O ex-vocalista e baixista do RPM se apresentou nessa sexta-feira (26), no Teatro Guaíra, em Curitiba
Aos 60 anos de idade, o cantor, músico e compositor Paulo Ricardo está simplesmente há 37 escrevendo a história do Rock brasileiro.
Na verdade, se hoje as novas gerações têm inúmeras opções de estilos musicais para ouvir nas rádios e o Rock nacional está mais do que consolidado, todos devem agradecer ao ex-vocalista e baixista do RPM, pois ele foi um dos responsáveis diretos por essa realidade que parecia tão distante na metade dos anos 1980.
Nessa sexta-feira (26), Paulo Ricardo se apresentou no Teatro Guaíra, em Curitiba, para celebrar esse legado.
O show faz parte da nova turnê, batizada de “Rock Popular”, que tem um repertório composto por sucessos do RPM, da trajetória solo de Paulo e, também, por alguns clássicos que marcaram a história do Rock brasileiro. “A semente desse show está no meu álbum de 1996, o “Rock Popular Brasileiro”, no qual eu revisitei alguns clássicos do nosso Rock’n’roll, de Roberto a Raul, passando por Rita, Lulu e as grandes bandas de nossa geração. Inclusive, do meu RPM, com “A Cruz e a espada”, na qual eu fiz um dueto emocionante com o Renato Russo. Porém, o roteiro é algo dinâmico que tem mudado a cada show, afinal, são muitos os hits do nosso Rock!”, disse Paulo Ricardo na entrevista exclusiva que ele concedeu ao Cwb Live. Leia na íntegra neste link.
Um desfile de clássicos
Após a execução de um trecho de “O trenzinho do caipira”, de Villa-Lobos, Paulo pisou no palco acompanhado pelo excelente guitarrista Icaro Scagliussi, Henrique Ark (teclados) e Badel Basso (bateria), já com o inconfundível riff de “Rádio pirata” soando alto no Teatro Guaíra.
Usando um kilt (uma “saia” tradicional da cultura escocesa) e empunhando o mítico baixo Steinberger que o acompanha desde o primeiro álbum do RPM, Paulo já demonstrou logo de cara toda a energia com a qual o espetáculo seria conduzido dali em diante.
Em seguida, veio “Louras geladas”, a canção que se tornou o primeiro sucesso do RPM e foi a responsável por transformar o grupo no mais importante nome do Rock brasileiro naquele período.
Depois, mostrando que continua com uma veia criativa aguçada, Paulo tocou o novo single, “Herói made in Brazil”, no qual faz uma crítica contundente ao cenário político brasileiro dos últimos anos.
Esse tipo de momento é um bom termômetro para medir a popularidade de qualquer artista, afinal, todos os fãs conhecem os grandes clássicos porque eles são atemporais, mas é nas canções inéditas que essa sinergia realmente pode ser medida de maneira concreta.
Tocar essa canção em Curitiba também foi um grande teste porque, de acordo com o próprio Paulo Ricardo, o single chegou a ser censurado propositadamente em algumas rádios do país, justamente, por causa do teor político da letra.
Mesmo assim, pelo menos entre o público da capital paranaense, a canção foi muito bem recebida.
Na sequência do setlist, veio a sensacional “Juvenília”, faixa do álbum de estreia do RPM, “Revoluções Por Minuto” (1985) que, apesar de ser uma espécie de lado B na trajetória da banda, é uma das preferidas dos fãs.
Depois, Paulo se retirou brevemente do palco enquanto a banda tocava a instrumental “Naja”, gravada do álbum “Rádio Pirata Ao Vivo” (1986), que tem uma melodia marcante e é toda conduzida pelo teclado.
Pérolas do Rock nacional
Na volta ao palco, já vestido com um colete e calça verdes e empunhando o violão, Paulo se juntou à banda para executar um set acústico que começou com “Tudo por nada”, faixa do álbum “O Amor Me Escolheu” (1997), o 4º lançado por ele na trajetória solo.
Em seguida, veio “London, London”, canção que foi composta por Caetano Veloso e lançada em 1971, quando ele estava exilado na capital inglesa depois de ser “afastado” do Brasil pela ditadura militar.
Só que, em vez de ser executada no teclado, como na versão original do RPM no álbum “Rádio Pirata Ao Vivo” (1986), ela teve toda a melodia construída no violão e na guitarra, o que deu uma pegada mais forte e transformou totalmente o clima da canção.
O momento mais emocionante dessa parte do show foi a homenagem à saudosa Rita Lee, que faleceu no dia 8 de maio, com uma versão bem animada de “Agora só falta você”, na qual Paulo dançou e percorreu todo o palco, chegando bem perto do público.
“Dois”, também do álbum “O Amor Me Escolheu” (1997), e “Tempo perdido”, da Legião Urbana, completaram esse bloco acústico do show.
As revoluções continuam
Na parte final, Paulo cantou “A cruz e a espada”, que foi gravada originalmente no debut do RPM, mas ganhou uma nova versão no álbum solo “Rock Popular Brasileiro” (1996), em um dueto inesquecível com Renato Russo, e o hino pacifista “Imagine”, de John Lennon.
Antes, Paulo lembrou que essa música foi muito importante na trajetória dele porque, em 2001, ele foi até Nova York para fazer uma entrevista com a esposa do ex-Beatles, Yoko Ono, que seria exibida no programa Fantástico.
Naquela ocasião, Paulo aproveitou para agradecer a Yoko pela autorização concedida para que ele gravasse uma versão da canção em português, que se tornou o tema da novela “Estrela Guia”, no mesmo ano.
Um dos momentos mágicos do show foi a canção “Flores astrais”, uma das obras-primas dos Secos & Molhados.
Nesse momento, as luzes do palco foram apagadas e só os feixes de raios laser na cor verde foram posicionados em volta de Paulo.
Essa é uma referência direta à turnê do álbum “Rádio Pirata Ao Vivo”, quando Ney Matogrosso, que fez a iluminação, decidiu usar esse efeito.
Hoje, esse artifício passa quase despercebido, mas em 1986, ele era uma inovação tecnológica sem precedentes no Brasil.
“Revoluções por minuto” e “Olhar 43”, mais dois eternos sucessos do RPM, encerram o show.
No final, depois de abraçar a banda e agradecer ao público, Paulo ficou durante algum tempo cumprimentando, tirando fotos e autografando discos e CDs dos fãs que se aglomeraram em frente ao palco.
“Curitiba é, sem dúvida, uma das cidades mais Rock’n’roll do Brasil, com um público fiel e exigente que está acostumado a ver espetáculos internacionais com frequência! É uma grande responsabilidade e um desafio, mas ao mesmo tempo, é um público muito carinhoso! Estou muito feliz por estar de volta!”, disse Paulo Ricardo na entrevista concedida ao Cwb Live antes do show.
Mais do que simples palavras, Paulo Ricardo demonstrou isso na prática antes de ir para o camarim quando, em uma atitude muito respeitosa, ele se ajoelhou no centro do palco e fez uma reverência ao público curitibano.
Por causa desse carinho com os fãs, uma característica que não se perdeu nos quase 40 anos dentro do mainstream brasileiro, Paulo é um dos artistas mais atuantes daquela geração 80 e continua atraindo um grande público aos shows que faz em todo o país.
Assista aos vídeos de “Rádio pirata” e “Flores astrais”, gravados ao vivo no show de Paulo Ricardo no Teatro Guaíra, e veja o nosso álbum de fotos.
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