O Show da banda de Jay Aston no Lupaluna empolgou os fãs que ficaram para ver um dos ícones do Pop inglês

O show do grupo inglês Gene Loves Jezebel, na sexta-feira (18), no festival Lupaluna,  foi  uma grande apresentação de Rock’n’roll, para os bons entendedores. Afirmar isso, atualmente, é um fato raro, pois o Rock é tratado como uma “aberração” por parte do público consumidor de música no Brasil.

A banda subiu no palco perto das quatro horas da manhã e, logo de cara, teve um contratempo: um dos amplificadores queimou e precisou ser trocado. Isso é uma coisa normal em um festival do porte do Lupaluna e a organização agiu rapidamente. Solucionado o problema, a banda retornou para os camarins e refez todo o trajeto de volta ao Lunastage, acompanhada pelas câmeras que mostravam os bastidores em dois telões gigantescos colocados ao lado do palco.

O líder e fundador do grupo, o guitarrista e vocalista Jay Aston, estava com o rosto completamente pintado de branco. Nada surpreendente, afinal, o GLJ sempre usou maquiagem, fruto de uma certa androginia a la David Bowie em seu visual. Desta vez, porém, Aston realmente exagerou na tinta.

Infelizmente, a grande maioria do público já tinha ido embora, por causa do frio intenso e do horário. Os que ficaram viram um grande show que começou com a belíssima “Who wants to go to heaven”, do disco “You love it!” (1988). Em seguida, uma das melhores músicas da banda, “Josephina”, do CD “Heavenly bodies” (1993). “Break the chain” fechou a trinca inicial, colocando as cartas na mesa.

Durante a apresentação, Aston procurava, como de costume, fazer a plateia participar cantando as músicas. O problema é que o público que estava presente, com exceção feita a alguns fãs, não conhecia o trabalho do grupo, o que dificultava esse entrosamento. As pessoas que vão a um festival como o Lupaluna formam um grupo heterogêneo, misturando vários gostos e pensamentos sobre música. Muitos não tinham ideia do que o Gene Loves Jezebel representou para o rock oitentista e nem sabiam sobre a influência que eles exercem no som de artistas atuais como o Coldplay, por exemplo.

A busca pelo chamado “pop perfeito” era a meta das bandas, principalmente inglesas na década de 1980. Algumas chegaram bem perto desse “Santo Graal”, como o Stone Roses, o Echo and the Bunnymen e o Lloyd Cole and the Commotions. Em alguns momentos, o GLJ também se aproximou desse objetivo, como na música que o público mais conseguiu acompanhar, “Desire”, um dos clássicos do rock dos anos 80 e a mais conhecida do grupo. Confira neste link uma entrevista exclusiva com o vocalista Jay Aston e com o guitarrista James Stevenson.

Uma biografia cheia de intrigas

A história da banda é conturbada. Ela foi formada pelos irmãos Jay e Michael Aston em 1980, com outro nome: Slav Aryan. Em 1981 o grupo foi batizado com o nome atual. Durante os anos seguintes, eles lançaram alguns bons álbuns, como a trilogia “Promise”, “Imigrant” e “Discover”. No começo dos anos 1990, as desavenças entre os Aston começaram a surgir. Michael resolveu se retirar e teve início uma grande batalha judicial para decidir quem teria o direito de usar o nome Gene Loves Jezebel. Até hoje esse embrolho não foi solucionado e, por mais bizarro que seja, Jay e Michael usam a nomenclatura, cada um com o seu grupo.

A formação atual do GLJ, versão Jay Aston, tem Pete Rizzo no baixo, Robert Adams na bateria e o fantástico guitarrista James Stevenson, que faz todo o clima das músicas do Gene, com solos e efeitos espetaculares.

É extremamente elogiável a atitude dos organizadores do Lupaluna trazendo bandas que não pertencem ao grande circo comercial que domina a música no mundo. Acredito que isso tenha a influência do diretor da rádio Mundo Livre, Helinho Pimentel, idealizador da antiga rádio Estação Primeira, a saudosa 90.1 FM, que mostrou aos curitibanos, de 1986 a 1995, tudo o que acontecia no cenário musical do mundo, naquela época. O Gene Loves Jezebel foi apresentado aos fãs da cidade por meio das ondas da Estação Primeira.

É interessante perceber que alguns grupos resistem ao tempo e continuam mostrando trabalhos consistentes, que transcendem o tempo em que foram lançados. É o caso do Gene Loves Jezebel que, com mais de 30 anos de estrada, continua em forma.

Confira três vídeos do show do Gene Loves Jezebel: “Who wants to go to heaven”, “Josephina” e  “Break the chain”.

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