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Oneide e o Pelebrói, uma combinação explosiva (Foto – Marcos Anubis/Cwb Live)

 

Remanescente de uma época fantástica para o rock curitibano, o Pelebrói Não Sei fez, no último domingo (2) no estacionamento da Câmara Municipal de Curitiba, um dos melhores shows desta edição do Curitiba Rock Carnival.

A banda entrou no palco ao som de “Teddy Holiday Club” colocando logo de cara as cartas na mesa, como se dissesse ao público: se divirtam da mesma forma que nós vamos nos divertir. O som do Pelebrói é direto e reto, mesclando punk e hardcore sem solos ou firulas técnicas. Por conta dessa urgência em sua música o quarteto sempre teve muitos fãs entre os skatistas curitibanos. O grupo foi formado em 1995 e tem três álbuns de estúdio lançados: Positivamente Mórbido” (2001), Lágrimas Alcoólicas” (2003) e “Aos Farsantes Com Carinho” (2005).

Durante a apresentação, destaque para as músicas “Mais Um Blá Blá” e “Onomatopeia ou Neologismo”, cantadas pelo público em meio a rodas de mosh pit. A performance do vocalista Oneide Diedrich é digna de destaque. Escrachado e com uma forte postura de palco ele foi um show à parte durante toda a apresentação.

Como o evento era gratuito, a plateia era composta por pessoas de várias tribos e gostos musicais. Mas o que chamou mais a atenção foi o fato de que muitos dos presentes nitidamente acompanhavam a banda desde os anos 1990. Hoje esses fãs são “pais de família, sérios e comportados”. Alguns levaram até seus filhos para o show, iniciando a piazada no mosh pit.

“Somos Assim” encerrou uma apresentação que certamente ficará marcada na carreira do Pelebrói pela sinergia com o público que acolheu a banda com o respeito que a sua história merece.

 

Good Times, Bad Times

 

Na década de 1990, Curitiba tinha uma cena efervescente. Bandas de vários estilos, do hardcore ao reggae, proliferavam em todos os bairros da cidade. Casas como o Syndicate, Aeroanta e 92 Graus abriam espaço para esses grupos e o público dava o apoio necessário para que esse cenário continuasse forte.

Hoje a realidade é diferente. Fora o 92 Graus, ainda mantido por um dos grandes incentivadores da cultura curitibana, o músico JR, os espaços para shows de bandas autorais na cidade são cada vez mais restritos. Por conta disso, a iniciativa de incluir outros estilos musicais no Psycho Carnival, encabeçada pela organização do festival que é um dos mais respeitados no cenário psychobilly em todo o mundo, em parceria com a Fundação Cultural de Curitiba (FCC), é digna de elogios.

A declaração que Oneide deu ao Cwb Live, resumindo o sentimento da banda após o show, retrata bem o que foi a apresentação. “Foi maravilhoso, muito emocionante. Com apoio e iniciativa as coisas acontecem. Assim o rock sai do porão e fica ao alcance de todos”, disse. A visão deve ser essa. O rock curitibano é mais do que viável, como qualquer forma de arte na cidade. O que falta é apoio do público, da mídia e dos governos municipal e estadual. Quando essa união acontecer, o crescimento da cena será inevitável.

Confira duas músicas do show: “Mais Um Blá Blá” e “Onomatopeia ou Neologismo”.