Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Fotos: Gustavo Garrett
A banda curitibana empolgou o público e aproveitou a chance de abrir a apresentação do Kiss
Encarar a Pedreira Paulo Lemiski lotada esperando um show do Kiss, o que significa simplesmente participar de um dos maiores espetáculos do mundo. Essa foi a prova de fogo que os curitibanos do Motorocker enfrentaram na noite desta terça-feira (21). O resultado? Conceito A, com louvor.
Após mais de duas décadas de batalha, o quinteto curitibano teve seu maior momento. E, como o destino escreve seus roteiros de forma misteriosa, coube a Curitiba proporcionar essa honra aos seus filhos. “Muito obrigado aos nossos fãs. Nós estamos aqui por vocês”, repetia Marcelus, visivelmente emocionado.
Nos últimos três anos, a banda vem colhendo os frutos de seu trabalho, de forma absolutamente merecida. Como tem se apresentado seguidamente fora do Paraná, o grupo tem acumulado experiência tocando para os mais variados tipos de público e enfrentando as piores e as melhores condições de palco e som. Isso faz com que Motorocker demonstre estar cada vez mais seguro na execução de suas músicas e no contato com grandes públicos.
Malária Army
O grupo subiu no palco ao som de “Pegada Seca” e recebeu logo de cara o carinho do público. É fato que a cena musical curitibana é um osso duro de roer. Por conta do pouco espaço que nossos artistas recebem da “grande mídia”, é difícil para as pessoas conhecerem os artistas locais, pois elas não acompanham regularmente esse cenário.
Isso torna o que o Motorocker vem conseguindo ainda mais relevante. Construir parte de seu público dentro dos limites de Curitiba é uma grande conquista. “Parte” porque o grupo tem tocado por todo o Brasil e, em função dessa vida on the road, eles vêm arrebatando fãs em todos os cantos do país.
O setlist ainda teve “Blues Do Satanás”, “Igreja Universal Do Reino Do Rock” e canções do recém-lançado “Rock Brasil”, como “Curva De Rio”. Foi a primeira vez que a banda apresentou seu novo trabalho para um público tão grande e as músicas funcionaram muito bem. O álbum mantém o som cru e visceral que caracteriza o Motorocker e, ao vivo, adquiriu ainda mais peso.
Isso era esperado. As harmonias do grupo unem o que é mais necessário em uma banda de Rock: uma cozinha segura e bem entrosada, com Silvio Krüger (baixo) e Juan Neto (bateria), duas guitarras “ardidas”, comandadas por Índio Véio e Luciano Pico, que no jargão musical remetem à distorção suja dos amplificadores Marshall, e um frontman carismático e competente, Marcelus dos Santos.
“Salve A Malária”, música que já virou um hino informal dos curitibanos, principalmente entre os que gostam de Rock ‘n’ Roll, encerrou o show. Praticamente todo o público que lotava a Pedreira conhecia e sabia cantar a letra da canção, o que sempre a torna o momento especial das apresentações do Motorocker.
Após a música, Luciano começou o riff de “Rock Brasil”, mas Marcelus avisou ao público que o show seria encerrado. Como a entrada na Pedreira acabou sendo atrasada em quase uma hora, a apresentação do Motorocker foi menor do que o previsto e a decisão desse “corte” repentino foi tomada pela organização para manter o horário do show do Kiss. São contratempos que fazem parte dos grandes shows e que também servem de aprendizado.
O fato é que a escolha do Motorocker para abrir o show do Kiss se mostrou mais do que acertada. O som da banda é perfeito para grandes espetáculos. Isso ficou comprovado mais uma vez na prática. É em cima do palco que as coisas realmente funcionam, ou não.
Confira a entrevista exclusiva que Marcelus e Índio concederam ao Cwb Live, antes dos portões da Pedreira serem abertos. Veja também três músicas do show: “Salve A Malária”, “Pegada Seca” e “Blues do Satanás”.
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