Texto: Marcos Anubis
Revisão: Pri Oliveira
Fotos: Gustavo Garrett

Apesar dos problemas de saúde que Lemmy vem enfrentando, a banda inglesa fez um grande show e recebeu o reconhecimento que merece


“We are Motörhead and we play Rock‘n’roll!”. Qualquer fã de Heavy Metal que se preze respeita e admira o autor dessa frase. Lemmy Kilmister e seus companheiros do Motörhead ajudaram a consolidar o que hoje nós chamamos de Heavy Metal. E na última terça-feira (28) na abertura da Monsters Tour, a Pedreira Paulo Leminski viu o trio dar mais uma amostra do que melhor sabe fazer: Metal sem firulas, puro.

O show

Em 1996, no mesmo Monsters Of Rock, eu vi pela primeira vez o Motörhead. Na ocasião, a banda tocou no Estádio Couto Pereira ao lado do Skid Row, Helloween e do Iron Maiden, na época com o vocalista Blaze Bayley.

A tour ainda fazia parte do álbum “Sacrifice”, lançado no ano anterior, pois o trabalho seguinte, “Overnight Sensation”, sairia somente dois meses depois. Na época, o respeito que os bangers curitibanos demonstraram por Lemmy Kilmister (baixo e vocal), Phil Campbell (guitarra) e Mikkey Dee (bateria) já me impressionou. Em 2009 no Master Hall o trio recebeu novamente o carinho dos fãs. E nesta terça-feira, quase 20 anos após a primeira vinda do grupo a Curitiba, essa atitude se repetiu ainda com mais força.

Na chegada ao palco, Lemmy foi ovacionado pelo público que lotou a Pedreira. Os motivos iam além da música. Não bastasse a expectativa por receber mais uma vez um dos alicerces do Metal, outro fato preocupou os fãs. No domingo anterior (26) a banda não realizou seu show em São Paulo e o motivo alegado foi que seu vocalista e baixista sofreu um forte distúrbio gástrico.

Por conta disso a apresentação em Curitiba estava sob dúvida e a confirmação da presença do Motörhead só reforçou a importância histórica do evento. O motivo é que ele reuniria, além do grupo inglês, mais dois gigantes do estilo: Judas Priest e Ozzy Osbourne.

“Shoot You In The Back” abriu a apresentação. Na sequência vieram “Damage Case”, “Stay Clean” e “Metropolis”. Essa é uma das melhores canções do repertório do Motörhead e foi apreciada com entusiasmo pelos fãs mais antigos do grupo.

A letra, inclusive, parecia profetizar a barbárie que aconteceria no dia seguinte no Centro “Cívico”, em Curitiba. “Metrópole, os mundos colidem e ninguém poderia estar do seu lado. Eu não me importo…”. Qualquer semelhança com a realidade pode, ou não, ser uma mera coincidência.

Antes de “Rock It”, Mikkey Dee se levantou e pediu a participação do público. Um coro de “Lemmy” ecoou entre os paredões da Pedreira. Mesmo acostumado com plateias gigantescas em todo o mundo, o carinho dos curitibanos parece ter tocado o coração e emocionado o veterano. Na parte final da apresentação “Going To Brazil” e “Ace Of Spades” levantaram de vez o público.



Um estilo de vida

O que mais impressionou na apresentação foi o prazer com que Lemmy ainda se entrega ao seu ofício, o Heavy Metal. Mesmo com as limitações físicas que vem enfrentando nos últimos anos, ele parece claramente querer dedicar toda a sua vida ao palco, à sua banda e seus fãs. Quantos artistas atuais demonstram tanto apreço ao que fazem?

Após uma breve saída do palco, o trio voltou sob os gritos da plateia. “Eu vou dizer uma coisa para vocês: Eu adoro o Brasil. Eu adoro a América do Sul, mas gosto demais do Brasil. É o único lugar onde eu transei com uma menina no banco traseiro de um táxi”, disse Lemmy.

Em seguida ele apresentou os músicos. “À minha direita, em algumas ocasiões à minha esquerda, Phil Campbell, 30 anos de Motörhead. Na bateria, Mikkey Dee, 20 anos de Motörhead”, disse. Em seguida foi a vez de Campbell apresentar seu companheiro. “Quero ouvir muito barulho! Este é o maravilhoso senhor Lemmy Kilmister”, gritou.

Feitas as formalidades, o vocalista novamente tomou a palavra. “Vocês foram uma excelente plateia nesta noite. Nós amamos vocês. Nós somos o Motörhead e nós tocamos Rock ‘n’ Roll! Não esqueçam de nós!”, pediu.

A frase dita por Lemmy antes de “Overkill”, que encerrou o show, soou com uma “ironia séria” nos corações e mentes dos que acompanham a trajetória do Motörhead. Era possível perceber a emoção que os fãs mais antigos sentiram ao ouvi-la. O motivo é um só. Afinal, o que teremos no cenário da música mundial quando monstros do porte de Lemmy, Ozzy ou Halford já não estiverem entre nós?

Assista a três vídeos da apresentação do Motörhead: “Going to Brazil”, “Ace Of Spades” e “Overkill”.

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