A banda alemã fez uma daquelas apresentações que ficarão na memória dos fãs durante muito tempo

Existem shows que podem se tornar históricos para os fãs por causa de uma série de motivos distintos, entre eles, a participação especial de algum artista ou a inclusão no setlist de alguma música que raramente é executada.

Nessa quinta-feira (20), na apresentação da banda alemã Helloween, na Live Curitiba, os fãs da capital paranaense vivenciaram uma dessas noites que se tornam eternas, pois tiveram a oportunidade de ver de perto três dos maiores vocalistas da história do Heavy Metal.

Afinal, não se sabe até quando o grupo vai conseguir manter Michael Kiske, Andi Deris e Kai Hansen na linha de frente da turnê “United Forces”, que tem esse nome justamente para mostrar essa conexão entre essas três vozes que representam períodos diferentes da história da banda. “Tem sido ótimo, relaxante e maravilhoso dividir o palco e as músicas com, basicamente, outros dois cantores. Também é bom para mim, pois consigo recuperar o fôlego entre as canções”, afirmou Deris na entrevista exclusiva que ele concedeu ao Cwb Live (leia neste link) pouco antes da banda viajar ao Brasil para iniciar a turnê na América do Sul.

Power Metal

Pontualmente às 21h, com a Live praticamente lotada, a execução da instrumental “Orbit”, que faz parte do mais recente álbum do grupo, “Helloween” (2021), anunciou que o show ia começar. Pouco depois, a gigantesca bandeira com o nome da banda, que estava posicionada em frente ao palco, foi baixada.

Michael Kiske e Andi Deris (vocais), Kai Hansen (guitarra e vocal), Michael Weikath e Sascha Gerstner (guitarras), Markus Grosskopf (baixo) e Dani Löble (bateria) abriram o show com “Skyfall”, também do novo trabalho, e o clássico “Eagle fly free”.

No palco, a enorme abóbora que serve como plataforma para a bateria de Löble era uma atração à parte, principalmente, quando ficava com os olhos macabramente iluminados (que se tornavam ainda mais sinistros quando os músicos ficavam na penumbra). Aliás, essa foi uma promessa de Andi antes da vinda ao Brasil. “O equipamento que estamos levando a Curitiba será exatamente o mesmo do show em São Paulo. Os fãs curitibanos verão o mesmo palco, montado com a nossa enorme abóbora, e os mesmos instrumentos. Até nós seremos os mesmos!”, disse ao Cwb Live.

Em seguida, Deris conversou com o público para apresentar a canção “Mass Polution”, que também faz parte do mais recente álbum do Helloween.

Sinergia

A relação dos fãs com o Helloween é muito próxima e chega claramente até os músicos durante o show. Em muitos momentos, esse carinho provocou reações dos integrantes do grupo, principalmente de Deris e Sascha, que volta e meia agradeciam ao público. “Todos nós sabemos que os fãs brasileiros são totalmente loucos (no bom sentido) e que celebram a música como ninguém. Nós adoramos tocar no Brasil!”, afirmou Deris.

Essa conexão Alemanha/Curitiba, na verdade, vem desde 1996, quando o Helloween fez parte da edição curitibana do festival Monsters of Rock, que aconteceu no Estádio Couto Pereira. Naquela noite, os alemães se apresentaram ao lado do Iron Maiden, do Motörhead e do Skid Row e deram início a uma relação de respeito que só aumentaria nos diversos shows que eles fizeram na capital paranaense nos anos seguintes.

Dessa vez, já quando a banda desembarcou no hotel em Curitiba, na terça-feira (18), Sascha Gerstner fez questão de postar uma foto em preto e branco no Instagram fazendo menção ao tradicional frio e chuvoso clima curitibano. “Olhando pela janela, vendo você em tons de cinza, e de repente me sinto em casa”, escreveu.

No dia seguinte, o guitarrista tirou até um tempinho para conhecer o Museu Oscar Niemeyer (MON) e postou várias fotos elogiando um dos cartões postais da capital paranaense.

O patrono do Helloween

“Eu tenho orgulho de apresentar o senhor Kai Hansen, o homem que começou tudo isso aqui, em 1984”, disse Deris para chamar ao palco um dos fundadores do Helloween.

Muito aplaudido pelo público, Hansen assumiu sozinho o vocal e cantou um medley com “Metal invaders”, “Victim of fate”, “Gorgar” e “Ride the Sky”, encerrando com o hino “Heavy Metal (Is the law)”.

Depois da “parte solo” de Hansen, a dupla Kiske/Deris voltou ao palco, ao lado de Sascha na guitarra. Sentados em dois bancos que foram colocados bem perto do público, a dupla cantou a belíssima “Forever and one (Neverland)”, exibindo um duo de vozes que mostrou novamente aos fãs (se é que isso é necessário) toda a técnica que esses dois senhores cinquentões ainda possuem.

Na sequência, o público recebeu com entusiasmo as primeiras notas da melodia de teclado da belíssima “If I could fly”, canção do álbum “The Dark Ride” (2000), que talvez seja o disco mais Doom Metal do Helloween, se é que isso é possível.

Logo em seguida, as luzes foram todas direcionadas em cima de Sascha, que ficou sozinho no palco para o tradicional solo de guitarra, um ato sagrado que não pode faltar em nenhum show de Heavy Metal que se preze.

Depois da demonstração de virtuosismo, a banda voltou para tocar a nova “Best time”, que tem um clipe que conta com a participação da vocalista do Arch Enemy, Alissa White-Gluz.

Em 2021, na época do lançamento do 16º álbum de estúdio do grupo (que aconteceu em meio ao período mais pesado da pandemia em todo o mundo), eles enfatizaram que essa canção significava um desejo de que tempos melhores viessem para todos.

“How many tears”, clássico do álbum “Walls of Jericho” (1985), encerrou a primeira parte da apresentação, cantada por todo o público na Live Curitiba.

O guardião das sete chaves

Na volta ao palco, Deris veio vestido de fraque e cartola para cantar a irônica “Perfect gentleman”. Em seguida, para delírio dos fãs, a banda executou a majestosa “Keeper of the seven keys”, que tem quase 14 minutos de duração.

Durante a música, a qualidade técnica dos instrumentistas deixou o público de boca aberta, pois o andamento da canção é construído com muitas variações de ritmos e de climas.

Ao final da música, cada um dos integrantes foi apresentado por um dos companheiros, recebeu os aplausos do público e se retirou do palco. Somente Sascha ficou debaixo dos holofotes, regendo o coro dos fãs.

Para fechar o show de maneira perfeita, as luzes foram apagadas e somente os olhos vermelhos da abóbora posicionada em volta da bateria ficaram visíveis. De repente, uma explosão de luzes deu início ao clássico “I want out”, com os tradicionais balões cor de laranja sendo jogados para o público (algumas pessoas, inclusive, conseguiram levar um desses souvenirs para casa).

Saciados após uma aula do que existe de mais puro dentro do Power Metal, vindo de um dos criadores do estilo, o público aplaudiu o Helloween até que o último integrante fosse para o backstage.

Essa reação espontânea mostra que todos na Live Curitiba tinham noção de que essa oportunidade de ver o trio de vocalistas alemães pode nunca mais acontecer. Por isso, sem nenhum tipo de chavão, os fãs tiveram a sensação de terem presenciado um show único.

Depois do fim da apresentação, o público ainda ficou durante um bom tempo no local, tirando fotos em frente a “grande abóbora”, que permaneceu iluminada. Essa, aliás, foi outra clara atitude que mostra o respeito que o Helloween tem com os fãs, pois eles fizeram questão de dar oportunidade para que todos pudessem guardar uma lembrança do show.

Assista aos vídeos de “I want out” e “If I could fly”, gravados ao vivo no show do Helloween na Live Curitiba, e veja o nosso álbum de fotos.

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Helloween - Live Curitiba - Curitiba - Brazil - 20/4/2023 - Pri Oliveira