 3022-7786), Túnel do Rock (Rua XV de Novembro, 74, Centro. Fone: 3322-4077) e Hand & Made Music Shop (Shopping Palladium. Fone 3212-3223).
A classificação etária é de 14 anos (menores entram somente acompanhados pelo responsável). É necessário levar documento de identidade. A casa abre às 20 e os shows começam às 20h30. A Ópera de Arame fica na Rua João Gava, s/n, no Abranches.
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