A Pedreira Paulo Leminski está de volta. Fechada desde agosto de 2008, em virtude de uma ação movida pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) após reclamações dos moradores da região, o mais tradicional local de shows da cidade finalmente foi reaberto na noite deste sábado (29), no aniversário de Curitiba. E a honra desse momento especial coube ao Rei Roberto Carlos.

Devido à grandiosidade do evento, um grande aparato de segurança e orientação foi montado para a reinauguração da Pedreira. As ruas próximas ao local tiveram o trânsito bloqueado, o que permitiu a chegada tranquila do público a pé. Perto das 22h, quase uma hora além do horário previsto, a orquestra que acompanha o cantor deu início a um pout-porri com vários trechos de canções do Rei. Todo de branco, Roberto Carlos entrou no palco ao som de “Emoções”. Ao final da música ele agradeceu ao público, aos patrocinadores e produtores. “Eu poderia falar mais, mas eu falo melhor cantando” disse. “Além do Horizonte” veio a seguir.

O repertório do show passou por vários períodos da carreira do cantor, da fase mais rock and roll de “É Proibido Fumar” e “O Calhambeque”, até as baladas como “Eu Te Amo, Te Amo, Te Amo”. Antes de “Esse Cara Sou Eu”, Roberto falou sobre a letra da canção. “Essa música fala de como todo homem deveria ser. Eu procuro ser assim”, disse arrancando aplausos do público feminino. Em “Detalhes”, sentado em um banco no centro do palco e com a iluminação sobre si, Roberto tocou no violão boa parte da música, antes que a orquestra o acompanhasse.

O público que lotou a nova Pedreira foi extremamente respeitoso com o cantor, aplaudindo ao término das canções e ouvindo atentamente. A popularidade que Roberto mantém desde o início de sua carreira, nos anos 1960, envolve vários fatores. As letras de suas canções se baseiam, principalmente, em dois temas que atingem em cheio o grande público: amor e religião. Um exemplo dessa alquimia foi o momento mais emocionante do show, a tocante “Nossa Senhora”. Falando de esperança e fé, a canção foi sentida de forma muito forte pelo público, pois cada pessoa parecia conseguir “encaixar” a letra em algum momento de sua vida.

“Jesus Cristo” fechou a apresentação, com todo o público se levantando para acompanhar Roberto. Como é tradicional em seus shows, o cantor distribuiu dezenas de rosas aos fãs antes de se despedir e deixar o palco. Neste link você pode ver fotos mostrando como ficou o complexo da Pedreira Paulo Leminski.

A aura de Rei

O adjetivo de “Rei”, carregado por Roberto Carlos desde os anos 1970, não pode ser compreendido de forma total sem que o fã veja um show do cantor, ao vivo. O domínio que ele tem sobre o público realmente impressiona. Roberto conversa, faz piadas e explica o teor de algumas músicas, tudo de forma tranquila e sem estrelismos. Essa proximidade com a plateia certamente é um dos segredos desses mais de 50 anos de estrada. Os números comprovam essa popularidade. Segundo a Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), Roberto já vendeu mais de 120 milhões de álbuns, ficando atrás apenas da dupla sertaneja Tonico & Tinoco, com 150 milhões. Se essa contagem, que começou a ser feita em 1990, envolvesse as cinco décadas de carreira do cantor, esses números seriam diferentes.

A sensação, ao final do show, era de que muito ainda está por vir. Curitiba, finalmente, retoma seu lugar cativo no roteiro dos grandes shows nacionais e internacionais, que praticamente abandonaram a cidade nesses últimos seis anos.

Confira três vídeos do show: “Esse Cara Sou Eu” , “Detalhes” e “Cama e Mesa” .

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