O show no Armazém Garagem, que aconteceu nessa quarta-feira (15), ainda contou com a presença dos Inocentes e dos Magaivers 

Para qualquer banda curitibana, completar trinta anos de vida é uma conquista quase surreal. Afinal, a valorização dos “santos de casa”, no caso da capital paranaense, praticamente não existe.

Por isso, o show do quarteto No Milk Today, nessa quarta-feira (15), no Armazém Garagem, foi uma grande celebração de um legado underground que foi construído pela banda a duras penas nas últimas três décadas.

Além de tudo, a apresentação foi ainda mais marcante porque foi programada para ser uma despedida dos palcos por tempo indeterminado, pois o grupo vai se retirar para compor e gravar um novo álbum.

A abertura foi da banda curitibana Magaivers e o encerramento coube aos Inocentes, um dos precursores do Punk Rock no Brasil. As coberturas dos dois shows você confere na sequência, aqui no Cwb Live.

Rodrigo “Minduim” (guitarra e vocal), Neto (guitarra), Mauricião (baixo e vocal), e Maurício “Cabelo” (bateria) pisaram no palco visivelmente emocionados com tudo que a ocasião representava e abriram o show com “Diabolus” e “Minha cidade”.

No setlist, a banda incluiu diversas músicas que fazem parte da história do underground curitibano, entre elas, “Eu sou mais eu”, “Liberdade ltda”, e “Garota junkie” que, no show, teve a participação do músico Roger Patitucci (Men in Black).

Aliás, a DJ Yohrani, protagonista do clipe dessa canção, que foi lançado pelo No Milk em 2019 e faz parte da tracklist do álbum “Tormento” (2007), estava presente na festa. “Eu fiquei muito feliz quando me chamaram para fazer o vídeo porque eles são a banda da minha adolescência! Os caras começaram a fazer música antes mesmo de eu nascer! Lembro que a expectativa para assistir ao clipe era enorme e ele demorou um bocado para ficar pronto, mas o resultado foi foda demais!”, conta Yohrani.

Outro grande momento do show, como sempre, foi “Punk Rock do Brasil”, canção na qual o No Milk cita diversos trechos de letras de clássicos do estilo no Brasil, ao melhor estilo “Festa Punk”, hit da banda gaúcha Replicantes.




As crianças nunca vão parar de cantar

Se a velha geração, que acompanha o trabalho do No Milk Today desde os anos 1990, marcou presença para aplaudir mais uma vez a banda, nenhum marmanjo superou o entusiasmo do jovem Teodoro Pacheco.

Afinal, o garoto, que tem apenas oito anos de idade e foi levado pela mãe, a administradora Juliana Follmann, cantou e se divertiu durante toda a apresentação.

É possível entender a paixão de Teodoro porque, na família dele, a música vem de berço, pois o pai, Rick Pacheco, era o guitarrista da banda curitibana Playmobillys.

Juliana também faz parte desse mundo porque sempre frequentou os shows nos diversos locais que fazem parte do underground curitibano, entre eles, o lendário 92 Graus e os extintos Lino’s e Syndicate.

Com todo esse background, Teodoro acabou conhecendo os integrantes do NMT em 2022, quando acompanhou a mãe em um dos churrascos que, tradicionalmente, são realizados nos fins de semana no 92 Graus e nos quais o grupo costuma marcar presença.

Dali em diante, o menino começou a ter contato com os álbuns do No Milk por meio do YouTube e das plataformas de música digital.

O surpreendente é que, apesar de acompanhar a trajetória de muitas bandas curitibanas, principalmente, as da cena Punk e Psychobilly, Juliana nunca tinha assistido a uma apresentação do NMT.

Porém, é claro que isso aconteceria em algum momento e a oportunidade surgiu poucos meses depois da reunião no 92, em um show que o grupo fez no bar Belvedere.

Naquela ocasião, ela comprou os CDs da banda e passou a ouvir constantemente as músicas quando levava o filho para escola, fazendo com que o garoto virasse, imediatamente, um fã do No Milk. “O Teodoro começou a ficar completamente apaixonado pelas canções deles!”, conta Juliana.

Dali em diante, a frase “mamãe, Punk Rock!” passou a fazer parte do dia a dia da família, pois o garoto pedia constantemente para ouvir as músicas da banda.

Entretanto, ainda faltava uma coisa para que Teodoro ratificasse a ligação com o grupo: assistir a um show ao vivo do NMT, e isso aconteceu em uma apresentação diurna que a banda fez em 2023, no Que Bar É Esse.

A oportunidade de ver a turma do “tio Minduim” sacramentou a relação do jovem com o No Milk de uma maneira que ninguém esperava. “Ele sabe cantar quase todas as músicas. É lindo ver a paixão dele por uma banda daqui, por essas pessoas que viraram nosso amigos!”, diz Juliana.

“Resistência” encerrou o show, com Teodoro cantando toda a música em frente ao palco, nos ombros da mãe, como se realmente soubesse que, durante um bom tempo, ele pode não voltar a viver aquela experiência.

Após o último acorde, a banda parecia não entender o que aquele momento significava, pois os integrantes foram para os bastidores com um olhar longínquo, ainda procurando processar o que tinha se passado no palco. “Foi uma despedida. Nós prometemos que vamos voltar, mas precisamos desse tempo. Não poderíamos ter encerrado esse ciclo de uma maneira melhor, pois contamos com a presença de muitos amigos, crianças, e famílias. Além disso, o show também teve um cunho social (a banda arrecadou alimentos que foram doados para a ONG Instituto Anjo Azul, que auxilia famílias de crianças autistas). Foi ‘de cair ciscos nos olhos’, como dizem por aí! Com isso, nós ganhamos um novo ânimo para produzir nesse período e, depois, voltar”, finaliza Mauricião.

Assista ao vídeo de “Resistência”, gravado ao vivo no show do No Milk Today no Armazém Garagem.

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