O grupo se apresenta nesta quinta-feira (20), na Live Curitiba

Em 2024, a banda alemã Helloween vai completar 40 anos de estrada, o que é uma marca de longevidade quase impossível de ser alcançada e se tornará cada vez mais rara diante da rapidez com que os grupos novos surgem e desaparecem.

Além disso, mesmo os artistas que conseguem chegar às quatro décadas de vida costumam estar tão cansados da rotina na estrada que, o simples ato de fazer um show, passa a ser apenas uma situação protocolar no dia a dia dessas estrelas.

Certamente, esse não é o caso do Helloween, pois basta dar uma olhada em qualquer vídeo dos shows que Michael Kiske e Andi Deris (vocais), Kai Hansen (guitarra e vocal), Michael Weikath e Sascha Gerstner (guitarras), Markus Grosskopf (baixo) e Dani Löble (bateria) fazem ao redor do mundo para perceber que eles continuam felizes e se divertindo muito no palco. “Feliz não é a palavra certa. Estamos totalmente gratos e orgulhosos, especialmente, vendo que o Helloween está mais popular do que nunca. Isso é muito mais do que jamais poderíamos ter sonhado e só podemos agradecer aos nossos fãs que nos levaram até lá e querem ver a gente fazendo shows!”, diz o vocalista Andi Deris.

Toda essa mística poderá ser presenciada pelo público curitibano, ao vivo, no dia 20 de abril, quando o Helloween desembarca na capital paranaense para uma apresentação na Live Curitiba. O show, além de ser um reencontro com os fãs, talvez também seja uma oportunidade única de ver de perto Andi, Kiske e Hansen dividindo os vocais para interpretar os maiores clássicos da banda.

Nesse setlist, devem estar as canções “How many tears”, “I want out” e “Eagle fly free”, que transformaram a banda em um dos maiores nomes da história do Power Metal.

Aliás, a turnê “United Forces” também vem se tornando um marco na história do Heavy Metal, justamente, por causa desse trio de vocalistas (e de guitarristas). “Tem sido ótimo, relaxante e maravilhoso dividir o palco e as músicas com, basicamente, outros dois cantores. Também é bom para mim, pois consigo recuperar o fôlego entre as canções”, avalia.

Força máxima

Dois dias após o show em Curitiba, o Helloween se apresentará no festival Monsters of Rock, em São Paulo, em um palco, obviamente, muito mais espaçoso em comparação com os que são oferecidos em qualquer casa tradicional de shows.

Acontece que a turnê “United Forces” tem uma grande produção teatral, com as tradicionais abóboras que compõem o cenário da banda, um grande telão no qual são exibidas animações durante as músicas e outras surpresas que fazem a alegria dos fãs.

Só existe um problema: toda essa parafernália precisa de espaço para ser montada e a dúvida que ficava no ar era a seguinte: a banda conseguiria levar e montar o cenário completo em todos os shows ao redor do mundo, mesmo os que não fossem realizados em festivais?

Ao menos na capital paranaense, o Helloween garante que a apresentação será igual às maiores da tour. “O equipamento que estamos levando a Curitiba será exatamente o mesmo do show em São Paulo. Os fãs curitibanos verão o mesmo palco, montado com a nossa enorme abóbora, e os mesmos instrumentos. Até nós seremos os mesmos!”, diz.

Essa atitude mostra o respeito que o Helloween tem com os fãs do Brasil e o quanto os shows por aqui ainda são especiais para a banda. “Todos nós sabemos que os fãs brasileiros são totalmente loucos (no bom sentido) e que celebram a música como ninguém. Nós adoramos tocar no Brasil!”, afirma.

Essa ligação do Helloween com o Brasil vai além da conexão com os fãs, afinal, boa parte das artes do grupo são criadas pelo cartunista brasileiro Marcos Moura, que trabalha com a banda desde o álbum “7 Sinners” (2010). “O Marcos é um grande cara. Ele é um artista excepcional, conhece totalmente a história da banda, criou centenas de abóboras e sempre vem com grandes ideias quando pedimos algumas peças para ele. Acima de tudo, ele é um ser humano maravilhoso e sempre ficamos felizes em vê-lo quando tocamos no Brasil”, diz.

Entre as bandas brasileiras, o Helloween também tem um destaque especial porque, durante os quase 40 anos de vida, eles foram um dos grupos estrangeiros que mais influenciaram a cena Metal do Brasil.

O vocalista Andre Matos, por exemplo, que faleceu em 2019, certamente bebeu muito na fonte de Deris e Kiske para se tornar um dos maiores frontmans do Heavy Metal nacional. Nessa grande lista de artistas que seguiram uma linha musical muito próxima dos alemães, também estão o Angra, o Viper e o Shaman.

Essa conexão fez com que esses grupos se encontrassem algumas vezes nos palcos ao redor do mundo e, ainda hoje, essas reuniões ainda costumam acontecer, principalmente, quando o Helloween toca no Brasil. “Não estamos realmente em contato, mas alguns dos caras aparecem em nossos shows e é claro que é muito bom vê-los novamente!”, diz.

O histórico show de 1996, no Estádio Couto Pereira

Um dos shows mais marcantes do Helloween no Brasil aconteceu em 1996, no Estádio Couto Pereira, no festival Monsters of Rock. Naquela edição na capital paranaense, o lineup também teve a participação das bandas Skid Row, Motörhead e Iron Maiden (já com Blaze Bayley nos vocais).

Quem esteve lá, não esquece da recepção nada amistosa recebida pela banda de Sebastian Bach (que o público mais radical considerava como um estranho no ninho).

Afinal, sem pensar nas consequências, quando o Skid Row começou a apresentação, os fãs jogaram centenas de latinhas de cerveja no palco, fazendo com que o vocalista escorregasse em uma delas e quase se machucasse seriamente. “Não em detalhes, mas eu lembro do festival com o Maiden. Depois disso, não nos encontramos muitas vezes com o Motörhead, mas nos cruzamos com o Maiden e o Skid Row muitas vezes e é sempre bom vê-los! Especialmente, eu tenho boas lembranças com o Maiden, já que tivemos o mesmo empresário durante alguns anos (Rod Smallwood) e sempre fomos tratados de maneira maravilhosa”, conta.

Naquele ano, o Helloween estava divulgando o álbum “The Time of the Oath”, que foi o primeiro CD gravado por eles após a morte do baterista original e integrante formador da banda, Ingo Schwichtenberg.

A falta de lembranças mais específicas faz sentido, afinal, as bandas raramente têm tempo pra conhecer as cidades nas quais elas se apresentam. Na realidade, diferententemente do que boa parte do público pensa, a vida desses músicos não é feita só de dinheiro, alegria e o tradicional sexo, drogas e Rock’n’roll.

É claro que, antes da parte boa, que é o show em si e contato com os fãs, existem as viagens estafantes e a pressão da indústria musical para que tudo saia de maneira perfeita. “Infelizmente, só podemos visitar em dias de folga as cidades nas quais estamos tocando. Normalmente, viajamos para a próxima cidade logo no dia seguinte ao show, o que não nos deixa muito tempo para passear. Quando tenho tempo, com certeza ando pelas cidades. Me interesso muito pela cultura, arquitetura e as pessoas dos países”, diz.

Superando os tempos difíceis

A turnê “United Forces” faz parte da divulgação do novo álbum do grupo, “Helloween” (2021), que foi lançado durante o período mais difícil da pandemia que, até hoje, já ceifou mais de 700 mil vidas no Brasil.

Esse processo de retorno às apresentações ao vivo, como shows e turnês, tem sido revigorante para a banda alemã pois, obviamente, eles também passaram por muitas dificuldades com a pandemia na Alemanha, onde morreram mais de 170 mil pessoas até o início de 2023. “Claro, foi um período difícil para todos. Não apenas para as bandas mas, também, para cada pessoa que trabalha conosco. Afetou a todos, dos nossos vizinhos aos amigos. Infelizmente, muitas pessoas ficaram realmente doentes e também tivemos que lamentar muitas mortes por aqui. Foi uma parte muito triste de nossas vidas”, conta.

Atualmente, o foco do Helloween está na turnê “United Forces”, que também faz parte da divulgação do álbum lançado em 2021. Por isso, ao menos nesse momento, o grupo não tem encontrado tempo para trabalhar em um novo álbum de inéditas.

Essa entrevista concedida ao Cwb Live, por exemplo, aconteceu momentos antes do grupo começar o primeiro ensaio para a tour na América do Sul, que começa em Curitiba e ainda vai passar por Argentina e Chile. “Ainda não estamos trabalhando em um novo álbum, mas como todos nós somos criativos, sempre trabalhamos em novas músicas, ideias e outras coisas. A música está em nosso DNA”, finaliza Andi Deris.

Os ingressos para o show na Live Curitiba já estão a venda, com valores a partir de R$ 157, 50 + taxa administrativa (lote 3). Confira neste link o serviço completo da apresentação.

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