Texto: Marcos Anubis
Fotos e revisão: Pri Oliveira
O público que lotou a Caixa Cultural neste domingo (24) viu dois grandes nomes da música brasileira no mesmo palco. No show “Eu vou pro samba”, João Bosco (voz e violão) e Hamilton de Holanda (bandolim) uniram forças para executar alguns clássicos da MPB, e o resultado foi belíssimo.
A temporada em Curitiba teve seis shows em três dias seguidos, todos com ingressos esgotados.
A dupla iniciou a apresentação com “Sinhá” de Chico Buarque e “Nação”. Além de composições de João Bosco, o setlist dos shows foi composto por canções de vários artistas brasileiros. Entre elas, a dupla incluiu “Fotografia” de Tom Jobim, “Isso é Brasil” de Ary Barroso e “Vatapá” de Dorival Caymmi.
Para darem o seu toque pessoal ao repertório, João e Hamilton recriaram os arranjos de cada música de uma forma sensacional. “Corsário”, por exemplo, ganhou uma versão ainda mais bela e “Incompatibilidade de gênios”, uma pegada com ainda mais suingue do que a gravação original. Também não faltou espaço para a improvisação, uma característica que faz parte da musicalidade dos dois.
João é um violonista que une técnica a uma forma única de tocar. Ele usa o violão de uma forma bem percussiva, fugindo do padrão “clássico” da MPB. O resultado é absolutamente genial.
Já Hamilton é um virtuose do bandolim. Com solos velozes e uma criatividade acima da média, ele pode tanto fazer a base dos acordes para João cantar quanto as linhas melódicas das músicas. O clima do público durante o show era de contemplação. Silencioso, prestando atenção em cada detalhe, os fãs curtiam cada momento da genialidade de João e Hamilton.
A dupla encerrou a apresentação com “O bêbado e o equilibrista”. Durante a execução, depois de um breve solo, Hamilton deixou que o público cantasse toda a música, mesmo que de forma tímida, quase sussurrada. Os dois se retiraram do palco sendo ovacionados pela plateia.
A iniciativa da Caixa é sensacional pois, de certa forma, democratiza a arte. O motivo é o preço dos ingresssos. Os mais caros custavam R$ 20, que é um valor baixíssimo para os padrões atuais da cultura brasileira.
Dessa forma, pessoas que não teriam acesso a um show nos teatros Positivo ou Guaíra, por exemplo, têm a chance de ver de perto os seus artistas preferidos. Em tempos de elitização da música, dos esportes, do teatro e da maioria das formas de arte, essa é uma atitude muito bem-vinda.
Confira um vídeo do show na Caixa Cultural, “Nação”. Veja, também, o nosso álbum de fotos.
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