Texto: Marcos Anubis
Fotos: Pri Oliveira, Alexandre Corrêa (capa do EP), Divulgação (Relespública nos anos 1990)

O trio está lançando o EP “Sem Ninguém Ao Lado”




A Relespública é responsável por alguns dos grandes clássicos da história da música paranaense. Entre essas canções que fazem parte da vida de qualquer fã de Rock curitibano, estão “Garoa e solidão”, “Better time you have gone”, “Nunca mais” e “Sol de Estocolmo”.

Nesta sexta-feira (11), Fabio Elias (guitarra e vocal), Ricardo Bastos (baixo), e Emanuel Moon (bateria), estão adicionando mais algumas pérolas a essa vasta lista.




“Sem Ninguém Ao Lado”

Em uma parceria com o selo Volts, o trio curitibano está lançando o EP “Sem Ninguém Ao Lado”. A frase que dá nome ao EP faz parte da letra de “Grito de socorro”, que fecha o trabalho.

“Sem Ninguém Ao Lado” se junta aos oito álbuns gravados pelo grupo até hoje, entre discos de estúdio, EPs e trabalhos ao vivo: “Mod” (1993), “Venda Proibida – Ao Vivo do Centro Politécnico” (1996), “E o Rock’n’Roll, Brasil?!” (1998), “O circo Está Armado” (2000), “As Histórias São Iguais” (2003), “MTV Apresenta” (2007) , “Efeito Moral” (2008), e “Antes do Fim do Mundo” (2010).

O novo EP, que marca a retomada fonográfica do grupo após 13 anos fora dos estúdios, foi gravado em dezembro de 2020 e janeiro de 2021 no Nico’s Studio, em Curitiba.

A direção musical foi do empresário e produtor Marcelo Crivano, que já trabalhou com a Reles nos álbuns “As Histórias São Iguais” (2003), e “MTV Apresenta” (2006).

A produção foi do músico Bruno Sguissardi, guitarrista da banda curitibana Anacrônica, e a masterização foi realizada pelo produtor J.J. Golden no Golden Mastering Studios, nos EUA.

A engenharia de som do EP ficou a cargo de Francisco Desalvo e a mixagem foi de Vinícius Braganholo. Já a arte da capa foi criada pelo artista gráfico Alexandre Corrêa.

“Sem Ninguém Ao Lado” é composto por cinco faixas: “Mods are back again”, “Mammaoola”, “I can’t believe it! Turn, turn”, “Voar o Céu”, e “Um grito de socorro”. Todas as músicas também foram disponibilizadas em versões instrumentais.

“Mods are back again” também ganhou um clipe produzido pelo filmmaker Raul Machado, que já trabalhou com grandes nomes da música brasileira, entre eles, as bandas Sepultura, Chico Science & Nação Zumbi, e Planet Hemp.

Todas as canções do EP já fazem parte do repertório da Relespública, mas estavam guardadas há muitos anos na gaveta de preciosidades da banda, esperando o momento certo para serem gravadas. “São músicas que já existiam no nosso repertório, mas que nunca tinham sido lançadas oficialmente. A exceção é a “Mammaoola”, um hit da Reles nos anos 1990 no qual nós fizemos um novo arranjo e algumas mudanças na estrutura”, explica Fabio Elias.

Inicialmente, o EP está disponível para audição somente no Spotify (ouça neste link), mas também deve ser lançado em formato físico ainda neste ano. “Temos a intenção de lançar o tão sonhado vinil e a gravadora Volts tem oferecido todo o apoio e as condições para que isso ocorra”, conta.

Nas gravações do EP, a banda contou com as participações especiais de Marcelo Crivano (piano em “Um grito de socorro”), Bruno Sguissardi (piano em “Mods are back again”, hammond em “Mamaoola” e vocalizes em “Um grito de socorro”), Francisco Desalvo (“vocalizes em “Um grito de socorro”), e Mateus Brandão (arranjo e execução de violoncelos em “Voar o céu”, arranjo de metais em “Mamaoola” e “Turn, turn”).

Os músicos Otávio Augusto (sax tenor), Rodrigo Vicaria (trombone), Enrique Felix (trompete), e Marcos Almeida (trompete), também reforçaram a formação da Relespública durante as gravações.




Os mods estão de volta, novamente

A canção que foi escolhida para ser o primeiro clipe do EP tem um significado muito marcante para a banda e também para a cena musical curitibana.

“Mods are back again” foi composta em 1995, logo após o acidente de carro no qual morreu o primeiro vocalista da Relespública, o jovem Daniel Fagundes. “Essa música foi a primeira a ser gravada no estúdio, foi o pontapé inicial. Esse seria o nome do álbum até a gente terminar a gravação e resolver mudar. Ela é o novo hino Mod da Relespública”, conta.

Ou seja, a canção carrega um peso emocional fortíssimo e demonstra claramente a paixão pelo Mod, que foi responsável pela sobrevivência da Relespública naquele momento tão difícil.

Logo na introdução da música, Fabio grita com toda convicção: “eu sou Mod, eu sempre fui um Mod, meu pai já era um Mod”! Em Curitiba, ninguém tem mais autoridade para fazer essa afirmação.

Musicalmente, a faixa apresenta três características que revelam a alma musical da Relespública: um riff marcante, uma levada de bateria com viradas constantes nos tons, e uma linha de baixo que acompanha as melodias vocais. “Essa canção é a ‘mais Relespública’ de todas as músicas do EP. Ela apresenta o trio nu e cru, com um piano para segurar a banda e fazer com que a gente não saia voando!”, complementa.




Mais de três décadas de Rock’n’roll

Formada em 1989, a Relespública merecidamente conquistou o respeito de todo o país e se tornou um sinônimo de Rock brasileiro. Ao lado do Ira!, o trio curitibano é o nome mais importante do Mod no Brasil.

Com toda essa bagagem, o novo EP da Reles chama ainda mais atenção porque é o primeiro registro da banda em estúdio desde 2008. “A gente até ensaiou várias vezes para gravar, mas nunca ia pra frente por causa de vários motivos pessoais. Todos nós tivemos filhos e exercemos outras atividades durante esses anos. Parar tudo e entrar na brainstorm de uma gravação era algo que queríamos fazer há muito tempo, mas que não faríamos de qualquer jeito”, explica.

Nitidamente, o foco na música, na obra da Relespública, é algo que os integrantes do grupo levam muito a sério. “Não somos uma banda que grava em casa, de maneira simples, como todos fazem hoje em dia com uma plaquinha de áudio. A gente precisa entrar no estúdio e descer a mão na bateria, aumentar o volume da guitarra no talo e fazer o baixo tremer as vidraças do lugar. Somos uma banda de Rock a moda antiga, graças aos deuses!”, afirma.

Após mais de 30 anos de estrada, mesmo em meio a pandemia, a decisão de entrar novamente em estúdio trouxe uma nova dose de ânimo para o grupo. “Foi muito legal! A gente ainda tem a mesma energia, mas com mais experiência de vida. Confesso que eu sempre fui o mais empolgado e ansioso da banda. Não via a hora de entrar lá, ligar a guitarra e mandar ver o meu som! Eu ainda sou aquele piazinho de 15 anos de idade (risos)!”, conta.

Nessas três décadas de vida, a Reles teve altos e baixos que fazem parte de qualquer grupo na história da música. Porém, acima de tudo, o que manteve o trio curitibano vivo foi justamente a amizade e o respeito que existem entre os integrantes. “Foi foda ver a Reles em ação depois de tanto tempo, em meio a uma porra de pandemia mundial que acabou com os shows, mas possibilitou essa parada para gravar. Fizemos uma caipirinha desse limão!”, finaliza Fabio Elias.

No segundo semestre, a banda vai lançar mais um clipe. Além disso, até o fim do ano, o grupo também vai publicar semanalmente a biografia da Relespública em formato E-Folhetim e disponibilizar todo o catálogo fonográfico da banda nas plataformas digitais.

Confira o clipe de “Mods are back again” e um vídeo da Relespública tocando o clássico “Garoa e solidão” na Zombie Walk 2020.

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