Texto: Marcos Anubis
Fotos: Divulgação

Um mergulho no universo musical e cinematográfico da cultura trash. Essa é a linha de trabalho do duo paulista The Edwoods.

Formado em 2018 por Andy Edwood (vocal e bateria) e Eron Edwood (guitarra), o grupo acaba de lançar o EP de estreia, que representa muito bem essas influências.

“Drag Racer” tem quatro faixas e está disponível nas principais plataformas de música digital e também foi lançado em vinil 7″ pelo selo Rubber Octopus Records.

A sonoridade do The Edwoods no EP de estreia apresenta várias influências, entre elas, o The Cramps, o The Gories e o Stray Cats.

O resultado é um som minimalista, com batidas quase tribais e guitarras com um timbre “sujo”, bem característico do Garage Rock. “Nossas principais influências passam pelas bandas de Garage Rock americanas e pela sonoridade do The Cramps. Entretanto, ouvimos muitas outras coisas e elas acabam aparecendo nas nossas músicas. O principal intuito do nosso som é divertir as pessoas”, diz Andy Edwood.

Uma das bandas que entram nesse caldeirão sonoro é o B-52s, principalmente na pegada de guitarra da faixa “The monster”, que abre o EP. “A princípio, era apenas um riff despretensioso, mas quando a música tomou corpo, vimos que de fato tinha um ‘ar’ meio B-52’s”, explica.

Além do EP “Drag Racer”, a discografia do The Edwoods ainda conta com dois singles que foram lançados em 2019: “Bela Lugosi’s dead” (uma versão para o clássico do Bauhaus) e “Black firebird”.

Referências cinematográficas

O nome da banda é uma referência/homenagem ao cineasta norte-americano Edward Davis Wood Jr., um dos ícones da cultura trash. Ed Wood, como era conhecido, foi rotulado como o “pior diretor do mundo” porque trabalhava com um orçamento muito baixo, mas fazia o possível para que os filmes fossem gravados.

Assim, entre 1948 e 1976, Ed Wood gravou aproximadamente 30 filmes, entre eles, “Bride of the Monster” (1955), “Plan 9 From Outer Space” (1956) e “The Night the Banshee Cried” (1957). “O nome da banda, sem dúvida, é uma homenagem ao Ed Wood e a sua obra. Ele foi considerado por muitos como o pior cineasta da história. Contudo, apesar das improvisações derivadas do baixo orçamento do qual ele dispunha, os filmes que ele gravou são cheios de criatividade e se tornaram clássicos. Trouxemos algumas dessas características para a banda”, diz.

Um dos grandes momentos da ainda curta trajetória do The Edwoods foi a participação na edição deste ano do Psycho Carnival. Dentro do Psychobilly, o festival é um dos mais importantes do mundo e significa muito para as bandas que conseguem ser incluídas no lineup.

Para o The Edwoods, a experiência foi marcante. “Foi uma loucura! Uma mistura de nervosismo e felicidade por estar participando de um festival tão grande e importante. Tocamos com bandas consagradas no Brasil e no mundo e isso é motivo de muito orgulho pra gente. Além disso, vimos vários shows sensacionais e fizemos muitos novos amigos. No final, isso é o que conta”, diz.

Após o show no Psycho Carnival, vieram os contratempos causados pela pandemia na área musical. “Vários projetos foram engavetados, porém, o mais triste é ver algumas casas, estúdios e colegas da cena sucumbindo aos efeitos da quarentena. Ela é extremamente necessária, mas também muito cruel para quem trabalha com arte e cultura, principalmente para a cena independente”, analisa.

Realmente, esse impacto no underground vem sendo muito grande e as bandas estão se reinventando para conseguir divulgar os lançamentos que já estavam programados. “Estamos trabalhando e divulgando as nossas novidades por meio das redes sociais, de dentro das nossas casas. Voltamos a ensaiar há uma semana, mas seguindo os devidos protocolos. Como somos um duo, conseguimos ficar bem longe um do outro quando estamos no mesmo local (risos)”, diz.

Mantendo o foco nesses projetos que estavam planejados, o grupo pretende trabalhar em um full length assim que a realidade do mundo começar a voltar ao normal. “Lançar um LP faz parte dos nossos planos, quem sabe em 2021. Temos várias músicas prontas para serem lançadas. Assim que possível, vamos planejar outros lançamentos e uma sequência de shows”, finaliza Andy Edwood.