As consequências da ousadia de Roberto Medina mudaram os rumos do showbizz brasileiro e repercutem até hoje
As histórias da 1ª edição do Rock In Rio, que foi realizada de 11 a 20 de janeiro de 1985 na Cidade do Rock, no Rio de Janeiro, são impagáveis. Nos dez dias do evento, as bandas viveram momentos surreais, tantos nos shows quanto nos dias de folga.
Boa parte dessas histórias aconteceram na casa oficial dos grupos durante o RIR, o Hotel Copacabana Palace, que hospedou a maioria dos artistas estrangeiros. Eles ficaram nos dois últimos andares do Copa, onde cada um deu o seu “show” particular. O baterista do Iron Maiden, Nick McBrain protagonizou uma cena no mínimo engraçada correndo ao redor da piscina, abraçado ao guitarrista do Whitesnake, John Sykes, e beijando as mãos das hóspedes mais idosas.
Já o vocalista do Iron, Bruce Dickinson, não cansava de procurar alguma pessoa no hotel com quem pudesse praticar esgrima no quarto dele. Enquanto isso, o segurança da banda, John Harte, de modestos 2,08 metros de altura e pesando 108 quilos, ficava atento a cada movimento dos ingleses. Harte foi “roubado” do KISS, pois o Iron ofereceu um salário melhor.
Já o guitarrista do AC/DC, Angus Young, preferiu trocar de hotel indo para o Sheraton ao lado da esposa, Petra, alegando que o quarto deles era muito pequeno. O real motivo seria a bagunça protagonizada pelos outros astros hospedados no Copacabana.
O Rock In Rio foi encerrado no dia 20 de janeiro de 1985, com o show do Yes, ostentado números inacreditáveis. Foram realizados 54 shows nos dez dias do festival, rendendo 90 horas de música. 1,235 milhão de pessoas passam pela Cidade do Rock. Foram vendidos 900 mil sanduíches, 500 mil pedaços de pizza, 1,6 milhão de litros de bebida e 500 mil maços de cigarro.
1,38 milhão de espectadores estiveram presentes nos dez dias de shows. Foram gastos cerca de 11 milhões de dólares na organização do evento. Mas o impacto na música brasileira e na vida dos fãs foi ainda maior. Hoje, um dos legados do festival é a quantidade de shows que o país recebe anualmente.
Na verdade, o Rock In Rio cumpriu o propósito de uma maneira muito maior do que Roberto Medina e a Artplan imaginavam. Depois do RIR, o cenário musical do Brasil, e por consequência de toda a América do Sul, nunca mais foi o mesmo. “Mudou tudo, a começar pela relação comercial do mercado musical brasileiro com o resto do planeta. Até o Rock in Rio I o Brasil era um celeiro de ladrões. Artistas vinham aqui e levavam calote, tinham equipamentos roubados, enfim, era uma terra de ninguém. O Rock in Rio profissionalizou essa relação, moralizou, escreveu novos e sensacionais protocolos. Se hoje o Brasil está no mapa da música mundial é por causa do Rock in Rio”, finaliza Luiz Antonio Mello, que na época dirigia a Fluminense FM, uma das rádios mais importantes do país.
Confira o show do Yes, que encerrou o festival.
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