Texto e foto: Marcos Anubis
Steven Tyler e Joe Perry encarnaram o verdadeiro espírito do Rock’n’roll no BioParque
A banda americana Aerosmith se apresentou pela primeira vez em Curitiba na última terça-feira (15), no BioParque. Após o excelente show do Whitesnake, que abriu a noite, a expectativa dos fãs era grande para ver Steven Tyler e seus comparsas.
Após o telão exibir uma introdução que terminava com a logo da banda sendo desenhada, o grupo apareceu no palco sob os aplausos do público que lotava o BioParque. Usando sobretudo e calça rosa, chapéu preto, óculos escuros e empunhando o microfone com um pedestal cheio de adereços, sua marca tradicional, Tyler foi até o fim da passarela, que se estendia até o meio da área vip, e encarou os fãs.
O show começou com “Let The Music Do The Talking” e “Love In An Elevator”, preparando a plateia para quase duas horas de rock and roll da melhor qualidade. “Toys In The Attic”, “Pink” e “Jaded” ganharam os fãs, de vez, e deram o tom para um breve descanso de Tyler. Enquanto o cantor se recuperava, o telão atrás do palco mostrava duas colunas gregas, com chamas ao lado e a imagem dos músicos no centro. Sem pausa, o guitarrista Joe Perry assumiu os vocais para cantar “Stop Messin’ Around”, cover do Fleetwood Mac, e não decepcionou. Na canção seguinte, “What It Takes”, Tyler reassumiu seu posto, foi até o fim da passarela e pegou um cartaz de uma fã que mostrava um desenho do cantor. “Eu adorei dizer ‘Curitiba’. Show me you Curitiba”, brincou elogiando o nome da capital paranaense.
Cada música do setlist foi executada com muita “paixão” pela banda, principalmente por Tyler. O vocalista pertence a uma leva de frontmans que dominam 100 ou 100.000 pessoas com a mesma naturalidade. Os boatos que surgiram em 2010 falando de supostas desavenças entre os “toxic twins”, apelido que Tyler e Perry receberam quando usavam e abusavam das chamadas “substâncias ilícitas”, parecem ser parte do passado. Na época, especulava-se que Steven teria saído do grupo e que eles estavam procurando um novo vocalista. A parceria entre os dois faz parte da mesma extirpe de Jagger/Richards, Lennon/McCartney e outras grandes duplas que deixaram a sua marca dentro da história do rock.
“Walk This Way” foi última música antes do bis. Impossível não lembrar do clipe lançado em 1986, gravado ao lado dos rappers do RUN DMC. O vídeo passa, claramente, a ideia de separação entre o rap e o rock and roll, que existia nos anos 80. Ambas as bandas tocam a música, separadas por uma parede e demonstrando ódio um pelo outro. Em certo momento, Tyler quebra o muro com o pedestal de seu microfone e os músicos reaparecem, já executando a canção no palco.
Na expectativa pela volta do quinteto, o público já sabia que o bis teria algumas das canções mais esperadas pelos fãs. Quando um piano branco foi rapidamente colocado sobre a passarela, todos perceberam que viveriam um momento histórico. No centro do BioParque, Tyler tocou um trecho de “Home Tonight” e, aos primeiros acordes de “Dream On”, a plateia explodiu em palmas.
A construção harmônica da canção é sensacional. Seu começo leve, a música vai crescendo até Joe Perry subir no piano para fazer seu solo. O texto, a cada ano que se passa, fica mais real. “Toda vez em que eu me olho no espelho, estas linhas no meu rosto ficam mais claras. O passado se foi, passou como do nascer ao pôr do sol. Não é assim, todos tem suas dívidas em vida pra pagar”, diz a letra. Colunas de fumaça em frente à passarela encerraram a versão inesquecível. Em “Sweet Emotion”, outro grande clássico da carreira do quinteto, Tyler se enrolou em uma bandeira do Brasil que foi jogada na passarela.
“Train Kept A-Rollin” encerrou a apresentação que, sem sombra de dúvida ficará na memória dos fãs que viram a banda pela primeira vez em solo curitibano, e das pessoas que só conheciam os grandes sucessos do grupo. “Bem, cante comigo. Cante pelos anos, cante pelo riso e também pelas lágrimas. Cante comigo, mesmo que só por hoje. Pode ser que amanhã o bom Senhor o leve”, diz a letra de “Dream On”. O público que esteve no BioParque, certamente, cantou e vivenciou o espírito da canção, afinal, certos shows valem como se fossem os últimos momentos de sua existência.
Confira os vídeos de “Dream On” e “Let The Music Do The Talking”, gravados ao vivo no show do Aerosmith no BioParque.
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