Texto: Marcos Anubis
Fotos e revisão: Pri Oliveira/Cwb Live
No setlist do show no Teatro Bom Jesus, Glenn apresentou alguns dos grandes clássicos do Deep Purple
É muito comum os artistas internacionais virem ao Brasil para shows que nem sempre entregam o que prometem. Com pouco mercado na Europa e nos Estados Unidos, eles enxergam na América do Sul uma salvação para as suas carreiras. Esse não é nem de longe o caso de Glenn Hughes.
Nessa terça-feira (24), no Teatro Bom Jesus, em Curitiba, com sua potente voz ainda intacta e uma alma que poucos músicos têm, Glenn emocionou o público curitibano com os grandes clássicos do Deep Purple.
Com o teatro praticamente lotado, Glenn Hughes (baixo e vocal), Soren Andersen (guitarra), Jay Boe (teclado) e Fer Scobedo (bateria) abriram a apresentação da “Classic Purple Live” com “Stormbringer”. O setlist do show, além de músicas conhecidíssimas, como “Smoke on the water” e “Mistreated”, também incluiu presentes para os fãs mais fiéis, entre eles, “Might just take your live”, “Sail away” e “You fool no one”.
A grande guinada na carreira de Glenn, que tocava no Trapeze, aconteceu justamente quando ele foi convidado a fazer parte do Deep Purple, em 1973. Junto com ele, a banda fez um teste e acabou aprovando a entrada de David Coverdale, na época um jovem vocalista que iniciaria ali uma trajetória também brilhante. O time de estrelas era completado por Roger Glover (baixo), Ritchie Blackmore (guitarra), John Lord (teclado) e Ian Paice (bateria), um dos mais fantásticos dream teams da história da música.
Com o Deep Purple, Glenn gravou os álbuns de estúdio “Burn” (1974), “Stormbringer” (1974) e “Come Taste the Band” (1976), que encerrariam a carreira da banda naquele momento. Depois deles, o grupo só voltaria a se reunir em 1984 no álbum “Perfect Strangers”, já sem a presença de Glenn.
Em 1977, ele lançaria seu primeiro álbum solo, “Play me Out”. A partir dali, Glenn viveria altos e baixos, muitos deles por causa das drogas. Em 1986, por exemplo, ele gravou “Seventh Star”, que deveria ser um álbum do Black Sabbath, mas acabou se tornando praticamente um disco solo do guitarrista Tony Iommi. O motivo do “fracasso”, segundo Tony conta em sua biografia, foi a incapacidade de Glenn se livrar do vício da cocaína.
Sua carreira ainda é marcada por uma parceria com o baterista do Red Hot Chili Peppers, Chad Smith e, depois, com o virtuoso guitarrista Joe Bonamassa na superbanda Black Country Communion, com a qual lançou quatro álbuns.
A voz do Rock
Dos grandes vocalistas da história do Rock, poucos continuam com a voz saudável o suficiente para cantar em alto nível. Um deles é Glenn Hughes. É óbvio que, no palco, existe a ajuda de um efeito aqui, um eco ali, mas a essência e a potência de Glenn continuam vivas, o que faz com que o apelido de “a voz do Rock” ainda lhe caia muito bem.
Outra característica de sua música é o groove. Glenn não se prende ao ritmo “quadrado” do Rock’n’roll. Ele usa o Funk e o Soul de forma muito criativa, executando as canções de uma maneira única. Essa riqueza harmônica, inclusive, foi um dos motivos que levaram à saída do guitarrista Richie Blackmore do Deep Purple, em 1975. Ele não admitia que essas influências afetassem a “pureza” do som da banda.
Durante a apresentação, é muito fácil perceber o prazer com que Glenn encara os seus shows, e isso faz toda a diferença para o público. No palco, ele não se apresenta como se “estivesse fazendo um favor” aos fãs. Glenn e sua banda dão tudo de si e isso ficou muito claro em “You keep on moving”, um dos melhores momentos da noite.
A sinergia entre a banda e os fãs impressiona porque, mesmo entre os grandes nomes da música, isso não é tão comum. Glenn faz questão de se conectar ao público que está no show, seja conversando ou olhando nos olhos das pessoas. “Eu simplesmente amo o Brasil e adoro retribuir o amor que vocês têm por mim! Obrigado pelo apoio que vocês me deram nesses últimos 50 anos!”, disse em um dos muitos momentos de agradecimento.
“Highway star” e “Burn” encerraram a apresentação. No final, toda a banda abraçou Glenn ao mesmo tempo, simbolizando uma noite de grande celebração. A reação dos músicos pode parecer um jogo de cena, mas na verdade expressa bem a ligação que o grupo tem. Aos 65 anos de idade, Glenn Hughes ainda consegue provocar respeito, admiração e reverência, reações que são destinadas a poucos.
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