Texto: Marcos Anubis
Fotos e revisão: Pri Oliveira

CAPA NOITE 1 PSYCHO CARNIVAL 2019

A vigésima edição do festival Psycho Carnival, que foi realizada entre os dias 1º e 4 de março no Jokers Pub, em Curitiba, foi uma grande celebração da cena independente brasileira. Afinal, manter um evento vivo durante duas décadas no Brasil, com todas as dificuldades econômicas envolvidas, é um fato sem precedentes.

O evento reuniu 24 bandas de quatro países diferentes (Brasil, Argentina, Suécia e Hungria). Essa edição marcou o início de uma mudança de rumo com a inclusão de duas importantíssimas bandas punk brasileiras,  Garotos Podres e  Agrotóxico. Essa atitude de abrir o festival incluindo um número maior de bandas de outros estilos, sem perder a essência de um evento voltado ao Psychobilly, é uma tendência que deve ganhar força nos próximos anos.

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Psycho Daime

O trio curitibano Psycho Daime abriu a 20ª edição do Psycho Carnival. Apesar de ter sido a estreia da banda no festival, o grupo passa longe de ser um novato. Afinal, Bruno Rocker (guitarra e vocal), Jeff Domingos (baixo) e Sandro Psychomonster (bateria) são músicos conhecidos e experientes dentro da cena psychobilly curitibana.

A banda iniciou a apresentação com “It’s Daime time”, “Amazon monsters” e “Licking frog”. O setlist do show ainda teve músicas autorais que, mesmo com o pouco tempo de vida do Psycho Daime, já fazem parte do repertório do grupo, como “Black hole bomb”, “Macumba twist” e “UFO on the warm”.

A temática musical do Psycho Daime tem como base o Psychobilly tradicional, com guitarras e vocais mais limpos e sem muita distorção, mas também apresenta um toque da percussão brasileira nas levadas de bateria de Sandro Psychomonster.

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A apresentação contou com a participação do guitarrista do Didley Duo, Breno, interpretando uma versão Psychobilly para “Roots bloody roots”, do Sepultura. Breno toca intrumentos que são chamados de Diddleys Bows (construídos com materiais inusitados, entre eles, uma viga de telhado e uma pá, ”equipados” com uma só corda de guitarra).

“Psycho Daime” encerrou a apresentação. “Foi bem legal porque tivemos uma boa aceitação do público. A partir de agora, nós vamos entrar em estúdio para gravar um EP e, em seguida, um CD. Depois vamos cair na estrada!”, diz Sandro Psychomonster. Leia neste link uma entrevista com a banda.

Confira a música “Macumba”, gravada ao vivo na primeira noite do Psycho Carnival, e veja também o álbum de fotos da apresentação.

Psycho Daime - Psycho Carnival 2019

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Mongo

Pelo terceiro ano seguido, o Mongo fez parte da programação do festival. G-Lerm (vocal), Ariton (guitarra), Matheus Moro (bateria) e Ricardo Crespo (baixo) abriram o show com “House of the dead” e “Timmy – La banda de um hombre”. O setlist do show também teve faixas do primeiro EP lançado pelo grupo, “I Die at Midnight” (2018), a tradicional versão da banda para “I will survive “, da cantora Gloria Gaynor, e a nova “Dark night”.

Seguindo a linha de bandas como o King Kurt, o Mongo faz uma apresentação sempre descontraída. O grupo se diverte muito no palco e, consequentemente, essa energia acaba empolgando também o público.

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“Jungle beat”, “Altered state of mind” e “M.O.N.G.O.” encerraram a apresentação. “Todas asvezes que nós tocamos no Psycho Carnival, acabamos saindo com energia revigorada! É fantástico divertir o público!”, diz Matheus. Leia neste link uma entrevista com a banda.

Confira a música “House of the dead”, gravada ao vivo no na primeira noite do Psycho Carnival, e veja também o álbum de fotos da apresentação.

Mongo - Psycho Carnival 2019

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Kingargoolas

Apesar de basear as músicas na Surf Music, o Kingargoolas também apresenta influências de outros estilos musicais. Ao vivo, a banda toca de forma bem pesada, mas sem abrir mão da melodia e das guitarras mais limpas.

Na quarta apresentação da banda na história do festival, Mackey (guitarra e theremin), Arêdes (guitarra), Joerto (baixo) e Cerso (bateria) abriram o show com “Lambreta sunburst”, “Corra, Carlos, corra!” e “Dirty plexus”. No setlist, a banda apresentou canções já conhecidas, como a fantástica “Fórceps Poseidon”, e músicas do EP “Dr. Gori is a Tiki”, lançado no ano passado, como “Redemption road”.

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Como sempre acontece nos shows do Kingargoolas, o theremin chamou muito a atenção de quem ainda não conhecia o som do grupo. O instrumento é composto por uma base de madeira ou plástico em que são fixadas duas hastes de ferro. Quando o músico aproxima as mãos dessas hastes, um som diferente é criado. Quanto mais próximo, mais agudo ele será.

“Fórceps Poseidon”, “Tarantella tarantinesca” e “Acme speed dynamite” encerraram a apresentação. “O show superou nossas expectativas. O som estava excelente, e a recepção do público foi melhor do que pensamos. Ficamos lisonjeados em participar de mais uma edição do Psycho Carnival”, diz Cerso. Leia neste link uma entrevista com a banda.

Confira a música “Saturn safari”, gravada ao vivo na primeira noite do Psycho Carnival, e veja também o álbum de fotos da apresentação.

Kingargoolas - Psycho Carnival 2019

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Tampa do Caixão

A banda catarinense Tampa do Caixão se apresentou pelo 5quinto ano seguido no festival. O impressionante é que, a cada ano, o grupo faz um show mais pesado e mais rápido. Bronco Billy (vocal), Vitor Borba (guitarra), Testa VooDoo Rocker (baixo) e Patrick Voodoo Beat (bateria) abriram o show com “Macumba”, “Tampa do caixão” e “Dorey pleasure”. O setlist ainda teve a nova “Psycho sado” e as já conhecidas “Filhos de Satan” e “Tô cavando a tua cova”.

Como é de praxe nos shows do Tampa, a banda desde o início estabeleceu uma conexão direta com o público, principalmente por causa da postura do vocalista Bronco Billy, que é um dos maiores frontmen do Psychobilly brasileiro.

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“Um soco vale mais que mil palavras” encerrou o show. “Foi fantástico porque nós tivemos a resposta que esperávamos da galera: aquela quebradeira infernal com o público agitando demais”, diz Bronco Billy. Leia neste link uma entrevista com a banda.

Confira a música “Tampa do caixão”, gravada ao vivo na primeira noite do Psycho Carnival, e veja também o álbum de fotos da apresentação.

Tampa do Caixão - Psycho Carnival 2019

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Agrotóxico

A banda paulista Agrotóxico, um dos grandes nomes do Punk Rock brasileiro, fez uma estreia de gala no Psycho Carnival. Marcos (guitarra e vocal), Arthur (guitarra), Jeff (baixo e vocal) e Fernanda Terra (bateria) abriram o show com “Números de guerra”, “G7” e “Lobotomia geral”. O setlist do show também reuniu músicas que marcaram os 25 anos de estrada da banda, entre elas, “Fim do mundo” e “Eles não vão parar”.

O grupo tem uma presença de palco impressionante, que contagiou o público presente no Jokers. As letras do Agrotóxico abordam temas sociais muito relevantes no Brasil atual e, para quem ainda se preocupa com a mensagem do som que está ouvindo, as canções da banda são um prato cheio para a reflexão.

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O show marcou a estreia de Fernanda ao vivo com a banda, e a performance dela foi impressionante. Unindo precisão, punch e uma pegada pesadíssima, a baterista deixou as músicas do Agrotóxico ainda mais contundentes.

“Vozes da periferia”, “Marcas da revolta” e “A beira do caos” encerraram a apresentação. “Apesar da conexão entre o Punk e o Psychobilly, não sabíamos como o público do Psycho Carnival reagiria ao nosso show e ficamos muito felizes com a receptividade. Além disso, como já esperávamos, a organização do festival e a equipe do Jokers foram sensacionais. Somos gratos ao Psycho Carnival e a todo público presente e esperamos voltar um dia”, diz Marcos. Leia neste link uma entrevista com a banda.

Confira a música “Fim do mundo”, gravada ao vivo na primeira noite do Psycho Carnival, e veja também o álbum de fotos da apresentação.

Agrotóxico - Psycho Carnival 2019

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Os Catalépticos

O trio curitibano Os Catalépticos, um dos nomes mais respeitados do Psychobilly em todo o mundo, encerrou a primeira noite do festival. Assim com ocontece com os também curitibanos Ovos Presley e Sick Sick Sinners, qualquer show d’Os Catalépticos é um grande encontro de celebração da cena local.

Hoje, essa sinergia é ainda mais forte porque a banda ficou parada durante 12 anos e só retomou as atividades em 2017, em um show no próprio Jokers. A partir daí, o grupo fez três apresentações nos Estados Unidos e uma no México, todas como headliner.

Vlad Urban (vocal e guitarra), Gustavão (baixo) e Mutant Cox (bateria e vocal) abriram a apresentação com “Demented simptoms”, “One more tattoo” e “A gift for you”. O setlist do show ainda teve vários clássicos da banda, como “Entrance to hell”, “Cannibal Holocaust”, “Henry” e “Hot rod funeral”.

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No próximo dia 3 de julho, Os Catalépticos farão parte da homenagem ao Psycho Carnival organizada pelo festival Psychobilly Meeting, que acontece na cidade de Pineda de Mar, na Espanha. A noite foi batizada de “Pineda Psycho Carnival – Brazilian Psychobilly Night” e também reunirá as bandas curitibanas Sick Sick Sinners e Hillbilly Rawhide, além do The Mullet Monster Mafia, de Piracicaba. O Psychobilly Meeting é simplesmente o maior evento do mundo dentro do estilo.

“Gambling”, “Hearse driver” e “When the sun goes down” encerraram a apresentação. “O show superou nossas expectativas. Como sempre, o público estava quente e a única coisa que tivemos que fazer foi jogar mais gasolina naquele fogaréu. Saímos do palco com a sensação de dever cumprido e para nós foi nosso melhor show desde a volta. Mais um Carnival pra ficar para a história!”, diz Gustavão. Leia neste link uma entrevista com a banda.

Confira a música “Psychobilly is all around”, gravada ao vivo na primeira noite do Psycho Carnival, e veja também o álbum de fotos da apresentação.

Os Catalépticos - Psycho Carnival 2019