Texto: Marcos Anubis
Fotos: Divulgação




Na maioria das vezes, afirmar que “tal banda criou um gênero musical” é muito arriscado. Afinal, normalmente, vários grupos desenvolveram elementos que, em certo momento, passaram a representar os alicerces de um estilo específico.

Porém, no caso do Death Metal, a banda norte-americana Death é, certamente, uma das melhores apostas.

Dessa maneira, para entender o que é esse gênero, o livro “Death by Metal – A História de Chuck Schuldiner e do Death”, que acaba de ser lançado pela Editora Estética Torta, é essencial.




Um mergulho no universo de Chuck Schuldiner

Escrito pelo jornalista italiano Gino Risso, o livro aborda de maneira bem profunda o legado deixado por Chuck que é, seguramente, um dos criadores desse gênero extremo.

A obra tem 260 páginas e apresenta a história da banda e de seu criador por meio de entrevistas, fotografias e imagens raras.

As histórias contadas no livro precedem o Death. Elas têm início em 1983 quando Chuck formou o Mantas, ao lado do guitarrista Rick Rozz e do baterista e vocalista Barney “Kam” Lee.

Nessa primeira incursão no som pesado, Chuck absorveu as influências que estavam sendo trazidas por bandas como o  Venom e o Slayer. Com essa formação, apenas um ano depois, a banda gravou a demo “Death by Metal”, apresentando cinco faixas que já buscavam uma sonoridade crua e agressiva.

A história fonográfica do Death propriamente dito começou em 1987 com o álbum “Scream Bloody Gore”. A partir dali, o grupo mudaria a maneira como o som extremo era encarado ao redor do mundo.

Para retratar a obra musical que Chuck idealizou e construiu, Risso reuniu entrevistas de ex-integrantes e outros personagens que analisam os sete trabalhos de estúdio da banda: “Scream Bloody Gore” (1987), “Leprosy” (1988), “Spiritual Healing” (1990), “Human” (1991), “Individual Thought Patterns” (1993), “Symbolic” (1995) e “The Sound of Perseverance” (1998).

Cada um desses álbuns foi tratado de maneira separada. O autor teve até o cuidado, inclusive, de analisar algumas letras dos CDs. Dessa maneira, Risso tentou mostrar a visão lírica que Chuck procurava trazer para as músicas do Death.

Essa iniciativa foi muito inteligente porque evidencia que Chuck, ao longo do tempo, foi se distanciando da simples obsessão por morte e cenários sangrentos, que é tão característica do Death Metal.

Esse crescimento da narrativa das músicas fica mais evidente a partir do álbum “Human” (1991). Dali em diante, Chuck Schuldiner retratou de maneira bem pessoal a condição humana, criando uma nova perspectiva lírica para o som extremo.

Musicalmente, também é muito interessante acompanhar a análise que Risso procura estabelecer para mostrar a evolução conceitual e técnica que a banda teve gradativamente em cada um desses álbuns.

No texto, Risso também aborda de maneira muito detalhada uma das maiores características de Chuck: o perfeccionismo. A busca pela melhor formação possível, ao lado de músicos que conseguissem executar as ideias que ele tinha, foi a vela mestra que levou o inquieto músico norte-americano a ser cada vez mais inventivo a cada álbum do Death.

O autor também aborda os problemas que invariavelmente aconteciam quando a banda tinha ofertas para fazer turnês na Europa (Chuck odiava voar de avião). Esse temor levou o grupo a fazer uma tour sem Chuck, o que é impensável.

Porém, esse perfeccionismo também gerou uma troca interminável de integrantes e o consequente desgaste que essas mudanças provocam. Assim, mais de 20 músicos passaram pelo Death nos 18 anos de história da banda.

“Death by Metal – A História de Chuck Schuldiner e do Death”, que pode ser adquirido no site da editora Estética Torta, é um mergulho na vida de um dos maiores personagens da música brutal.

Indo além da abordagem musical, Gino Risso conseguiu retratar o lado humano de Schuldiner, o que transforma o livro em uma peça essencial na coleção de qualquer fã de Heavy Metal.