Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Fotos: Xavier Fernandez

O público lotou a Pedreira Paulo Leminski para assistir a uma das maiores bandas da história do Rock’n’roll



“Vocês queriam o melhor, vocês conseguiram o melhor. A banda mais quente do mundo, Kiss”. O quarteto americano se orgulha de dizer que faz o melhor espetáculo da Terra. E nenhum dos fãs do grupo, que lotaram a Pedreira Paulo Leminski na noite desta terça-feira (21), pode falar o contrário.

A apresentação teve de tudo: pirotecnia, Paul Stanley voando por cima do público, chuva, papel picado, fogo e acima de tudo o mais importante: música de excelente qualidade, pois sem isso não existe produção de um espetáculo que faça sentido.

Às 21h o grande pano com a logo da banda colocado na frente do palco desceu e, em meio a serpentinas, labaredas e gelo seco, o grupo emendou três clássicos de suas quatro décadas de estrada: “Detroit Rock City”, “Creatures Of The Night” e “Psycho Circus”. A partir daí não era preciso mais nada. O público estava aos pés do Kiss.

O fato é que poder sem controle não significa nada. Não é o caso. Tommy Thayer (guitarra), Eric Singer (bateria) e principalmente os dois frontmans da banda, Paul Stanley (guitarra e vocal) e Gene Simmons (baixo e vocal), sabem comandar seu público como poucos.

A banda seguiu o show passeando pela sua discografia, com “War Machine”, “Deuce” e “Do You Love Me”. Paul Stanley elogiou o Brasil em vários momentos, como antes de “I Love It Loud”, uma das músicas mais esperadas do show. “Essa é a primeira vez que nós tocamos em Curitiba. Nós amamos o Brasil”, disse.

Kiss Army

Um fato que chama a atenção nos shows do Kiss é a devoção dos fãs. O que se viu fora e dentro da Pedreira foram milhares de pessoas com seus rostos pintados e entusiasmadas pela chance de ver o quarteto tocar na capital paranaense. Poucas bandas no mundo, talvez só o Iron Maiden e o AC/DC, despertam tanto respeito em seu público.

O empresário Marco Antônio Paskowski (52) assistiu ao seu quinto do show do Kiss e ficou impressionando com a produção do espetáculo. “Foi o melhor show do Kiss nos últimos tempos aqui no Brasil, pode ter certeza!  Som e luzes espetaculares. Os caras realmente ainda estão em forma!”, afirmou. “Tivemos a honra de sermos brindados com esta super banda. Que voltem novamente!”, complementou.

Já o músico Daniel Danmented (39), guitarrista e vocalista das bandas curitibanas Imperious Malevolence e Axecuter, afirma que se surpreendeu com o show. “Confesso que minha expectativa não era tão grande assim. Achei que esse show seria algo como ‘comida requentada’. Mas a minha surpresa foi gigantesca! Mesmo não tendo a melhor formação, a banda continua sendo mestre no que faz. Foi emocionante ouvir músicas que até hoje fazem diferença na minha vida”, disse.

Hoje, a esmagadora maioria das bandas nacionais e internacionais procuram usar a produção de palco como uma muleta para a sua música. Danças, luzes e pirotecnia acabam escondendo as deficiências do que deveria ser o principal: a música. Felizmente, no caso do Kiss, a qualidade do trabalho da banda é amplificado pela parafernália. “O show foi mesmo um verdadeiro espetáculo. Mas o Kiss nunca foi uma banda que depende exclusivamente do visual. Suas músicas já bastariam para fãs como eu”, afirmou Daniel.



Emoção e respeito

Durante o show, todos os músicos faziam questão de chegar na beira do palco, para a alegria dos fotógrafos e do público. Paul Stanley e Gene Simmons, de forma especial, olhavam nos olhos dos fãs. Diferente de alguns artistas que preferem se colocar em um pedestal inacessível, o Kiss em seus shows faz questão de brindar a plateia com música, produção e simpatia.

Na sequência da apresentação, “Lick It Up”, uma das canções mais esperadas da noite, foi cantada por todos e resumia bem o estado de espírito da Pedreira. “A vida é como um deleite e é hora de você saboreá-la. Não há razão na Terra para desperdiçá-la”, diz a letra. Ninguém ali discordava disso.

Antes de “God Of Thunder”, Gene deu o seu show particular, cuspindo sangue e depois sendo alçado a uma plataforma perto do teto do palco. Na sequência, em “Love Gun”, Paul deu uma volta de tirolesa por cima da plateia, descendo em uma estrutura montada ao lado da torre de luz e som, no meio da Pedreira. A essa altura a chuva já havia aumentado consideravelmente, mas, estava chovendo? Certamente ninguém ali se importava com isso.

Após “Black Diamond”, a banda se retirou rapidamente do palco. Na volta, os músicos jogaram palhetas e baquetas para os fãs, agradeceram a acolhida que tiveram e tocaram “Shout It Out Loud” e “I Was Made For Loving You”, preparando o público para o grand finale. “Rock ‘n’ Roll All Nite” encerrou o espetáculo com uma chuva de papel, Simmons e Thommy dando uma “volta” por cima do público em duas plataformas que se projetaram para a frente do palco, papel picado e fogos iluminando a chuvosa noite curitibana.

Quando as luzes se apagaram para a banda sair do palco, com “God Gave Rock And Roll To You”, a emoção estampada no rosto das pessoas era latente. Mesmo quem já estava acostumado a assistir shows de bandas desse porte ficou impressionado com a grandeza do espetáculo proporcionado pelo Kiss. Sem dúvida nenhuma agora é possível dizer: A Pedreira voltou.

“Você não tem dinheiro ou um carro bacana, e você está cansado de pedir a uma estrela cadente. Você deve pôr sua fé em uma guitarra no último volume. Deus deu Rock ‘n’ Roll para você, pôs na alma de todo mundo”, diz a letra. Após uma noite tão espetacular, nada mais é preciso.

Confira vídeos de “Detroit Rock city”, “Creatures of the night” e “I love it loud”.

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