Como a “Telúrica – Mostra de Palhaçaria”, produzida apenas por artistas mulheres, reflete uma mudança estrutural no humor brasileiro

Dentro da programação do 32º Festival de Curitiba, a “Telúrica – Mostra de Palhaçaria” é a oportunidade de ver, a quente, o movimento de uma mudança histórica na cena do humor nacional.

Na mostra, que estará em cartaz entre os dias 29 e 31 de março, no Teatro Novelas Curitibanas, o público poderá perceber tanto a expansão no cenário da palhaçaria feita por mulheres nas últimas décadas quanto a criação de uma linguagem própria neste segmento que une o humor à reflexão sobre diversidade e o lugar da mulher na sociedade.

Pois o formato da mostra, que está na programação do Fringe, é uma adaptação do “Telúrica – Festival Feito por Palhaças”, um festival com espetáculos teatrais e circenses, cinema, oficinas, mesas de bate-papo e intervenções de rua que acontece desde 2019 em Curitiba e já teve três edições.

O evento é o primeiro com esta proposta no Paraná e está inserido no movimento nacional da valorização da palhaçaria feita por mulheres e minorias em outros estados do país.

“Estar dentro do Festival de Curitiba amplia o olhar sobre o nosso trabalho e sobre o movimento da palhaçaria feita por mulheres como um todo. No Festival há uma possibilidade de sermos vistas por outros públicos”, disse Karina Flor, a palhaça Skarlate.

Assim, se há alguns anos, palhaços homens eram a regra e as mulheres muitas vezes precisavam vestir roupas masculinas ou contracenar cenas de conteúdo misógino, há, pelo menos, duas décadas a produção de palhaçaria feita por mulheres se expandiu em todo o país com a formação de coletivos, festivais, mostras e eventos como o Encontro Internacional de Mulheres Palhaças (EIMPA) que acontece em São Paulo há nove anos e o  próprio – Telúrica – Festival Feito por Palhaças, entre outros.

E deste movimento surgem criações subversivas contra a ordem patriarcal em que as palhaças usam o humor na cena teatral, circense ou performática para falar da experiência de ser mulher no mundo.

Exatamente como fazem as artistas do Telúrica, as palhaças Bisnaga (Lucri Reggiani), Carmela (Camila Jorge), Melanina (Biaflora Lima), Iva Lourença Safo (Má Ribeiro), Siriema (Larissa Lima), Tinoca (Nathália Luiz) e Solara (Yara Rossatto), além da já citada Skarlate (Karina Flor).  Em 2024, elas ganharam o prêmio de reconhecimento do Prêmio Gralha Azul pelo trabalho feito em Curitiba nos últimos cinco anos.

Karina explica que o projeto do grupo é fazer o Telúrica entrar no calendário anual de festivais e que elas contam com a visibilidade da mostra no Fringe para ajudar a colocar luz sobre uma vertente que costuma ficar no fim da fila dos investimentos públicos e privados.

“A palhaçaria é uma linguagem à margem que trabalha muitas vezes a partir de verba zero. Os processos criativos são sempre muito individuais – bastante independentes, parte de um impulso de um movimento e uma ação”, disse Karina.

Ela conta que por meio de uma curadoria “carinhosa e inclusiva”, homens héteros não estão excluídos e atuam na produção, como parceiros e apoios e há homens LGBTQIAP+ no palco e na produção.  Além das cenas do grupo e de palhaças convidadas, há ainda duas mesas de bate papo sobre a produção artística feita por mulheres e minorias artísticas e sobre a multiplicidade do ofício palhaça.

Os ingressos podem ser adquiridos por meio do site do Festival de Curitiba e na bilheteria física exclusiva no Park Shopping Barigüi (Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 600, Ecoville), de segunda a sábado, das 10h às 21h, domingos e feriados, das 12h às 20h).

O Fringe é apresentado por Sanepar e Tradener – Comercialização de Energia, com patrocínio de EBANX, Banco CNH Industrial e New Holland, ClearCorrect, Copel – Pura Energia, Brose,  UNINTER e GRASP.

Programação

Dia 29 – Sexta, às 19h30

Cabaré da Produção: Um cabaré que leva ao palco as artistas que estão nos bastidores da mostra, palhaças, iluminadoras, comunicadoras, produtoras, idealizadoras e fazedoras de tudo na produção da mostra.

Com: Biaflora Lima (Palhaça Melanina), Camila Jorge (Palhaça Carmela), Karina Flor (Palhaça Skarlate), Larissa Lima (Palhaça Siriema), Lucri Reggiani (Palhaça Bisnaga), MáRibeiro (Palhaça Iva Lorença), Nathalia Luiz (Palhaça Tinoca) e Yara Rossatto (Palhaça Solara).

Classificação: 18 anos

Dia 30 – Sábado

15h – Mesa Palhaçaria e Processos de Criação

Abertura com Vera Ribeiro- Palhaça Shoyu.
Convidadas: Ana Luiza Bellacosta, Ariadne Antico, Vera Ribeiro
Mediação: Karina Flor

19h30 – Cabaré Telúrica – Um cabaré de variedades com cenas de temas variados de Palhaçaria com as palhaças e palhaces de Curitiba, Brasília e Rio de Janeiro: Ana Luiza Bellacosta (Palhaça Madame Froda), Ariadne Antico (Palhaça Birita), Edna (Palhaça Wood), Iara Gonzalés (Palhaça Páprica),
Bruno Lops (Lourdes), André Daniel e Millena Muniz (Barbie Égua e Pita)
MCs: Larissa Lima- Palhaça Siriema e Biaflora Lima- Palhaça Melanina.

Classificação: 16 anos

Dia 31 – Domingo

15h -Mesa Mulheres Produtoras – Um Olhar Sobre Festivais
Convidadas: Bella Souza, Daniel Valenzuela, Priscila de Moraes e Yara Rossatto
Mediação: Greice Barros

19h30 -rádiO atalalaiA

A dupla Filhas da Fruta, as palhaças Iva Lourença e Carmela, conduzem um programa de rádio com notícias, horóscopos, músicas, telefonemas, previsão do tempo, histórias de amor, voz do Brasil, comerciais e outros quadros.

Filhas da Fruta (Rua)
MáRibeiro- Palhaça Iva Lorença
Camila Jorge- Palhaça Carmela

Os ingressos podem ser adquiridos por meio do site do Festival de Curitiba e na bilheteria física exclusiva no Park Shopping Barigüi (Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 600, Ecoville), de segunda a sábado, das 10h às 21h, domingos e feriados, das 12h às 20h).

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