Texto: Marcos Anubis
Fotos e revisão: Pri Oliveira

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Uma das “piadas” clássicas entre os músicos e jornalistas culturais de Curitiba é que na capital paranaense, se algum “caranguejo” está conseguindo fugir da panela, os outros o puxam rapidamente de volta.

No próximo dia 21 de abril a Pedreira Paulo Leminski receberá uma das maiores e mais importantes bandas da história do Rock, o Kiss. Essa será a primeira apresentação do quarteto americano na capital paranaense e justamente na turnê que comemora os 40 anos de estrada do grupo.

A abertura ficará a cargo dos curitibanos do Motorocker. Nos últimos anos, a banda vem se destacando com muito trabalho, shows em todo o Brasil e performances marcantes. Mas o que deveria ser uma atitude comemorada, (ter uma banda local abrindo um show desse porte), inacreditavelmente gerou algumas críticas. Fora o livre arbítrio que cada um tem para ouvir e gostar do que quiser, boa parte desses ataques nascem no inconsciente coletivo da cidade, programado para atacar os “caranguejos da vez”.

Alheio a essas características de Curitiba, o Motorocker tem se focado no trabalho e naquele que promete ser o mais importante show da carreira do grupo. “Eu tenho umas 15 mil pessoas na minha página e não vi críticas. Quando nós postamos que iríamos abrir para o Kiss tivemos umas 5 mil curtidas. Eu ficaria preocupado se visse críticas de alguém que entenda do assunto, uma pessoa que tenha know-how”, diz o vocalista Marcelus dos Santos.

Apesar dessa postura low-profile, o frontman do Motorocker acredita que essa é uma característica da sociedade atual, principalmente nas redes sociais. “Eu vejo que hoje existem mais pessoas preocupadas em falar sobre o que não gostam do que sobre o que gostam”, analisa.

Sangue nos olhos e rock na veia

Em abril do ano passado o Motorocker se apresentou na festa de reabertura da Pedreira Paulo Leminski, o mais tradicional local para shows em Curitiba. Como eles foram o primeiro grupo a subir no palco naquele dia, o quinteto pode ostentar o privilégio de ter sido a primeira banda de Rock a tocar na nova Pedreira.

Para o próximo dia 21 de abril, o quinteto está preparando um repertório que mescla seus clássicos à músicas do novo álbum “Rock Brasil”, lançado no fim de 2014. “Nós estamos fazendo uma música nova. O Kiss teve uma influência muito grande na minha infância. Era a maior banda, até eu conhecer o AC/DC e eles virarem a minha cabeça”, afirma Marcelus.

Postura e trabalho

Um dos segredos para esses convites que o Motorocker vem recebendo para abrir grandes shows é a postura profissional da banda. Além de um staff que conta com o trabalho da produtora Andrea Stremel, o quinteto não “treme” diante de grandes desafios. Por isso banda acumula em seu currículo de mais de 20 anos de estrada, shows ao lado de ícones da história do Rock, como Twisted Sister, Guns N’ Roses e Deep Purple.

Um desses grandes momentos foi quando o quinteto abriu o show do Iron Maiden na Expotrade, em Pinhais. “Quando a banda foi chamada para o palco deu vontade de sair correndo. Me deu uma crise de vergonha quando eu vi aquele mar de gente. Sou um ser humano”, relembra Marcelus, bem humorado. “Mas aí, quando você ouve o primeiro acorde da guitarra você já entra em transe e percebe que aquele é o seu território”, complementa.

A perfomance rendeu elogios até na página oficial da banda inglesa. “O Motorocker abriu o show e foram realmente bem. Eles me lembraram muito do velho AC/DC e até fizeram um cover de ‘Let There Be Rock’. O público pareceu ter gostado muito. Uma banda espetacular ao vivo”, dizia o texto.

Buscando superar com muito trabalho e profissionalismo o autofagismo curitibano, o Motorocker vem trilhando um caminho de destaque que incomoda a alguns, mas é absolutamente justo porque é fruto de seu próprio esforço.

Assista a entrevista completa com o vocalista Marcelus dos Santos e o guitarrista Luciano Pico e veja a galeria de fotos. Compartilhe, valorize a música feita na sua cidade.


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