os transtornados do ritmo antigo entrevista

Banda se destacou no Curitiba Rock Carnival com um som original e criativo (Foto – Marcos Anubis/Cwb Live)

 

Um dos shows mais surpreendentes do Curitiba Rock Carnival, que aconteceu paralelamente ao festival Psycho Carnival no último mês de março, foi o da banda curitibana Os Transtornados do Ritmo Antigo. Mesclando vários estilos musicais, o quinteto mostrou uma criatividade que empolgou o público.

A apresentação do grupo no Curitiba Rock Carnival teve uma sinergia interessante entre músicos e plateia. A banda foi muito bem recebida pelo público, que era composto por pessoas dos mais variados gostos musicais. “Realmente a aceitação do público foi sensacional e nos surpreendeu muito, pois sabemos que o nosso som não e muito ‘digerível’. E o curioso é que tinha desde o tiozinho que deve ter errado o salão, passando por pais com seus filhos, adolescentes, metaleiros, punks, até o pessoal do psychobilly. Foi demais!”, conta o vocalista e trompetista Rafael Silveira.

O grupo teve início em 2009, com uma reunião de velhos amigos. “Foi só um bom motivo para tomar cerveja com os amigos! Brincadeiras a parte, como tocamos juntos há muito tempo, tivemos a oportunidade de testar muita coisa. Nossa intenção foi usar essas referências em algo novo para nós, diferente do que já tínhamos feito”, conta o baixista Toshiro. As influências musicais do quinteto passam, entre outros artistas, por Raymond Scott, Taraf de Haidouks, Spike Jones e Miles Davis. Essa diversidade deu uma cara original ao som do quinteto. “Como músicos, nós já tocamos em bandas de rock, orquestras sinfônicas e grupos de jazz. Nosso ponto em comum, aliás, é que escutamos muito jazz, coisas do leste europeu e música étnica brasileira”, analisa Fred.

A formação do Transtornados tem Rafael Silveira (vocal e trompete), Fred Paegle (violino e backing vocal), Toshiro (contra-baixo acústico e backing vocal), André Richter (guitarra/banjo/bandola) e Mateus Azevedo (bateria/percussões e backing vocal).

 

Álbum de estreia

 

O grupo está prestes a lançar seu primeiro álbum, provisoriamente chamado de “Músicas Étnicas de Lugares que Não Existem”. O trabalho, que foi gravado no estúdio Toca do Coelho e teve a produção do baixista Toshiro San, está em fase de masterização e será disponibilizado em formato digital e em LP. “A intenção é lançarmos o álbum no início do segundo semestre. Porém, como estamos fazendo toda a produção no melhor do estilo ‘faça você mesmo’, talvez passe um pouco desse prazo”, diz Rafael.

As dificuldades que o cenário musical curitibano impõe aos nossos artistas, historicamente, foi um dos obstáculos nesses cinco anos que a banda demorou para gravar o seu debut. “O mercado musical de Curitiba não se alterou com o passar dos anos. Não há uma efetiva valorização de bandas ‘independentes’. Isso não é de hoje e não se resolverá em breve. Seria perfeito se tivéssemos algum tipo de apoio para viabilizarmos nosso trabalho. Porém, se esperássemos por isso, nosso LP só sairia em 2020”, explica Fred.

O que mais chama a atenção no som do quinteto é a originalidade das composições. Chegar nessa concepção musical exigiu um tempo de maturação. “Antes de começarmos a compor tivemos um processo de imersão regado a muita música. Durante um período nós escutamos diversas referências e quando realmente começamos a compor e ensaiar despejamos tudo que estava em nossas cabeças. O resultado realmente acabou ficando essa miscelânea”, explica Rafael Silveira.

Em apenas cinco anos de grupo, o Transtornados do Ritmo Antigo chega ao seu primeiro álbum mostrando segurança e, principalmente, qualidade no seu trabalho. A julgar pela criatividade de suas composições, o futuro é promissor. “Creio que com o disco na mão nós teremos oportunidade de nos apresentarmos com mais frequência e efetivamente formar o nosso público”, finaliza Toshiro.

Confira três músicas do show da banda no Curitiba Rock Carnival: “A Valsa Dos Bêbados Mortos”, “Contra Ponto” e “Dimer, Controle Sua Luz”.