Fexto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Foto: Naw Miranda

Terremotor by Naw Miranda

A cena da Surf Music no Brasil vem crescendo consideravelmente nos últimos anos. Um dos destaques da nova geração de bandas que estão surgindo é o trio Terremotor, de Umuarama, no interior do Paraná. No dia 20 de fevereiro, o grupo se apresenta no Jokers Pub, abrindo a 21ª edição do festival Psycho Carnival.

Esta será a estreia de Duda Victor (guitarra), José Duarte (baixo) e Paulo Tropa (bateria) no evento, que sempre manteve a alma underground apesar de todas as dificuldades. “Para o underground, é fundamental que existam festivais como esse, que apresenta bandas consagradas na cena junto com grupos que estão começando e procurando um espaço. É muito mais difícil para as bandas novas conseguirem chegar a um público que festivais como esse oferecem, além da estrutura e de todos os contatos que são feitos entre as bandas. Isso, além de manter a cena viva, fortalece e incentiva novos músicos a ir pra frente com seus trampos”, diz Duda Victor.

Formado em 2015, o Terremotor se apresentou somente uma vez em Curitiba, mas a ocasião acabou sendo um divisor de águas para a banda. “Só fizemos um show em Curitiba até hoje. Foi no clássico 92 Graus do Juninho, em 2016, em um evento organizado pelo Celso Costa do Kingargoolas. Esse show foi um marco para a gente porque ainda tínhamos pouco tempo de banda (acho que uns 8 meses), sem CD gravado, e tivemos a oportunidade de tocar junto com o Sick Sick Sinners e o Kingargoolas, entre outras bandas. Isso deu uma levantada legal na gente, uma animada mesmo para continuar fazendo isso”, conta.

A Surf Music vem revelando muitas bandas nos últimos anos no Brasil. Grupos como o The Mullet Monster Mafia e o Kingargoolas, por exemplo, sempre fazem grandes shows no Psycho Carnival e têm feito turnês fora do Brasil quase que anualmente. “Essas duas bandas foram fundamentais para esse crescimento. O Kingargoolas levou a gente para tocar em Curitiba e em Guarapuava quando ainda nem tínhamos CD gravado. O Neri, batera do Mullet, ajudou várias vezes o Terremotor, organizando tours em São Paulo. Nós trouxemos essas duas bandas para tocar em Umuarama, e isso fez as pessoas daqui entenderem melhor o estilo e a criar um começo de cena em uma cidade na qual a música autoral praticamente nem  existe, falando de Rock’n’roll, claro. De lá pra cá, conseguimos lançar vinil em um selo americano e fizemos muitos contatos que estão funcionando muito bem”, diz.

surf'n cachaça cover

Surf Music e outras influências

Nesses cinco anos de estrada, o trio de Umuarama lançou os CDs “Terremotor” (2017) e “Surf’n’Cachaça” (2018) e o álbum ao vivo “Live at Radio Cadillacs” (2019). Atualmente, o grupo está finalizando um novo trabalho. “Acabamos de gravar o disco novo no final de 2019. Está na fase de mixagem e depois vai para a master. Serão 11 músicas, sendo dez próprias e uma versão. Ele será lançado até o meio do ano pelo selo americano Otitis Media Records em vinil de 12 polegadas e em CD”, revela.

Além da Surf Music, o Terremotor também absorve outras influências, como o Punk Rock. Na música “Borracho alado”, por exemplo, o grupo utilizou até um triângulo no ritmo da música, instrumento tradicionalmente brasileiro. “Antes de formar a banda, eu morei na Grécia e toquei com a banda Dirty Fuse, então trouxe umas influências para o nosso som. O Paulo e o Zé tocavam aqui em Umuarama em uma banda de Soul/Black Music chamada Nega Jurema, com uma pegada totalmente brasileira. Então, juntamos tudo isso e virou essa mistura de Surf Music, Punk e música brasileira. Na ‘Borracho alado’, eu também usei um instrumento grego chamado ‘tzouras’ que tem um som bem peculiar”, explica.

Apesar do crescimento do estilo, a cena para as bandas autorais no interior do Paraná ainda está dando os primeiros passos. Nesse contexto, grupos como o Terremotor exercem a função de fomentar a movimentação cultural nessas regiões. “A cena é pequena, com pouco espaço para tocar, e isso acaba limitando o público. Nós só conseguimos começar a juntar um público aqui em Umuarama depois que fomos tocar em grandes cidades e, principalmente, depois que trouxemos o Kingargoolas e o The Mullet Monster Mafia para tocar aqui. Por outro lado, é assim que se cria uma cena, fazendo alguma coisa. Não dá para ficar esperando que as coisas aconteçam. No ano passado, nós fizemos o primeiro festival de Surf Music aqui na cidade e foi fantástico! Tivemos bandas sensacionais, e o público recebeu de uma maneira que não esperávamos. Então, não adianta só reclamar que a cena é fraca, é preciso fazer alguma coisa para melhorar isso”, afirma.

Serviço

Cinco dias para celebrar a música, a amizade e a diversão. Esse é o espírito da 21ª edição do tradicional festival curitibano Psycho Carnival, que será realizado entre os dias 20 (quinta-feira) e 24 de fevereiro (segunda-feira) no Jokers Pub, em Curitiba. “Boa parte do público que vem todo ano ao festival acabou construindo amizades que permanecem até hoje”, diz um dos organizadores do Psycho Carnival, o músico e produtor cultural Vlad Urban.

Em 2020, o evento reunirá 37 bandas de oito países. A ideia é apresentar um grande panorama do que há de melhor no mundo do Psychobilly, Rockabilly, Punk Rock, Outlaw Country e Surf Music. Entre as atrações deste ano estão o Guana Batz (Inglaterra), o Cenobites (Holanda), e os grupo curitibanos Ovos Presley, Os Catalépticos e Hillbilly Rawhide.

Assim como nos últimos quatro anos, o festival terá como base principal o Jokers Pub, localizado na região central de Curitiba. Porém, nesta edição, também serão realizados alguns shows gratuitos no Lado B Bar, nas Ruínas de São Francisco, no Largo da Ordem (com o apoio da Rádio Mundo Livre FM) e na Gibiteca de Curitiba. “Os eventos gratuitos são muito importantes! Independentemente do apoio ou não do poder público, nós acreditamos que todos devem ter acesso à cultura”, afirma Vlad Urban.

Os ingressos custam de R$ 50 a R$ 250 e podem ser adquiridos no site Sympla. Confira todas as informações sobre a 21ª edição do Psycho Carnival neste link.

Se você gosta do nosso trabalho, entre no site Catarse (no link abaixo) e assine o Cwb Live pela quantia que você achar justa. O seu apoio faz com que possamos continuar na ativa, produzindo conteúdo e mantendo o nosso jornalismo musical de maneira independente.