Texto e foto: Marcos Anubis

A banda ainda fez uma emocionante homenagem ao guitarrista Jeff Hanneman



A apresentação do Slayer no BioParque, nessa terça-feira (24), esquentou a fria noite curitibana com uma aula de Thrash Metal e uma homenagem a um dos maiores guitarristas e compositores da história do estilo.

Após o excelente show dos suecos do Ghost, o quarteto americano entrou no palco ao som de “World painted blood”, faixa-título do álbum lançado em 2009. Imediatamente, as rodas de mosh pit se abriram e o público curitibano, castigado por uma temperatura de 5 graus, tratou de se “aquecer”.

Após “Disciple”, o vocalista e baixista Tom Araya saudou o público, em bom português: “e aí Curitiba?”, brincou. Esse foi um dos poucos momentos de interação do quarteto com os fãs. Ao contrário da grande maioria dos artistas atuais, em um show do Slayer você não verá conversas com a plateia ou elogios exagerados. A banda toca uma música atrás da outra, criando uma parede sonora indescritível.

Na sequência da apresentação, Araya gritou o refrão de “Dead skin mask”, acompanhado pelo público. “Danço com os mortos, em meus sonhos. Ouço seus gritos sagrados. Os mortos tomaram conta da minha alma. A tentação me fez perder o controle”, diz a letra.

Homenagem ao “anjo da morte”

Quando o grande pano de fundo colocado atrás do palco caiu repentinamente e exibiu uma bandeira com o nome do ex-guitarrista e membro fundador do Slayer, Jeff Hanneman, falecido no último mês de maio, muitos fãs foram às lágrimas.

O que veio a seguir, com os primeiros acordes de “South of heaven”, ficará eternamente na memória dos headbangers curitibanos.

Com as luzes apagadas, dois telões gigantescos ao lado do palco exibiam imagens de Hanneman.

Ao final da música, com as guitarras de Kerry King e Gary Holt literalmente gritando para criar uma atmosfera sinistra, a banda emendou “Raining blood”.

As luzes vermelhas projetadas na névoa criada pelo gelo seco compunham um cenário perfeito para o momento.

Para o representante comercial Fábio Santos (43), a expectativa é de que a morte do guitarrista seja superada pela banda. “Homenagem justa! Será difícil preencher a lacuna que o cara deixou. Espero que o som deles não mude, apesar dessa  grande perda para o Slayer e para a história do Metal”, diz.

“Angel of death” encerrou a apresentação. Ao final da música, a logomarca da Heineken, adaptada com o nome de Hanneman, grande apreciador da cerveja holandesa, ficou estampada na cor vermelha, nos dois telões. “Buenas noches”, disse Araya, já com o grupo se retirando do palco.

Em relação ao show, Fábio acredita que a banda poderia ter incluído outras canções no setlist. “Gostei muito. Faltaram algumas músicas, mas festivais são assim mesmo. O show foi direto e reto, sem firula. Slayer, como sempre”, finaliza.

Superando obstáculos

2013 vem sendo o ano mais conturbado na carreira do Slayer. No último mês de fevereiro, o baterista Dave Lombardo foi demitido, em circunstâncias estranhas, às vésperas de uma turnê pela Austrália.

O golpe mais duro veio três meses depois com a morte do guitarrista e membro fundador da banda, Jeff Hanneman, em decorrência de uma cirrose. O músico já estava afastado dos shows, se tratando de uma doença auto imune adquirida após sofrer uma picada de aranha.

Os substitutos, o guitarrista Gary Holt, que também toca no Exodus, e o baterista Paul Bostaph, que já havia gravado três álbuns com o grupo, “Divine Intervention” (1994), “Diabolus in Musica” (1998) e “God Hates Us All” (2001), não sentiram o peso da responsabilidade, pois são músicos experientes e acostumados com o som da banda.

As apresentações no Rock in Rio, em São Paulo e em Curitiba, mostraram que o Slayer, apesar de todos os problemas, continuará visitando o “sul do paraíso” e se manterá como um dos principais nomes do Thrash Metal mundial ainda por muitos anos.

Confira a homenagem ao guitarrista Jeff Hanneman com as músicas “South of heaven” e “Raining blood”.

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