Texto: Marcos Anubis
Fotos: Arquivo Lado B




A palavra resistir é uma das mais importantes no vocabulário do underground. Afinal, para remar contra a maré, seja ela qual for, é preciso muita coragem.

Desde o início da pandemia, esse vem sendo o mantra do bar curitibano Lado B. Criado em 2010 pelo farmacêutico e músico Fabricio Babbur e pela produtora e roteirista de cinema Regina Walger, o local se tornou um dos mais tradicionais pontos de encontro da cena underground curitibana. “Quando abrimos, não tínhamos muitas pretensões. Éramos um boteco simples que nasceu para suprir a falta do Lino’s (antigo e tradicional bar de Curitiba) no Centro”, explica Regina.




Momentos marcantes

Nesses dez anos de vida, o Lado B já recebeu mais de 300 bandas e artistas locais, nacionais e internacionais.

Desde a inauguração, por exemplo, o bar participa da programação do tradicional festival curitibano Psycho Carnival.

Entre os músicos que tocaram ou visitaram o Lado B após os shows na cidade estão o Pavement King (Irlanda), o Circle Jerks (EUA), o De Giletjes (Holanda), o Rattus (Finlândia), o GBH (Inglaterra), o Cólera, e o City Rats (Israel).

Algumas dessas apresentações foram marcantes para Babbur e Regina. “O show do Kenny Wayne foi incrível e eu quase morri porque ele chegou inteiro de azul (Regina adora a cor azul)! Já o Wallace Coleman, apesar da fama, foi o senhor mais querido e educado que eu conheci”, conta Regina.




As dificuldades impostas pela pandemia

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o Lado B vem enfrentando muitas dificuldades para se manter na ativa. “Está sendo terrível! Ficamos quatro meses totalmente fechados e, hoje, estamos funcionando como restaurante e lanchonete. Assim, toda a estrutura mudou. Está muito difícil, mas com a ajuda de todos, vamos conseguir passar por essa crise!”, afirma Regina.

Atualmente, como o bar respeita as restrições dos protocolos sanitários, a renda do Lado B vem principalmente dos almoços e lanches que passaram a ser comercializados durante a semana. “Estamos fazendo a feijoada normal e vegana, aos sábados, e frango, costelinha suína e eisbein, aos domingos. Além disso, também vendemos sanduíches e o tradicional pão com bolinho, de quinta a domingo”, conta Regina.

Um dos maiores problemas no gerenciamento do Lado B, e de qualquer local que perdeu o fluxo de público por causa da pandemia, é o pagamento do aluguel do imóvel. “Conseguimos desconto por três meses, mas isso acabou em outubro. Agora, estamos pagando o aluguel e mais o desconto dos meses passados”, explica Babbur.

Ou seja, a sobrevivência do Lado B vem sendo colocada em risco permanentemente nesse período de pandemia. “Não podemos funcionar como bar e, apesar da ótima saída dos produtos do restaurante/lanchonete, o valor não cobre todas as despesas”, diz Babbur.

Apesar das dificuldades, o Lado B se mantém vivo e parte dessa força vem justamente da relação de proximidade que Babbur e Regina criaram com o público que frequenta o bar. “A grande maioria dessas pessoas são conhecidos de longa data e muitos clientes viraram amigos. Muitas vezes, não deixamos que eles bebam, oferecemos um copo d’água e mandamos para casa. Choramos e sorrimos juntos com os clientes”, finaliza Regina.

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