O show também marcou a estreia de uma nova confiração para eventos no estádio do Club Athletico Paranaense



Certas bandas carregam uma importância que vai além da música porque ajudaram a construir os alicerces dos estilos aos quais pertencem.

Esse é justamente o caso do trio norueguês A-ha, que se apresentou nessa segunda-feira (25) na Arena da Baixada, em Curitiba.

O estádio recebeu aproximadamente 9 mil pessoas (os ingressos foram todos vendidos), que puderam “experimentar” uma nova configuração na montagem do palco, localizada em frente à arquibancada da Rua Buenos Aires, muito perto dos fãs.

Esse protagonismo se justifica porque, em 2022, o grupo está completando 40 anos de estrada e continua se mantendo como um dos maiores nomes do Pop/Rock.

O show em Curitiba foi o último da turnê brasileira, que teve realização da RW7 Production & Entertainment e da Move Concerts e ainda passou pelas cidades de São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Salvador e Rio de Janeiro.

A apresentação, que teve os ingressos esgotados, faz parte da turnê de comemoração dos 35 anos do álbum “Hunting High And Low”, completados em 2020.

Obviamente, por causa da pandemia, as datas dos shows ao redor do mundo precisaram ser adiadas, mas a espera valeu a pena.



Sintetizadores e melodia

Morten Harket (vocal), Magne Furuholmen (teclado) e Påul Waaktaar (guitarra) abriram o show com “Sycamore leaves” e “The swing of things”.

Na sequência, veio a belíssima “Crying in the rain”, trilha sonora da seção de “música lenta” em qualquer festa na década de 1980.

No setlist do show, a banda incluiu todas as faixas do álbum de estreia, mas, além dos grandes sucessos, eles também aproveitaram para apresentar a inédita “Forest for the trees”.

A faixa faz parte do novo álbum do A-ha, “True North”, que será lançado em outubro junto com um documentário filmado pelo diretor norueguês Stian Andersen, que já trabalhou com diversos artistas independentes, entre eles, o rapper Lars Vaular e a cantora Ane Brun.

“True North” é composto de 12 faixas e foi gravado na cidade norueguesa de Bodø, que fica 90 km acima do Círculo Ártico.

As composições foram divididas igualmente entre Magne e Waaktaar, e a decisão de isolar a banda no extremo norte da Noruega foi tomada justamente para que os músicos pudessem fazer uma imersão criativa no universo dessas canções.

O primeiro single/clipe do álbum, “I’m in”, foi lançado no dia 8 de julho, mas o grupo não incluiu a música no setlist do show em Curitiba.

“True North” é o primeiro álbum de inéditas do A-ha desde “Cast in Steel” (2015), cuja turnê também passou pela capital paranaense em um show na Live Curitiba. Relembre neste link como foi a nossa cobertura.



Um presente e tanto

Se, para os fãs, ver o A-ha pela segunda vez em Curitiba já foi um momento emocionante, imagine para duas amigas que decidiram comemorar o aniversário (que foi no começo de julho) justamente na apresentação dessa segunda-feira. “Esse show teve um significado extra, pois eu curti junto com a minha melhor amiga, a Lígia. Nós estávamos comemorando os nossos 35 anos de idade e esse foi o primeiro show que nós assistimos juntas em 28 anos de amizade! Mais perfeito, impossível!”, diz a assistente administrativa Ana Paula Godoy.

Ana Paula cresceu ouvindo A-ha por influência do irmão, que é dez anos mais velho do que ela e, à medida que conhecia o trabalho da banda norueguesa, essa paixão foi crescendo aos poucos.

O público no show da Arena foi formado por fãs mais antigos, mas também por pessoas mais novas que, provavelmente, herdaram o gosto musical dos pais.

Dentro desse grupo de pessoas com visões musicais completamente heterogêneas, é claro que cada fã tem as suas próprias canções preferidas e nem sempre elas fazem parte do setlist das turnês, ainda mais com uma banda que tem quatro décadas de vida.

Assim, algumas músicas que fizeram muito sucesso no Brasil, como, “Touchy!” e “Stay on these roads”, ficaram de fora da apresentação. “O meu sonho seria ouvir “Manhattan skyline”, mas eu já sabia que ela não fazia parte do setlist”, complementa Ana Paula.

Porém, as duas amigas certamente se emocionaram com outros sucessos, entre eles, a grandiosa “The Sun Always Shines On T.V.”, que começa com um vocal quase a cappella e termina com uma mescla de bateria eletrônica e sintetizadores rugindo nos P.A.s do palco. “Foi a minha favorita do show!”, complementa.



Low profile

Morten Harket talvez seja o vocalista mais low profile do Pop/Rock mundial. Afinal, no palco ou fora dele, o cantor norueguês tem uma postura tranquila que não se enquadra de nenhuma maneira no estereótipo das grandes estrelas da música internacional.

No show, Harket falou pouco com o público, limitando-se a agradecer após algumas canções. Claramente, a função de “porta-voz” da banda no palco fica a cargo de Magne, que chegou até a arriscar algumas frases em bom português.

Essa característica pessoal, aliás, sempre esteve presente na vida do vocalista, e um dos maiores exemplos aconteceu na segunda edição do Rock in Rio, que aconteceu em 1991 no Maracanã.

Naquele ano, o A-ha foi uma das atrações do evento, e a timidez de Harket ganhou bastante destaque na imprensa brasileira que não entendia os motivos que levavam o cantor a preferir a tranquilidade do hotel aos “prazeres” do Rio de Janeiro.

Afinal, aos olhos dos curiosos jornalistas, isso era um contraponto gigantesco em comparação com os outros astros que faziam parte do festival, entre eles, os sempre controversos Dave Mustaine, Axl Rose e Prince.

Além da discrição, outro fato que chama muita atenção é a capacidade vocal de Harket, que pouco mudou nessas quatro décadas de história do A-ha.

Praticamente todas as músicas do A-ha exigem notas muito altas, e o cantor não se esconde quando precisa executar essas frases melódicas.

Um bom exemplo disso foi “Hunting high and low”, um dos momentos mais emocionantes do show. Essa é uma das canções do repertório da banda nas quais Morten tem que alcançar notas bem altas.

Aliás, ela simboliza não só a aura musical dos anos 1980, mas também reflete a questão visual do showbizz daquele período.

Afinal, quem não se lembra do clipe da canção, que mostra Morten se transformando em alguns animais que estão sendo caçados?



O “anfiteatro” da Arena da Baixada

Inaugurada em 1999, a Arena da Baixada foi o primeiro estádio multiúso do Brasil, concebida com base em um projeto revolucionário para os padrões brasileiros.

A tarefa foi comandada pelo arquiteto uruguaio Carlos Arcos, que projetou o estádio com a intenção de deixar o público o mais perto possível do campo para que ele fizesse realmente parte do espetáculo.

Em 2014, a versão final do estádio foi inaugurada para a Copa do Mundo do Brasil e, dessa vez, a Arena ainda foi finalizada com um teto retrátil.

Essa característica faz com que o som permaneça dentro do estádio, em vez de se dissipar como acontece na maioria das outras praças esportivas.

Nessa segunda-feira, essa peculiaridade foi colocada a prova porque, pela primeira vez nos shows que aconteceram na Baixada, os organizadores decidiram montar o palco de frente para a arquibanda do gol de entrada do estádio, na Rua Buenos Aires.

A decisão fez com que o público ficasse praticamente em cima do palco, em um formato muito similar aos anfiteatros romanos e gregos da antiguidade.



A trilha sonora dos anos 1980

Na parte final do show, a banda reservou quatro momentos de extâse para os fãs com “Cry Wolf”, “I’ve been losing you” e “The living daylights”, trilha sonora do filme homônimo da franquia 007, lançado em 1987 e que, no Brasil, se chamou “007 – Marcado Para a Morte”.

Durante a canção, Magne pediu para que o público cantasse o refrão, mas fez uma pequena alteração na letra. No embalo, os fãs emendaram um animado “oh, oh, oh, ohh, Curitiba”.

O agrado foi muito bem recebido pelos fãs e todos cantaram com muita animação a versão curitibana de um dos maiores sucessos do A-ha.

Depois, o grupo saiu rapidamente do palco e voltou para encerrar o show com o megahit “Take on me”, um dos clássicos absolutos dos anos 1980.

No final, a banda foi aplaudida pelo público durante aproximadamente cinco minutos até sair do palco sob o som de “Running up that hill”, da cantora Kate Bush, que ficou famosa por ser a música que salvou a personagem Max na série “Stranger Things”, da Netflix. “Essa foi a primeira vez que vi o A-ha ao vivo e foi impecável, superou as expectativas! Eu fiquei impressionada com o Morten, que está cantando superbem apesar dos problemas que teve recentemente. Foi emocionante ouvir os clássicos, principalmente nos momentos nos quais os fãs cantavam junto. Foi de arrepiar!”, finaliza Ana Paula.

Confira os vídeos das músicas “Take on me”, “The sun always shine on T.V.”, e “Hunting high and low”, gravadas ao vivo no show do A-ha na Arena da Baixada.

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