O guitarrista do grupo, Milton Monstro, fala sobre as quatro décadas de história de um dos pioneiros do Psychobilly no Brasil

A banda Kães Vadius, de São Caetano do Sul, é uma das grandes atrações da 24ª edição do festival Psycho Carnival, que acontece de 27 de fevereiro a 4 de março no Jokers Pub e em outros cinco espaços culturais de Curitiba: os bares Cão Velho, Lado B, 92 Graus e Janaíno Vegan, além do Teatro Universitário de Curitiba (TUC).

Confira todas as informações sobre o Psycho Carnival neste link.

O show dos Kães, que acontece no dia 1º de março (sábado), no Jokers Pub, será ainda mais especial porque o grupo está comemorando 40 anos de estrada.

O line-up da noite também contará com apresentações das bandas Sick Sick Sinners (Curitiba), Los Siniestros (Venezuela), Spitfire Demons (São Paulo), 13 Bats (Espanha), Agrotóxico (São Paulo) e Ovos Presley (Curitiba).

Atualmente, Hulkabilly (vocal), Milton Monstro (guitarra), Felipe Inri (baixo) e Fábio Koveiro (bateria) são reconhecidos como integrantes de um dos grupos que criou os alicerces do Psychobilly no Brasil.

Entretanto, a construção do movimento, que surgiu literalmente do zero, não foi nada fácil, pois foram as próprias bandas que formaram o público dessa cena. “Acho que foi uma coisa natural. O Hulk e o George (guitarrista da formação original do grupo) queriam fazer um som que fosse diferente de tudo que estava rolando nos anos 1980. Assim, eles montaram os Kães, tomando como base a cena europeia”, explica Monstro.

A partir desse ponto, muitos fatores foram importantes para que a cena psycho brasileira gradativamente se fortalecesse (entre eles gravações, shows e fanzines).

Ao mesmo tempo, vários outros grupos de Psychobilly foram surgindo (inclusive em Curitiba) na esteira do que os Kães estavam começando a fazer em São Paulo. “É quase impossível dissociar as outras cenas que ajudaram a coisa a se formar. Nessa época, nós tocávamos com diversas bandas de Punk, Oi e Heavy Metal, além do Rockabilly que era, guardadas as devidas proporções, a mesma cena, pelo menos no que diz respeito ao público”, conta.

No início dos anos 1990, foi a vez da cena curitibana começar a dar os primeiros passos com o surgimento de bandas que estão na estrada até hoje, entre elas os Ovos Presley e os Krappulas.

Aos poucos, mas com muito trabalho e esforço de todos os envolvidos, a capital paranaense viria a se tornar o principal polo do Psychobilly na América Latina. “O surgimento da cena em Curitiba foi primordial para que tudo se fortalecesse e para colocar o Psycho brasileiro no mapa do mundo”, afirma.

Entretanto, além das mais do que merecidas comemorações dos 40 anos, os Kães também estão olhando para o futuro, pois o grupo acaba de lançar o álbum “A Porta do Diabo” (2024), o primeiro trabalho de estúdio da banda desde 2001.

O disco foi gravado ao vivo no estúdio Bamboo, em São Bernardo, em apenas oito horas, e conta com nove faixas produzidas pelo baixista do grupo Sapo Banjo, Eduardo Zambeti. “Ele é nosso contemporâneo e conhece bem o underground e a sonoridade do ABC. Isso facilitou muito para que a gente alcançasse o resultado que queríamos”, diz.

Inicialmente, a ideia do grupo era gravar um LP fazendo uma releitura de músicas que fariam parte de algumas coletâneas das quais os Kães participariam (mas que acabaram não sendo lançadas), ao lado de algumas composições novas.

Contudo, a banda mergulhou em um processo criativo muito forte e isso fez com que o álbum “A Porta do Diabo” (2024) fosse finalizado com oito canções inéditas e a regravação da música “Jô Bebe Jack”.

O novo trabalho dos Kães Vadius está disponível para audição nas principais plataformas de música digital e o LP 10″ pode ser adquirido no site da Neves Records.

A conexão com a cena curitibana

Os Kães Vadius têm uma longa relação de amizade e cooperação com a cena e as bandas curitibanas que remonta ao início dos anos 1990. “Existe um respeito mútuo entre todos nós, não só como artistas, mas de amizade mesmo. Sentimos um respeito e uma gratidão muito grandes que vêm das bandas e das pessoas. Isso se traduz nos encontros e nas conversas que temos e na recepção que recebemos quando tocamos em Curitiba, que vão além da cena em si”, conta.

Por isso, as apresentações dos Kães no Psycho Carnival acabam sendo um momento que vai muito além da parte profissional. “É um relacionamento humano com música envolvida. É uma pena que sempre fazemos um bate-volta e nem sempre encontramos todos os amigos para beber umas no boteco e colocar as fofocas em dia”, complementa.

Essa conexão existe porque os Kães fazem parte não só da história do Psycho Carnival, mas também da primeira grande iniciativa do estilo em Curitiba, a Psychobilly Fest, que teve a primeira edição em 1996. “A importância desse evento é imensurável! Temos a oportunidade de ver e tocar com bandas que, de certa forma, nos influenciaram no começo, além de ver e conhecer artistas novos ou não tão conhecidos, não só do Psycho, mas também de outras vertentes musicais!”, analisa.

O mais recente show dos Kães Vadius no Psycho Carnival aconteceu em 2023, na primeira edição do festival após o período tenebroso da pandemia.

Essa apresentação ficou marcada na memória da banda e do público porque o grupo fez uma homenagem no palco, pedindo um minuto de silêncio em nome do baixista do trio Os Catalépticos, Gustavão, que faleceu em agosto de 2021, e a todos os amigos que foram vítimas do coronavírus. “Foi um momento emocionante para todos que estavam presentes. O Gustavão foi esse símbolo da homenagem que fizemos a todas as pessoas que perdemos. Depois de dois anos sem o Carnival, além da comemoração da volta, nós tínhamos que lembrar os dois anos de perdas e caos que a humanidade viveu. Voltar a tocar no Carnival depois de tudo isso foi algo muito marcante para nós, foi como um recomeço”, desabafa.

Além do lado amistoso do festival, do congraçamento com amigos e fãs na capital paranaense, os veteranos de São Paulo também fazem questão de ressaltar o profissionalismo que envolve toda a organização do Psycho Carnival. “Temos uma pequena ideia do que é preciso para manter um evento desse porte e reconhecemos os esforços dos amigos que mantêm tudo isso rolando! Não é brincadeira para amador! Sabemos que todo apoio é importante e, por isso, procuramos fazer a nossa parte nessa história”, elogia.

Para o show do dia 1º de março, o grupo está preparando um repertório composto pelos grandes clássicos da banda e algumas canções do novo álbum. “Curitiba é sensacional! Será uma apresentação especial, talvez com alguma surpresa! O setlist já está preparado. Vamos tocar músicas novas e algumas que não tocamos normalmente. Contudo, como nunca seguimos o set completo porque alguém sempre pede alguma canção que não está no repertório, acabamos por fazer um show improvisado. É como trocar o pneu com o carro andando, mas vale muito! Esperamos ver toda a galera pulando e cantando com a gente!”, finaliza Milton Monstro.

Os ingressos para a 24ª edição do Psycho Carnival estão à venda na plataforma Bilheto (https://www.bilheto.com.br/comprar/2906/psycho-carnival) e o pagamento pode ser parcelado em até 12x no cartão.

Em Curitiba, os bilhetes também podem ser adquiridos sem taxa administrativa na loja Let’s Rock (Everest Center, Rua Comendador Araújo, 143, loja 16, Centro) e nos bares Jokers Pub (Rua São Francisco, 164, no Centro), Janaíno Vegan (Rua Doutor Claudino dos Santos, 116, Largo da Ordem) Lado B (Rua Inácio Lustosa, 517, São Francisco).

Valores:

Ingresso individual pista – quinta-feira 27/2 – R$ 30,00 + taxa administrativa.

Ingresso individual pista – sexta-feira 28/2 – R$ 130,00 + taxa administrativa.

Ingresso individual pista – sábado 1/3 – R$ 140,00 + taxa administrativa.

Ingresso individual pista – domingo 2/3 – R$ 180,00 + taxa administrativa.

Ingresso individual pista – segunda-feira 3/3 – R$ 180,00 + taxa administrativa.

Pacote 3 noites – R$ 400,00 + taxa administrativa (combo de três noites – sábado, domingo e segunda-feira).

Pacote 4 noites – R$ 470,00 + taxa administrativa (combo de quatro noites – sexta-feira, sábado, domingo e segunda-feira).

A classificação etária é de 18 anos. Menores só entram se estiverem acompanhados dos pais ou responsáveis.

O Jokers Pub fica na Rua São Francisco, 164, no Centro.

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