Texto: Marcos Anubis
Tradução e revisão: Pri Oliveira
Foto: Reprodução/Facebook The Meantraitors
Em 1989 o mundo começava a mudar significativamente. Na Alemanha, o muro de Berlim vinha abaixo após 28 anos separando a parte oriental e ocidental da capital germânica. Na esteira desse clima renovador, três jovens músicos da cidade de São Petersburgo, na Rússia, também seriam protagonistas de uma mudança.
Surgia ali o The Meantraitors, banda que carrega o status de pioneira na criação da cena Psychobilly russa. Além disso, a influência do trio ultrapassou as fronteiras do que, na época, era conhecida como Cortina de Ferro. “Nós fomos os primeiros não apenas na Rússia, mas em todo o leste europeu! Nós tivemos cenas Rockabilly e Punk muito grandes por aqui, então, não foi um grande problema começar a construir a nova cena Psychobilly”, conta o guitarrista, vocalista e membro fundador da banda, Stas Bogorad.
As lembranças daquele período turbulento na vida de seu país, mas também extremamente criativo na vida da banda, ainda parecem estar vivos nas lembranças de Stas. “Naquele tempo era muito mais fácil surpreender o público. As pessoas ficavam completamente malucas nos nossos shows. Também não havia muitos clubes ou casas de shows naquela época, então todos os fãs sabiam onde tinham que ir”, complementa.
Com a semente plantada, ao longo das décadas seguintes, a evolução da cena Psycho da Rússia foi acontecendo aos poucos. “Eu contaria cerca de dez ou mais bandas de Psychobilly que apareceram na Rússia durante os últimos vinte e cinco anos, porém, nenhuma delas se tornou grande ou conhecida. No entanto, bandas como Magnetix, Hellstompers e Squidbillies são muito boas e tocam no exterior com frequência” conta Stas.
O choque inicial
No Brasil, quando o Meantraitors surgiu, os fãs de Psychobilly ficaram impressionados com a velocidade do baixo nas músicas da banda. Tudo aconteceu com a “aquisição” de um dos melhores músicos da história do gênero. “Nós só queríamos ser durões. Enquanto brincávamos com o som limpo, nós encontramos o Dima D-jazz, que se tornou o baixista dos nossos dois primeiros álbuns. O cara é muito talentoso! Nós ensaiamos muito para chegar nessa velocidade e tivemos que escolher as cordas certas para o seu slap-bass, assim como a distância entre as cordas e a ‘mão’ do instrumento”, conta.
Com os ingredientes escolhidos e bem harmonizados, o resultado foi um som com personalidade que se tornou a marca do The Meantraitors. “Nós só queríamos fazer um ‘slap Psychobilly’ rápido e perfeito, e nós fizemos. Mas tudo isso não é apenas sobre o slap: todos os componentes da banda durante todas as formações do Meantraitors são muito bons músicos. Nosso ex-baixista Dima D-jazz está lutando contra um câncer e ele está tendo muito sucesso com o tratamento. Nós desejamos a ele uma recuperação rápida”, conta.
Após a saída de Dima D-jazz, o som do Meantraitors sofreu uma “mutação”. Hoje, o trio vem incorporando outros elementos musicais ao seu Psychobilly. “Não é realmente uma mudança, é um desenvolvimento. Nós ainda tocamos o mais verdadeiro e brutal Psychobilly que poderíamos tocar”, diz.
O fato é que, sem Dima, o grupo teve que fazer uma escolha para manter a integridade de sua obra. “Realmente não importa se você toca com ou sem o slap-bass. Eu decidi mudar para um baixo elétrico assim que o nosso baixista deixou a banda, e não havia outros músicos realmente perto do nível dele. Eu definitivamente não queria que a qualidade da nossa música ficasse pior”, explica.
A marca deixada por essa fase inicial do Meantraitors, porém, nunca foi apagada. “Nossos fãs superaram essa mudança facilmente. Mas de tempos em tempos eu recebo cartas e mensagens de fãs de outros países, onde eles me perguntam se temos planos de voltar ao slap. Eu não sinto que eu preciso dele, assim como eu não sinto que quero isso agora”, complementa.
Psycho vegano
Quando se fala de Rock ‘n’ Roll, em suas variadas ramificações, é normal pensarmos em um universo onde os “vícios” rondam diariamente a vida dos artistas.
Na contramão disso, o guitarrista e vocalista do Meantraitors é um exemplo de que nem sempre essa realidade é assim tão pesada. Há quase três anos, Stas Bogorad resolveu adotar a conduta alimentar chamada de veganismo puro. “É a forma mais difícil do veganismo, ou seja, você come apenas alimentos não animais e só é permitido consumi-los sem tratamento térmico. Parece bem difícil, mas esse tipo de alimentação proporciona vários bônus como boa saúde, aparência mais jovem e baixa sensação de fadiga”, explica.
Stas também procurou estender esse controle a outros segmentos de sua vida. “Há cerca de sete anos eu parei de beber, e não fumo há mais de dez anos. Então, não demorou muito para eu dar esse último passo e me tornar um vegano puro”, complementa.
Esse estilo de vida regrado faz com que o vocalista do Meantraitors veja com outros olhos a famosa trilogia sexo, drogas e Rock ‘n’ Roll. “É muito triste o fato de que muitos fãs na nossa cena tenham muito envolvimento com o álcool ou mesmo com drogas. Eu desejo que todos vivam as suas vidas sóbrios. Você pode ser muito feliz e encontrar uma diversão bem maior permanecendo limpo”, diz.
O The Meantraitors se apresenta no próximo domingo (7), fechando a terceira noite do Psycho Carnival no Jokers Pub. “Eu sei que este festival é um dos melhores eventos de Psychobilly em todo o mundo. É uma honra podermos tocar nesse festival, estamos ansiosos para encontrar todos os fãs brasileiros”, finaliza Stas.
O Psycho Carnival começa na próxima sexta-feira (5) no Jokers Pub. Os ingressos para o evento são limitados e podem ser adquiridos no site da Ticket Brasil. Em Curitiba os bilhetes também estão à venda nas lojas Dr. Rock Centro (Shopping Metropolitan, Praça Rui Barbosa, 765, loja 4, Centro), Dr. Rock Jardim (Shopping Jardim das Américas, Av. Nossa Senhora de Lourdes, 63, Loja 73-B, Piso 1, Jardim das Américas) e na Túnel do Rock (Rua XV de Novembro, 74, Centro). Em São Paulo os ingressos estão à venda na Galeria do Rock (Av. São João, 439, 3º andar, loja 402) e em Blumenau na Blu Rock (Rua Dr. Amadeu da Luz, 132, Centro).
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