Texto: Marcos Anubis
Fotos e revisão: Pri Oliveira

mulletO The Mullet Monster Mafia, de Piracicaba, interior de São Paulo, é uma das grandes atrações da 19ª edição do Psycho Carnival. A banda, que nasceu em 2009 e faz parte do lineup do evento desde 2011, vai se apresentar no dia 12 de fevereiro, no Jokers.

Aclamados sempre como um dos shows mais enérgicos do festival, Orleone Recz (bateria), Netão Lombada (baixo) e Ed Lobo Tikin Lopez (guitarra) prometem mais uma apresentação marcante. “Neste ano vamos chegar chegando mais uma vez! Tocaremos algumas músicas novas e, além disso, ainda teremos a volta do Netinho ‘Lokura’ Lombada no baixo. No ano passado o bicho estava guardado e nosso brother Jé, aqui de Piracicaba, segurou o B.O. pra nós. Então, já vou avisando, pode passar um elástico no queixo pra segurar o chapéu porque o pau vai cantar no palco do Psycho Carnival!”, afirma Orleone Recz.

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Bode surfista

A discografia do The Mullet Monster Mafia conta com quatro álbuns lançados: “Power Surf Orchestra” EP (2009), “Dogs of the Seas” CD (2011), “Clash of the Irresistible” CD (2013) e “Surf‘n’Goat” EP (2016), todos distribuídos pelo selo Drunkabilly Records, da Bélgica.

Em 2018, a banda deve começar a trabalhar no sucessor do pesadíssimo “Surf‘n’Goat” , além de relançar alguns desses CDs. “Já temos algumas músicas na manga para um full length, mas como não iremos à Europa neste ano, pensamos em relançar alguns de nossos títulos em diferentes formatos (visto que estão todos esgotados há algum tempo). Também queremos tocar na América Latina e talvez nos EUA antes de lançar esse novo material. Isso nos dará tempo de amadurecer as novas músicas e também levar esses primeiros discos a lugares onde ainda não tocamos”, revela.

A evolução da Surf Music no Brasil

Capitaneadas pelo Mullet, as bandas de Surf Music sempre são muito bem-recebidas no Psycho Carnival. Na visão do grupo, um dos motivos é a proximidade entre os estilos musicais mais marginais. “Eu acredito que exista uma conexão entre alguns estilos do underground que conversam entre si de alguma forma, seja através de sua estrutura musical ou mesmo por influências diretas. O Psychobilly, a Surf Music e o Garage são gêneros musicais que se complementam”, diz.

A evolução da cena underground como um todo também faz com que o respeito seja maior com artistas de qualquer estilo. “É notória a influência da Surf Music em bandas como o The Meteors, o Mad Sin, o Demented Are Go e outras. Então, acho que deveria ser até natural esta ‘aceitação’. Ainda mais em uma cena que está mudando bastante nos últimos tempos, assimilando e aceitando cada vez mais a integração musical de estilos coirmãos e deixando para trás o radicalismo grupelho infantil (do qual todos nós, velhos, já fizemos parte um dia). Eu acho que é positivo para todos”, complementa.

Em um paralelo entre as cenas nacional e internacional da Surf Music, ao que parece, o Brasil está evoluindo a passos largos. “Temos bandas excelentes no Brasil e o que mais gosto é que muitas buscam identidade sem se prender a padrões, criando uma cara própria. Sou convicto em dizer que esse é um dos principais motivos desse crescimento”, afirma.

O berço da Surf Music

O interior de São Paulo vem se mostrando um celeiro de grandes bandas de Surf Music no Brasil. Analisando esse fenômeno de uma forma mais ampla, a quantidade de boas bandas vindas da região realmente impressiona. “O interior de Sampa é cabuloso. Existem muitas bandas de Surf, Metal, Hardcore, Punk, Grindcore… É um celeiro violento isso aqui, cara. Não que seja o paraíso, está longe disso, mas tem muita gente trampando pesado, investindo um puta tempo e gastando a saúde na intenção de construir algo sólido. Aqui mesmo em Piracicaba tem uma rapaziada em um empenho forte armando várias gigs, fazendo festival, vídeos, trazendo banda da gringa ou armando churrascos de confraternização para manter a parada unida. Dá gosto de ver! Há alguns anos, as coisas estavam bem mais caídas e nós remávamos contra a maré. Então, poder viver pra ver o bagulho se solidificar é massa demais”, analisa.

Um dos maiores batalhadores da cena musical do interior paulista é o próprio Orleone. À frente da Mamute Produções, o baterista organiza festivais, shows, e traz bandas de fora do país regularmente ao Brasil. “Várias bandas vêm de fora e fazem tours só pelo interior de São Paulo, com dez ou 12 datas. Agora mesmo eu estou respondendo esta entrevista dentro de uma van, na pista com o Dirty Fuse, uma banda de Surf Music da Grécia. A tour deles é isso, dez datas em 12 dias, sendo nove no interior de São Paulo. Acho que isso é o resultado de um trampo mesmo, de vários caboclos que andam suando sangue pra tentar construir algo aqui no trecho”, complementa.

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Carreira internacional

O Mullet se organizou de tal forma que, hoje, a banda consegue se encaixar no circuito europeu e norte-americano sem nenhuma dificuldade. “Fora do Brasil a roda gira de outro jeito. Na gringa existe um circuito definido com centenas de bares, pubs e lugares pra tocar. Existem picos de show em cidades menores que alguns microbairros daqui que têm dois ou três locais para shows”, conta.

Uma peça importantíssima nessa engrenagem é o apoio do público. “Lá fora, o bar faz parte da comunidade local. Por isso, se o cara vai a esses bares frequentemente, ele alimenta a possibilidade do circuito internacional de tours passar pela cidade dele sem precisar se deslocar 100, 200 ou 300km para ver uma banda que ele goste. Dessa forma, cria-se um círculo que é vantajoso para as bandas que participam desse circuito, para os donos dos bares que conseguem virar a roda e principalmente para o cara que mora na cidade, que recebe no seu quintal vários shows bons”, diz. “Na última tour, nós fomos em um show do Suicidal Tendencies em Düsseldorf em uma terça-feira que tínhamos de day off. Era um lugar para 400 pessoas e foi um show alucinante, bom pra todo mundo”, complementa.

Dessa maneira, o interesse nas bandas brasileiras também tem aumentado, o que abre as portas para que mais grupos possam excursionar. “Todos têm interesse nas bandas do Brasil. Nos últimos anos, muitas bandas têm circulado pela Europa e EUA e isso aumenta a visibilidade para a nossa cena como um todo”, afirma.

Apesar de todo o trabalho que é necessário para organizar uma turnê fora do país, no final, o resultado compensa. “Fazer uma tour é uma experiência indescritível. Estar na estrada, cada dia em um lugar, conhecer pessoas e dividir o palco com outras bandas é uma parada que é difícil de explicar. Nós somos brazucas, caipirada, falamos até com com as estátuas de decoração… Os gringos não conseguem acreditar na boa vibe, na alegria que a gente carrega por ter a oportunidade de estar mostrando a nossa música, que é um pedaço de nós”, conta.

Um dos elos que acaba ligando as bandas brasileiras ao público europeu é justamente essa “fome”. Afinal, se no Brasil já é difícil manter uma banda, conseguir levar a sua música para outros países e uma enorme vitória. “Nós temos uma relação muito próxima com o público. Não encaramos essa parada como trampo ou realização pessoal, nenhuma dessas merdas aí. Pra gente é só a verdade, o prazer de estar ali fazendo uma parada que sempre quisemos fazer, realizando os nossos sonhos. Quem imaginaria que um dia poderíamos dividir o palco com bandas como The Animals, Bad Religion, Zeke, Guanabatz, Klingonz, Man or Astroman, Agent Orange e diversos outros nomes que hoje em dia também fazer parte da nossa história? É doido demais!”, complementa.

Para pessoas que amam a música acima de qualquer outro fator, como é o caso de Orleone, Tikin e Netão, estar no palco é o que importa. “É sempre difícil estruturar uma parada dessas, trampar cinco ou seis meses pra organizar tudo. É e-mail pra todos os lados, organizar todas as informações, pensar na logística… É um trampo lazarento, mas quando começa a barca, todo esse corre vale a pena”, finaliza Orleone Recz.

Valores e formas de compra dos ingressos

O The Mullet Monster Mafia se apresenta no dia 12, na última noite do Psycho Carnival, ao lado das bandas Hillbilly Rawhide (Curitiba), Wild Rooster (Suécia), Tampa do Caixão (Joinville), Luisonz (Paraguai) e Voodoo Brothers (São Paulo). O Jokers fica na Rua São Francisco, 164, no Centro.

Os ingressos individuais e os pacotes são limitados e já estão à venda. Os valores são: Pacote 4 noites – R$ 260. Pacote 3 noites – R$ 230. Ingresso Individual 9/2 – R$ 40. Ingresso Individual 10/2 – R$ 75. Ingresso Individual 11/2 – R$ 95. Ingresso Individual 12/2 – R$ 75. Os valores dos ingressos são promocionais. É necessário levar 1kg de alimento não perecível na entrada de cada show.

Os bilhetes podem ser adquiridos no site Sympla. A compra também pode ser efetuada por meio de depósito bancário na conta: Banco do Brasil, em nome de Juliana Ribeiro, agência 0056-6, conta poupança 83970-1, operação 51, CPF 224.119.648 70.

O valor dos ingressos pode ser depositado em dinheiro, por meio de envelopes nos caixas eletrônicos, direto no caixa ou por meio de transferência entre contas do Banco do Brasil. A retirada desses ingressos será feita no Jokers Pub nos respectivos dias e horários do evento.

Após a compra é necessário enviar um e-mail para zombiesunion@gmail.com seguindo o formato: nome completo, data e hora do depósito, valor do depósito, nome completo dos acompanhantes, especificando o tipo e dia do ingresso e tipo de depósito. Também é obrigatório informar os dados do comprovante, que deverão ser: o número do envelope (depósito no caixa eletrônico), o número do documento (depósito direto no caixa), número da agência, conta de origem e nome completo do titular da conta (transferência entre contas).

Exemplo – Nome completo: Fulano de tal. Data e hora do depósito: 20/11/2017 às 10:20. Valor do depósito: R$ 300. Nome completo dos acompanhantes, especificando o tipo e dia do ingresso: Fulano, 1 pacote, 3 noites, R$ 270, número do envelope 000.000.000. Os e-mails de confirmação serão enviados em até sete dias após a confirmação do recebimento.