Texto: Marcos Anubis
Fotos: Arquivo pessoal Eduardo urso
Entre idas e vindas, a banda curitibana Slammer está completando 21 anos de estrada. Porém, mesmo com todo esse tempo de vida, só agora o grupo conseguiu viabilizar o lançamento do CD de estreia.
Nessa quarta-feira (9), para dar uma amostra do que vem por aí, Eduardo Urso (baixo e vocal), Zema (guitarra) e Bruno Hordak (bateria) lançaram o lyric video de “Dominium, que é o primeiro single do álbum. A produção do vídeo foi do produtor Ovelha Filmmaker, da Ovelha Filmes.
Formada em 1999 por Urso e Zemma (guitarras), Leônidas Zanelo (vocal), Tersis Zonato (baixo) e Chrystian Mass (bateria), o grupo encerrou e retomou as atividades várias vezes nas últimas duas décadas. A mais recente volta aos palcos aconteceu em 2017.
Dominium in the name of Satan
O Brutal Heavy Metal do Slammer não é para neófitos. Afinal, a banda aposta em um Metal old school, sem firulas ou excesso de virtuosismo. Basicamente, é um som feito por headbangers para headbangers.
Autointitulado, o CD de estreia do Slammer será composto por nove faixas e uma bonus track. “Ele foi feito com muito carinho e se chamará apenas ‘Slammer’ porque reúne músicas que existem há mais de 20 anos”, explica Urso.
A gravação aconteceu em Curitiba no Studio Kafofo, do guitarrista e vocalista da banda Alma Negra, Tiago Braga. A produção ficou a cargo do músico e produtor paraguaio Rolando López, que veio ao Brasil especialmente para isso.
A mixagem e a masterização foram realizadas no Studio Las Palmeras, que fica na cidade de Assunção, capital do Paraguai. “É um dos melhores estúdios da América Latina! O López é um dos produtores mais renomados do Metal latino-americano e agora está começando a trabalhar com o mercado brasileiro”, elogia.
A capa foi criada pela designer Thelma Roza, que é esposa de Urso. “Ela é o quarto elemento do Slammer (risos)”, diz.
O lançamento acontecerá por meio de um selo brasileiro que, por enquanto, a banda ainda não quer revelar. “Esse selo trabalha de uma maneira muito forte na América do Sul e reúne grandes nomes do Metal nacional. Isso foi muito importante para que fizéssemos essa produção com nível gringo”, explica.
Uma vida dedicada ao Heavy Metal
Profundo conhecedor da cena Metal curitibana, Urso lembra que o surgimento das bandas e do público que acompanhava o Heavy Metal na capital paranaense, no início da década de 1980, foi gradativo. “Nessa época, rolavam vários shows de grupos como o Metal Pesado e o Cavaleiros do Apocalipse, que sempre tocavam no Teatro Universitário de Curitiba (TUC). Então, começamos a despertar para um som mais extremo, um visual com jaqueta de couro, cabelos compridos e tal,” diz.
Algumas pessoas que fizeram parte dessa época ainda trabalham com música. É o caso do atual baixista e vocalista da The Secret Society, Guto Diaz, que fez parte da Epidemic e do Primal. “Lembro que a primeira banda mais extrema dessa época foi o Epidemic do meu amigo Guto Diaz, mais ou menos em 1986. Ali já foi surgindo uma cena real, com fanzines e troca de fitas K7. Também apareceram outros grupos, entre eles, o Scarnio, Infernal, Funeral, Masmorra e o Holy Death. Em minha opinião, essa é a segunda geração de bandas da cidade”, complementa.
Desse momento em diante, o fortalecimento gradual fez com que os grupos de Curitiba começassem a se tornar conhecidos fora da capital paranaense. “A cena curitibana se tornou forte no Brasil a ponto de todas as bandas sonharem em vir tocar aqui. Tínhamos um público fanático e grupos que estavam em um nível muito acima dos padrões da época. Só não tínhamos um selo ou uma gravadora local e aí, nunca aconteceu uma explosão do Metal curitibano como a que rolou em Belo Horizonte, por exemplo. Eu sempre achei que essas duas cenas eram muito parecidas”, diz.
Para ilustrar a paixão que os integrantes da cena Metal curitibana sempre demonstraram, Urso conta uma história que faz parte da trajetória de uma das maiores bandas do país. “Para se ter uma ideia, posso citar o clássico álbum ‘Sonho Maníaco’, do Korzus. As fotos do encarte são de um show em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, e quem aparece nas imagens somos nós, os headbangers curitibanos! Nessas fotos, nas quais os caras do Korzus rasgam elogios à plateia, aparece a nossa turma com uns 50 garotos de Curitiba que estavam lá nesse dia”, conta.
Com os alicerces fortemente construídos, já na década seguinte, aconteceu a consolidação do Heavy Metal curitibano a nível nacional. “A cena local explodiu mesmo nos anos 1990 com a terceira geração na qual surgiram o Amen Corner e o Murder Rape, quando o Death Black Metal curitibano passou a ser muito respeitado no país”, complementa.
Agora, 21 anos após o início da jornada e sendo reconhecida como uma das bandas que ajudaram em todo esse processo, chegou a hora do som do Slammer finalmente ser registrado. “É um sonho que está sendo realizado! Nós gravamos algumas demos e EPs totalmente independentes, mas nunca conseguíamos passar o que a banda realmente era. Agora, com esse full length, nós atingimos uma maturidade musical e uma sintonia muito boa e produtiva entre nós”, analisa.
O próprio single ‘Dominium” já revela a linha musical na qual o Slammer acredita. “Ele mostra o que nós sempre buscamos: um som old school sem ser datado, uma coisa atual. É como nos sentimos hoje, não como uns veteranos vivendo de passado. O Rolando foi muito importante para que conseguíssemos tudo isso tudo na produção. Ele realmente mergulhou de cabeça na alma da banda. Eu fui a Assunção, convivi algum tempo com ele e a gente se deu muito bem, pois surgiu uma amizade e a sintonia foi imediata. Acho que esse CD vai causar uma boa emoção em nós, headbangers!”, finaliza Eduardo Urso.
Assista ao vídeo de “Dominium” e aproveite para assinar o Cwb Live, pagando a quantia que você achar justa. É só clicar no link da plataforma Catarse que está abaixo (campanha “Eu Apoio o Cwb Live”.
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