Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Fotos: Silvia Zamboni

Zeca Baleiro_crédito foto Silvia Zamboni_70c

O cantor, músico e compositor maranhense Zeca Baleiro se apresenta nesta sexta-feira (9), na Ópera de Arame, em Curitiba. O show marca a estreia da nova turnê de Zeca, batizada de “O Amor no Caos”, e a cidade escolhida para o pontapé inicial foi a capital paranaense. “Foi uma feliz coincidência. Agendávamos São Paulo, Rio e Belo Horizonte quando surgiu o convite para começarmos a turnê por Curitiba e Porto Alegre. Digo ‘feliz’ porque adoro tocar em Curitiba. Já fiz shows incríveis aí”, diz Zeca Baleiro.

Aliás, a relação com Curitiba é antiga e já rendeu alguns shows que acabaram sendo mais especiais. “Foram vários. O primeiro, há uns 20 anos, quando dividi o palco com o Chico César. Depois, na turnê de ‘Líricas’, fizemos um show inesquecível, com muito calor, no Teatro Guaíra. Fiz um show maravilhoso com a Orquestra à Base de Cordas de Curitiba. E mais recentemente, em uma edição do Festival Lupaluna, dei canjas com a Omara Portuondo e o Charlie Brown Jr.”, relembra.

Com mais de 20 anos de estrada, Zeca resolveu inovar e inverter o processo “natural” dos lançamentos no mundo fonográfico. Isso porque o novo álbum só deve ser lançado no início de 2019, mas a turnê começa com a apresentação de hoje. “É para mexer com a rotina, sair do conforto, experimentar caminhos diferentes. É sempre saudável”, explica. Nas últimas semanas, Zeca lançou dois singles que farão parte do CD: “Te amei ali” e “Por minha rua”.

O nome “O Amor no Caos” não faz uma referência direta ao momento conturbado que o Brasil está vivendo nos últimos anos. Mesmo assim, Zeca acredita que existe uma conexão. “Quando batizei o show, eu me referia a um ‘caos’ mais, digamos, cósmico, planetário. Mas pode ser associado ao momento do país também, por extensão”, conta.

Durante as mais de duas décadas de trajetória artística, Zeca compôs canções em parceria com vários artistas. Entre elas, estão “Pedra de responsa”, com Chico César, e “Quase nada”, com Alice Ruiz.

O novo álbum também tem várias parcerias que foram construídas por Zeca ao longo de sua carreira. “São canções feitas nos últimos anos com parceiros como o Frejat, o Moska, o Dany Lopez, compositor uruguaio, e o Joãozinho Gomes, um poeta paraense. Achei que as canções tinham força e mereciam um registro”, diz.

Zeca Baleiro_crédito foto Silvia Zamboni_137c

Criatividade como linha mestra

Todos os álbuns de estúdio lançados por Zeca, desde o primeiro, “Por Onde Andará Stephen Fry?” (1997), até o mais recente, “Era Domingo” (2016), trazem algum elemento musical ou lírico diferente.

“Por Onde Andará Stephen Fry?”, aliás, faz parte de qualquer discoteca básica que inclua a história da música brasileira. Afinal, o álbum que colocou Zeca Baleiro no mapa é cheio de referências − não só musicais, mas também culturais. “Discos de estreia têm um frescor, uma energia jovial de chegada… Quanto às referências, elas são colocadas intuitivamente, nunca de um jeito professoral. Conheço gente que foi ler Baudelaire e Rimbaud depois de ouvir minha música ‘Maldição’. Mais um ‘efeito colateral’ da canção (risos), analisa.

Pelo fato de estar prestes a lançar o novo trabalho, Zeca ainda não teve tempo de contextualizar o álbum “O Amor no Caos” dentro de uma discografia que já soma dez discos de estúdio. “Pois é, não sei (risos). Geralmente avalio isso depois do disco pronto, nunca antes. É um disco que quer passar leveza musical e também despertar reflexões, é tudo que sei por ora”, diz.

Nos últimos anos, Zeca também tem apresentado shows em vários formatos, talvez como uma forma de potencializar as possibilidades criativas.  Entre eles, estão uma turnê composta por músicas de Zé Ramalho e uma série de apresentações com a Orquestra à Base de Corda de Curitiba e com a Camerata Florianópolis.

Manter essa versatilidade musical, na visão de Zeca, é essencial para oxigenar a criatividade. “Assim como as parcerias, que injetam oxigênio na gente, os vários formatos também são saudáveis, desafiadores”, diz.

A música como agente transformador da sociedade

Nas canções que construiu ao longo dessas duas décadas, Zeca sempre procurou valorizar o texto nas músicas. “Para mim, é fundamental. O texto é tão importante que às vezes sobrevive à música. Ele pode ser mais longevo”, afirma.

Dessa forma, Zeca ainda é um dos poucos artistas que, felizmente, ainda cultivam a ideia de que as canções podem fazer a diferença na sociedade e, de alguma maneira, mudar a vida das pessoas. “Pode não ter a mesma influência de antes, mas ainda é algo com potencial transformador. Ouço muitos relatos de pessoas que se alimentaram e se fortaleceram com minha música. Casos isolados, mas fico feliz de saber”, complementa.

Ainda em relação à preocupação com o lado social, nas eleições presidenciais, Zeca teve uma postura firme, mas educada, a favor da democracia. Ele inclusive chegou a postar um vídeo nas redes sociais tocando e cantando uma música que falava das escolhas que o eleitor teria no dia da votação.

Passada a eleição, mesmo com um cenário social e democrático que, no momento, parece incerto, Zeca não acredita que o mercado musical sofrerá de alguma forma. “Acho que não. Essas histórias de boicote a artistas que circularam nas redes é patético. Parece Macarthismo, caça às bruxas, é inaceitável em um regime democrático”, opina. Assim, Zeca também não acredita na tão falada volta da censura para obras de artistas brasileiros. “Não deixaremos que isso aconteça. Se acontecer, burlaremos. Censores costumam ser burros (risos)”, finaliza Zeca Baleiro.

Serviço

Os ingressos para o show de hoje custam: Plateia Silver – R$ 190 (inteira) e R$ 100 (meia-entrada). Plateia Gold – R$ 220 (inteira) e R$ 115 (meia-entrada). Plateia VIP – R$ 290 (inteira) e R$ 150 (meia-entrada). Já está incluso o valor de R$ 10 de acréscimo por bilhete referente à taxa de administração do Disk Ingressos.

Os bilhetes podem ser adquiridos no site Disk Ingressos, na loja da empresa no Shopping Palladium (de segunda a sexta, das 11h às 23h, aos sábados, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h), nos quiosques instalados nos shoppings Mueller e Estação (de segunda a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h), no Call center pelo fone (41) 3315-0808 (de segunda a sexta, das 9h às 22h, e aos domingos, das 9h às 18h). As entradas também podem compradas nas bilheterias dos teatros Positivo (de segunda a sexta, das 9h às 21h, e aos sábados, das 9hs às 18hs) e Guaíra (de terça a sábado, das 12h às 21h).

A meia-entrada é válida para estudantes, pessoas acima de 60 anos, professores, doadores de sangue e portadores de necessidades especiais (PNE) e de câncer.  Advogados da  OAB-PR, portadores do cartão Clube Disk Ingressos e Uningressos, associados do Clube do Assinante Gazeta do Povo e do Clube Santa Mônica também possuem 50% de desconto.

A casa abre às 20h e o show começa às 21h. A classificação etária é livre. A Ópera de Arame fica na Rua João Gava, s/n, no Abranches.