Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Fotos: Reprodução Facebook Flicts

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A banda paulista Flicts fará a sua estreia no Psycho Carnival no dia 9 de fevereiro, no Jokers, na noite de abertura da 19ª edição do festival. Arthur (guitarra e vocal), Jefferson (baixo e vocal) e Rafael (bateria e vocal) não escondem a ansiedade por fazer o seu debut naquele que é considerado o maior evento de Psychobilly da América do Sul. “A expectativa é grande para tocar porque todos nós já estivemos no festival em algum momento como público. Temos muitos amigos em Curitiba e tem muita gente daqui de São Paulo e de outras regiões do país que viaja para acompanhar o festival. Então, sempre encontramos amigos e amigas em Curitiba”, diz Arthur.

Formado em 1996, o Flicts está completando 22 anos de estrada. Até hoje, a discografia do grupo conta com sete álbuns lançados: “Matando a Pau!” (1997), “Apesar das Aparências, Ainda Somos a Escória” (1999), “Apostando Tudo” (2000), “Canções de Batalha” (2002), “Third World Jihad” (2004), “Singelos Confrontos” (2013) e “Sonhos Corrompidos” (2015).

O próximo trabalho já está na alça de mira do grupo. “Estamos pensando, mas devagar, sem pressa, uma música de cada vez, ensaiando bastante para não perder tempo no estúdio. Ainda não sabemos quando o próximo disco será gravado”, diz.

Mais de duas décadas de Punk

Fazendo um paralelo entre a cena atual e a que existia no início da banda, Arthur consegue perceber algumas diferenças. “Acho que, quando começamos, tivemos a sorte de participar de um período de efervescência da cena punk, hardcore e alternativa em geral no fim dos anos 1990, início dos anos 2000, com as pessoas interessadas, o Hangar 110 em São Paulo e o 92 Graus em Curitiba, entre outros. Enfim, havia muita gente em várias partes do país produzindo álbuns, músicas, zines e shows”, analisa.

Esse cenário se refletia na participação do próprio público dentro da cena. “Os shows eram mais cheios, as pessoas saíam mais de casa para ver as bandas ao vivo. Ao mesmo tempo, tinha muita gente que estava nessa ‘por estar’, como algo passageiro, e que deixaram de frequentar esse circuito. Muita gente envelheceu, tem outras prioridades, filhos, trabalho, e já não pode acompanhar tudo como antes. Normal. Acredito que a tendência daqui para frente será de shows menores em locais mais modestos e com pessoas que estão nessa porque verdadeiramente querem estar”, analisa Arthur.

Aventuras curitibanas

A capital paranaense é uma espécie de segunda casa para o Flicts. Tradicionalmente, os shows do grupo em Curitiba sempre rendem boas histórias. “Acho que, depois de São Paulo, Curitiba é o lugar que mais recebeu shows do Flicts. A primeira vez foi marcante na nossa história porque foi o nosso primeiro show em outro estado e abrindo para o Cólera. Temos todo esse rolê filmado, a viagem na van, a chegada ao 92 Graus antigo ali na Visconde de Rio Branco… Ir para Curitiba de van, aliás, sempre foi uma aventura! Acho que na primeira metade dos anos 2000, de cada dez vezes que viajamos para tocar aí, em umas seis a van deve ter quebrado na estrada”, conta.

A que mais ficou marcada na memória do Flicts aconteceu quando a banda tocou em uma sexta-feira no Hangar 110, em São Paulo, e saiu direto para Curitiba para um show no dia seguinte.

Quando faltavam menos de 100 quilômetros para chegar em seu destino, o motor da van que trazia a banda quebrou. O grupo acabou encontrando um mecânico na beira de estrada que, depois de investigar o problema, disse que poderia consertar, mas que precisaria levar o motor para a retífica.

Sem opção, a banda ficou esperando o conserto. “Ele prometeu que, por volta das 15h, a gente estaria saindo. Ficamos lá bebendo cerveja e comendo porcarias de uma vendinha que ficava perto. Lá por 16hs, o cara disse que a van tinha ficado pronta. Entramos para seguir a viagem, mas não andamos nem 50 metros porque o motor quebrou de novo! Além disso, o mecânico disse que estava indo embora, que não daria tempo de arrumar e que a gente teria que passar a noite na van, na beira da estrada até o outro dia!”, continua.

A solução foi apelar para a organização do show. “Ligamos para o JR e alguém do 92 graus arrumou um guincho. Já era noite quando ele apareceu para o alívio de todos e lá fomos nós, dentro da van, em cima do guincho! Chegamos ao 92 de em cima da hora. Foi descer, pegar os instrumentos, subir no palco e tocar!”, diz.

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Eurotrip

Nesses 22 anos de estrada, o Flicts já teve algumas oportunidades de tocar fora do país. A mais recente aconteceu em 2015 e a banda foi muito bem-recebida pela cena punk europeia. “O nosso primeiro álbum já tinha saído na Europa e a gente também já tinha ido em 2004, então, algumas pessoas já conheciam a banda. Mas, por outro lado, fazia tanto tempo que o Flicts não tocava na Europa que acabou sendo a nossa ‘segunda, primeira vez’, saca? Nessa tour de 2015, na Alemanha e na França, dividimos o palco com o Rasta Knast, o Los Fastídios da Itália, o The Restarts da Inglaterra, o Simbiose de Portugal e várias outras bandas legais. O show em Berlim foi no Köpi, que é uma ocupação que existe há décadas. Foi muito legal, com vários amigos e amigas presentes”, conta.

A importância das letras

O Punk tem a contestação social como uma de suas maiores características. Hoje, o estilo se torna ainda mais relevante por causa da turbulência pela qual o país passa.

Portanto, a mensagem, nesse sentido, é uma parte importantíssima do Punk Rock. “Desde o começo da banda, sempre nos preocupamos com as letras mais politizadas, de contestação e de afirmação da cultura anarquista. Essas letras tornaram-se ainda mais presentes, incisivas e maduras após o retorno da banda, em 2010. Essa tendência veio se fortalecendo desde então, acompanhando a polarização política pela qual o país e o mundo passam. Em um momento de retomada conservadora, fundamentalista cristã e fascistoide, acentuar a mensagem anarquista em particular, e antifascista em geral, é fundamental”, explica Arthur.

Ao mesmo tempo, absorver as letras continua sendo uma questão individual. “Acho que essa questão é muito individual. No nosso caso, acho que as letras são importantíssimas. Tenho certeza de que elas fazem as pessoas gostarem da nossa música ou odiarem na mesma medida (risos)”, diz.

Apesar de o show do dia 9 ser a estreia do Flicts no Psycho Carnival, a banda faz questão de ressaltar uma das características do evento: valorizar vários estilos musicais além do Psychobilly. “Hoje, ele é um dos principais festivais do país. Não é qualquer festival que dura tanto tempo e atrai tanta gente. Me agrada que a organização sempre tenha dado espaço a outros estilos, como o Punk, por exemplo”, finaliza Arthur.

Valores e formas de compra dos ingressos

O Flicts se apresenta no dia 9, na noite de abertura do Psycho Carnival, ao lado das bandas Sick Sick Sinners (Curitiba), Crazy Horses (Londrina), O Lendário Chucrobilly Man (Curitiba), Nausea Bomb (França) e Skullbillies (Curitiba). O Jokers fica na Rua São Francisco, 164, no Centro.

Os ingressos individuais e os pacotes são limitados e já estão à venda. Os valores são: Pacote 4 noites – R$ 260. Pacote 3 noites – R$ 230. Ingresso Individual 9/2 – R$ 40. Ingresso Individual 10/2 – R$ 75. Ingresso Individual 11/2 – R$ 95. Ingresso Individual 12/2 – R$ 75. Os valores dos ingressos são promocionais. É necessário levar 1kg de alimento não perecível na entrada de cada show.

Os bilhetes podem ser adquiridos no site Sympla. A compra também pode ser efetuada por meio de depósito bancário na conta: Banco do Brasil, em nome de Juliana Ribeiro, agência 0056-6, conta poupança 83970-1, operação 51, CPF 224.119.648 70.

O valor dos ingressos pode ser depositado em dinheiro por meio de envelopes ou nos caixas eletrônicos, direto no caixa ou por meio de transferência entre contas do Banco do Brasil. A retirada desses ingressos será feita no Jokers Pub nos respectivos dias e horários do evento.

Após a compra é necessário enviar um e-mail para zombiesunion@gmail.com seguindo o formato: nome completo, data e hora do depósito, valor do depósito, nome completo dos acompanhantes, especificando o tipo e dia do ingresso e tipo de depósito. Também é obrigatório informar os dados do comprovante, que deverão ser: o número do envelope (depósito no caixa eletrônico), o número do documento (depósito direto no caixa), número da agência, conta de origem e nome completo do titular da conta (transferência entre contas).

Exemplo – Nome completo: Fulano de tal. Data e hora do depósito: 20/11/2017 às 10:20. Valor do depósito: R$ 300. Nome completo dos acompanhantes, especificando o tipo e dia do ingresso: Fulano, 1 pacote, 3 noites, R$ 270, número do envelope 000.000.000. Os e-mails de confirmação serão enviados em até sete dias após a confirmação do recebimento.