Ghost Papa Emeritus

O vocalista Papa Emeritus II com os Nameless Ghouls ao fundo (Foto – Reprodução/Facebook Ghost)

 

A banda sueca Ghost foi um dos grandes destaques do cenário musical de 2013. A postura “polêmica”, as máscaras e a figura excêntrica do vocalista Papa Emeritus II, acabaram chamando ainda mais a atenção para o sexteto sueco. Por conta, principalmente, das críticas à Igreja, o grupo é amado por uns e odiado por outros.

Segundo uma pesquisa feita pelo Datafolha e publicada no último mês de julho pelo jornal Folha de São Paulo, 57% da população brasileira é católica. Foi nesse cenário que o grupo desembarcou para fazer três shows no último mês setembro: no Rock in Rio, em São Paulo e em Curitiba. No RIR, o público vaiou a banda porque não entendeu a postura teatral e musical do sexteto, além do fato de que a maioria esmagadora do público estava lá para assistir ao show do Metallica.

Em Curitiba, o grupo recebeu uma recepção de acordo com a qualidade de sua música. Tocando ao lado dos gigantes Slayer e Iron Maiden, a banda não se intimidou. Além do público conhecer algumas letras e ter cantado músicas como “Ritual” e “Con Clavi Con Dio”, o mais importante foi o fato de que os fãs curitibanos respeitaram o Ghost. Você pode ler neste link a cobertura completa do show, feita pelo Cwb Live.

No contexto geral, Papa Emeritus II e sua trupe tiveram que lidar com a falta de conhecimento e entendimento da mídia nacional. Nessa passagem da banda por terras tupiniquins, os jornalistas brasileiros mostraram, em sua maioria, todo o seu despreparo para avaliar musicalmente um artista, criticando duramente o grupo. Para retratar as apresentações do sexteto, foram usados termos como “satanismo” e “missa negra”. O preconceito religioso de certos “críticos” foi levado mais em conta do que o trabalho musical do Ghost. Bullshit.

 

Arte performática

 

As influências do sexteto passam por artistas performáticos como David Bowie, Alice Cooper e Kiss. Entender esse contexto é essencial para “sacar” o som do Ghost. Não existe nenhum “herege” em cima do palco “evocando demônios” ou qualquer coisa que o valha. Existe música e teatralidade. Simples assim.

Após o sucesso do álbum de estreia da banda, “Opus Eponymous”, lançado em 2010, o segundo trabalho de estúdio do Ghost, “Infestissumam”, deu continuidade a fórmula que deu certo em seu debut. Isso demonstrou, para os fãs e a mídia internacional, que a postura do grupo não era oportunista. Mesclando peso, canto gregoriano, letras em latim e críticas à Igreja, o Ghost fugiu do lugar comum e do “politicamente correto”, pragas que infestam a música mundial, atualmente.

Não é a toa que o cenário musical brasileiro, ao menos o que atinge o grande público consumidor, está restrito a sertanejos, funks cariocas e pagodes. A busca por novas bandas e a “bagagem” para entender o que um grupo quer passar não são atributos encontrados facilmente. O fato de os integrantes da banda não mostrarem seus rostos e não terem as suas identidades reveladas também confunde a imprensa. Vivemos em uma época de “celebridades” que nascem em um dia e morrem no outro, dando lugar a novos “famosos”. O culto à imagem e a modernidade do “selfie”, estão de tal maneira impregnados na mídia tradicional que é até compreensível que, do ponto de vista desses jornalistas, um artista que não possa ser identificado seja tratado como uma aberração.

 

Ghost Papa Emeritus show Curitiba BioParque

Papa Emeritus II saudando o público curitibano (Foto – Marcos Anubis/Cwb Live)

 

Parcerias

 

Um dos grandes fãs do Ghost é o baterista do Foo Fighters, Dave Grohl. O músico fez questão de procurar o sexteto antes da gravação do segundo álbum dos suecos. Quando as duas bandas estavam fazendo shows na Holanda, Grohl encontrou os integrantes do Ghost e, após um bate papo, propôs uma parceria que foi prontamente aceita. “Antes de começarmos o álbum, nós fomos até Los Angeles por uma semana para gravar o EP de covers ‘If You Have Ghost’, no estúdio dele”, disse um dos Nameless Ghoul em entrevista para a revista Guitar Player.

No Studio 606, Grohl produziu e gravou a guitarra base de “If You Have Ghosts”, música de Roky Erickson, além de ter tocado bateria nas canções “I’m A Marionette”, do ABBA, “Crucified”, do Army of Lovers, “Waiting for the Night”, do Depeche Mode, e na versão ao vivo de “Secular Haze”, do próprio Ghost. O disco foi lançado no último dia 20 de novembro.

Aos poucos o sexteto sueco vai se consolidando como uma banda importante no cenário musical do século 21. Colhendo os frutos do sucesso, o Ghost já está trabalhando nas músicas que farão parte do seu terceiro álbum, que deve ser lançado no primeiro semestre de 2015.

Confira a entrada da banda no palco, no show em Curitiba, com as músicas “Masked ball”“Infestissumam” “Per Aspera Ad Inferi” e a cover de “If You Have Ghosts”, com a participação de Dave Grohl tocando bateria.